Capítulo 3 - Sob a proteção da flecha da Rainha

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Ao adentrar a tribo, meus olhos percorreram o local, tentando captar cada detalhe. A vila era formada por uma série de casas de madeira e pedra, com telhados reforçados de palha e couro para enfrentar o frio rigoroso de Freljord. As estruturas, embora simples, eram sólidas e bem cuidadas, e por toda parte se viam símbolos tribais esculpidos na madeira, representando animais e forças da natureza, evidências de uma cultura profundamente conectada com o ambiente gelado ao redor.

As pessoas da tribo se moviam com propósito, suas vestes pesadas de pele protegendo-os do frio. Observavam-me com um misto de curiosidade e desconfiança, mas não havia hostilidade. Eu podia sentir que cada indivíduo ali tinha um papel específico na sobrevivência da tribo, e que todos trabalhavam em harmonia. O ambiente era comunitário, e um leve sorriso ou um aceno respeitoso eram suficientes para transmitir o respeito mútuo que compartilhavam.

Ashe e Tryndamere, era como meus guias se chamavam, eram figuras de liderança evidentes. Descobri logo que eram pessoas importantes e de posição alta na hierarquia daquela tribo, devido a reverência com que as pessoas os olhavam. Ashe caminhava com uma graça natural, e, embora sua expressão fosse geralmente serena, havia uma firmeza em seus gestos. Ela parava ocasionalmente para trocar palavras com alguns moradores, tranquilizando-os com palavras de incentivo e ouvindo suas preocupações. Tryndamere, em contraste, era uma presença poderosa e imponente, sua postura forte e protetora chamando a atenção de todos ao redor. Ele mantinha um olhar vigilante, mas também trocava cumprimentos com a tribo, oferecendo segurança e confiança.

Finalmente, chegamos a uma cabana menor, com um símbolo curvado sobre a entrada, indicando que era a morada de uma curadora. Fui levado para dentro e, após uma breve conversa com Ashe e Tryndamere, uma curadora de olhos gentis e mãos firmes começou a tratar meus ferimentos. O toque dela era habilidoso, e o calor de suas ervas e unguentos trazia um alívio imediato. Era uma cura simples, mas essencial, e me permitia finalmente relaxar após dias de tensão.

Assim que os curativos foram aplicados e depois de repousar um pouco, Ashe e Tryndamere voltaram. Sentaram-se comigo ao redor da lareira, suas expressões sérias, mas interessadas. Ashe foi a primeira a falar, sua voz firme, mas com uma certa delicadeza.

"Você luta bem, estrangeiro," disse ela. "Mas é raro ver um guerreiro sozinho em terras tão perigosas. O que o trouxe a Freljord?"

Hesitei. Era minha missão, meu segredo, e eu não tinha certeza de quão confiável eles seriam. Mas algo no olhar de Ashe me inspirava confiança, e Tryndamere parecia uma rocha inabalável, como se não houvesse espaço para traição em sua presença. Respirei fundo e comecei a contar minha história.

"Venho de Ionia," disse, observando a surpresa momentânea em seus rostos. "Nossa terra já foi invadida uma vez por Noxus, e temo que possa acontecer novamente. Ouvi rumores sobre algo chamado de Runas Globais, um poder que poderia proteger meu lar. Dizem que estão sob a guarda de um mago poderoso... chamado Ryze."

Ashe e Tryndamere trocaram um olhar breve. Era claro que o nome não lhes era desconhecido, mas também não parecia haver uma certeza. Tryndamere franziu o cenho e olhou para Ashe, como se ponderassem o peso das minhas palavras.

"Runas Globais..." Ashe murmurou, refletindo. "Há rumores de muitos segredos nas profundezas de Freljord. Alguns dizem que Ryze já foi visto por essas terras. Outros mencionam uma caverna, mais ao norte, selada por uma magia antiga. Mas... ninguém realmente se aproximou. Esse lugar é conhecido por ser protegido por forças que ninguém compreende."

"Uma caverna ao norte?" repeti, esperançoso. "Podem me dar alguma direção para encontrá-la?"

Ashe assentiu, mas havia preocupação em seu olhar. "Não é um lugar seguro, estrangeiro. Há forças em Freljord que até os mais fortes evitam. E as lendas dizem que qualquer um que busque o poder absoluto acabará encontrando a própria destruição."

Tryndamere apenas observava, como se medisse minha reação. "Mas se essa é sua escolha," disse ele, "podemos ajudá-lo com o que precisa para a jornada."

Agradeci com um aceno, compreendendo que eles já haviam me dado mais do que eu esperava. E assim, após um breve silêncio, nossa conversa terminou. Ashe e Tryndamere saíram, deixando-me para descansar em um cobertor próximo à lareira, onde o calor me envolveu e me permitiu finalmente fechar os olhos.

Na manhã seguinte, após uma noite de sono pesado e reparador, acordei com uma nova sensação de força e determinação. Ashe me aguardava do lado de fora, trazendo uma pequena bolsa com suprimentos - frutas secas, carne salgada e uma capa pesada para suportar o frio intenso. Tryndamere se limitou a um aceno de respeito, e com poucas palavras, agradeci a ambos.

Com minha armadura ajustada e os suprimentos em mãos, segui pela neve densa. A cada passo, o norte me chamava, e o que quer que eu encontrasse lá, sabia que seria um teste como nenhum outro.

Rayfel e o Guardião das Runas PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora