2. Neve e Falsos Pedidos

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//Quem Casa Quer Casa//

2. Neve e Falsos Pedidos

Lena

Estava a nevar.

Vi isso pelo casaco do individuo que acabara de entrar. Era um daqueles casacos grossos que se usava no inverno e, estava completamente cheio de neve.

Olhei para ele. Era alto,jovem,airoso,tinha ombros largos e estava coberto de roupa. É claro que está, estamos no inverno,pensei revirando os olhos à minha própria ignorância.

No momento em que os meus olhos reviraram o rapaz olhou para mim com uma sobrancelha morena erguida. Devia ter pensado que era para ele. Boa.

" Deve ser o Senhor Fraser. Prazer em conhece-lo. Sou a Senhora Jackson," exclamou a velhota enquanto estendia a sua mão robusta.

Olhei para o rapaz e fiquei grata quando vi o mesmo olhar confuso que eu ofereci a esta senhora. Com o sobrolho franzido este apertou a mão da Senhora Jackson," Prazer em conhece-la, mas deve haver aqui um engano." tinha uma voz rouca,grossa e reparei que falava devagar.

"Um engano?" a mulher fitou-nos e cerrou os lábios.

"Sim, minha senhora. O meu nome não é Fraser," o estranho usava um tom respeitável e um sorriso amigável no rosto,o que achei ambos desconfiáveis. Não era todos os dias que se via rapazes educados. Pelo quanto do olho este deu um pequeno olhar na minha direção ao qual eu ignorei.

"Não?" mas será que a pobre mulher não percebia. O meu nome não era Fraser, apesar de não desgostar da ideia e,pelos vistos o deste miúdo também não.

"Não, senhora Jackson. Mas eu falei consigo à uns dias, sobre o apartamento," moveu a mão em redor e retirou o gorro azul que usava. Provavelmente devia dizer algo, mas estava bastante intrigada com a conversa daqueles os dois.

"Falou? Bem, eu peço desculpa.Só me lembro de falar com um casal e outra pessoa. Sabe na minha idade a memória já não é o que era. O meu perdão," deu um pequeno risinho e indicou ao rapaz que a segui-se.

Com isso ele passou por mim. O quê? Não!É a mim que ela devia estar a mostrar o apartamento. É comigo que ela devia discutir quando é que me vou mudar e os preços. Essa merda toda! Não com o patife que acabou de entrar pela porta dentro. Não, não,não!!!!

"Não, espere!" gritei fazendo com que os dois olhassem para mim. A senhora Jackson olhou para mim com olhos arregalados e o miúdo levantou, de novo, a sobrancelha.Devem ter-se esquecido de mim. Cabrões." Fui eu quem lhe ligou. Não ele!" apontei para o moreno, apesar de saber que isso é feio.

Houve um silêncio longo entre os três. A velhota olhava entre nós com tanta confusão, que até me apeteceu abraçar a pobre coitada. A memória estava-lhe mesmo a falhar. Eu ia começar a explicar-lhe tudo. O facto de eu e aquele individuo não sermos um casal, o facto de ele ser um ladrão qualquer que lhe queria roubar a casa e o facto de ter sido eu a ligar-lhe. Eu ia explicar, mas não pude porque o moreno começou a rir. Será que ele está bem?

Ele riu e riu com as suas duas covas e os seus dentes direitos e brancos. Mas quando parou virou-se para a senhora Jackson e colocou a sua mão no ombro dela," Eu já percebi o que se passa aqui, minha senhora. Mas não se preocupe que eu vou resolve-lo." brindou-a com mais um sorriso e pediu que nos desse um momento a sós. Como tal a Senhora Jackson assim o fez.

O desconhecido avançou até a mim e desviei os meus olhos castanhos. Eu era simpática mas não gostava de ladrões. Colocou o seu corpo à frente do meu e olhou para a minha face. Conseguia sentir o seu olhar percorrer o meu corpo mas não disse nada, apenas cruzei os braços ao peito e olhei para ele. Eu estava convencida que o conseguiria intimidar com a minha confiança, mas assim que vi a sua altura quase que me mijei toda. Quer dizer para mulher eu não me considerava baixa, mas porra ao lado dele sentia-me a mais pequena delas todas.

Quem casa quer casa [h.s.]Onde histórias criam vida. Descubra agora