Rayfel e o Guardião das Runas Perdidas

Capítulo 2 - O gelo e o fogo da batalha

O ar gelado cortava como lâminas finas, e a neve espessa tornava cada passo uma tarefa árdua. O peso das semanas de viagem me pressionava, mas minha determinação me mantinha em movimento. O propósito de minha missão era o que aquecia minha alma, mesmo com o corpo em constante desgaste.

Enquanto avançava, uma sensação de alerta me tomou. O vento gélido trazia consigo algo mais, uma presença forte e animalesca. Senti o chão vibrar levemente, como se estivesse sendo golpeado por patas pesadas e firmes. De repente, três figuras imensas emergiram do nevoeiro, seus olhos brilhando com um vermelho feroz. Ursines. Predadores ferozes de Freljord, cada um com a altura de duas vezes um homem, revestidos de pelagem grossa e garras afiadas como adagas.

Eles avançaram, rugindo de forma tão ensurdecedora que o próprio ar pareceu vibrar. Senti minha respiração acelerar, mas não hesitei. Concentrei minha energia, formando uma aura arcana ao redor de meu corpo, uma camada de energia que cintilava com uma luz azul etérea, me envolvendo como uma proteção mística. Sentia a magia me fortalecer, como se cada célula fosse reforçada pelo poder arcano.

O primeiro Ursine se lançou sobre mim, suas garras gigantescas prestes a rasgar minha carne. Desviei para o lado no último instante e invoquei uma espada de energia em minha mão direita, sua lâmina brilhando com intensidade. Dei um passo à frente e desferi um golpe com precisão, acertando o flanco da criatura. Ela recuou com um rugido de dor, mas isso apenas pareceu enfurecê-la mais.

Os outros dois Ursines cercaram-me, seus olhares predatórios fixos em mim. Pressenti que estavam prestes a atacar ao mesmo tempo e, em um impulso, canalizei minha magia para ativar a Passagem Arcana. Em um instante, me movi através de uma fenda mística, aparecendo alguns metros à frente e escapando do ataque. Os Ursines rosnaram, confusos por um breve segundo, e foi nesse momento que lancei adagas de energia. Três lâminas de luz cintilante surgiram flutuando ao meu redor da minha mão e dispararam, atingindo o ombro do Ursine à minha esquerda e se cravando em sua carne espessa.

O Ursine cambaleou, mas o outro estava pronto para contra-atacar. Ele avançou com velocidade surpreendente, e antes que eu pudesse reagir, senti suas garras rasparem na minha lateral, se não fosse a armadura que meu amigo havia me presenteado, o golpe teria me rasgado ao meio, entretanto ainda abriu um corte que ardia com o toque frio do sangue contra o vento gelado. O impacto me fez recuar, mas com um movimento rápido, ergui minha espada de energia e desferi um golpe em arco, acertando o braço da criatura.

Agora cercado, a situação parecia cada vez mais desesperadora, mas minha determinação superava o medo. Respirei fundo e deixei a aura arcana pulsar com ainda mais força, intensificando a energia que envolvia meu corpo. Uma onda de poder irradiou de mim, empurrando os Ursines para trás por alguns instantes, mas não por muito tempo.

O maior dos três Ursines avançou novamente, erguendo-se sobre as patas traseiras e preparando um golpe brutal. Sabia que, se ele me atingisse, poderia ser fatal. Concentrei toda a minha energia na espada e, no momento em que ele desceu com suas garras, bloqueei o ataque com a lâmina de energia, a força do impacto enviando uma onda de choque que fez a neve ao nosso redor voar.

Utilizando o impulso, girei e cravei a espada diretamente no peito do Ursine. Ele soltou um rugido gutural e recuou, seus olhos vermelhos perdendo o brilho. Mas os outros dois ainda estavam de pé, famintos por vingança.

Rapidamente, me virei e, com um movimento decidido, lancei outra série de adagas de energia na direção deles. As lâminas brilhantes se cravaram no segundo Ursine, que urrou de dor, mas ainda avançava. Ele saltou sobre mim, e tudo que pude fazer foi ativar novamente a Passagem Arcana, deslocando-me alguns metros atrás dele. Aproveitando sua surpresa, concentrei toda a minha energia na espada e golpeei a criatura pelas costas, derrubando-o em um último rugido de agonia.

Restava um. O terceiro Ursine, observando seus companheiros caídos, hesitou. Mas, com um último impulso de fúria, ele investiu contra mim. O cansaço já pesava em meus músculos, e cada respiração era uma luta. Mesmo assim, ergui minha espada uma última vez. Quando o Ursine estava prestes a me atingir, concentrei toda a energia que me restava na lâmina e quando ele saltou para me atingir, deslizei por debaixo e cravei minha espada nele, atravessando o peito da criatura.

Um silêncio pesado caiu sobre a floresta. As três criaturas jaziam no chão coberto de neve, enquanto meu corpo se desfazia da aura arcana, e a dor e o cansaço se instalavam. Minhas forças estavam no limite, e o ferimento no meu flanco pulsava de dor. Cai de joelhos, ofegante, o ar gélido queimando minha garganta.

Foi nesse momento que ouvi passos suaves sobre a neve. Levantei a cabeça com dificuldade e vi duas figuras se aproximando. Uma mulher alta, com cabelos prateados e olhos determinados, segurando um arco longo e elegante. Ao seu lado, um homem de postura forte e imponente, segurando uma grande espada.

A mulher inclinou-se levemente para me observar com curiosidade. "Você é corajoso por enfrentar três Ursines sozinho. E parece que tem alguma habilidade também," disse ela, com uma voz suave, mas firme.

"Venha, precisa de cuidados," falou o homem ao seu lado, estendendo a mão para me ajudar a levantar.

Aceitei o gesto, grato, mas minha mente ainda estava alerta. Não sabia quem eram as duas figuras que haviam me oferecido ajuda, mas algo em suas posturas e no respeito com que observaram minha luta despertava minha confiança. Eles me ajudaram a ficar de pé e, com passos cuidadosos, me guiaram pela neve até a segurança de sua tribo. Ali, talvez, eu pudesse finalmente descansar e me recuperar - e, quem sabe, encontrar pistas sobre as Runas Globais que eu tanto buscava.