Capítulo 05.

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Musa 🍇

Morro da Maré - RJ

Esse calor ta absurdo. Mal começo o dia e já tô ensopada. E pra melhorar o Alemão tá  grudado em mim, o braço pesado na minha cintura. Já falei mil vezes pra ele dormir no outro quarto, mas quando ele vai, toda madrugada ele aparece, sem fazer barulho, deita aqui e dorme colado.

A verdade é que brigar com ele nessa situação é quase um desafio perdido. Esse corpo todo definido, o rosto de moleque misturado com a marra... é minha perdição.

Começo a tentar tirar o braço dele da minha cintura. Ele resmunga e aperta mais forte, ignorando completamente minha tentativa de escapar.

Musa: Já falei pra você dormir no outro quarto. Tira o braço, vai.

Alemão: Fala sério, Musa, para de caô e fica aqui. Vai fica de marra até de manhã?

Musa: Marra? Tô só mandando você pro teu canto. Se liga e vai, Alan.

Ele solta um suspiro alto, mas nem se mexe.

Alemão: Tu quer arruma confusão essas horas?  Só queria dormir contigo, namoral. É pedir muito?

Musa: Engraçado, né? Ontem falo pra mim me virar, que queria o carregamento até hoje de tarde pro baile, e agora ta querendo que eu fique deitada sabendo que tenho coisa pra resolver? Se liga

Alemão: Papo reto, Musa? O baile tá garantido, e o mundo não vai despencar se tu der essa moral pra mim, só mais uns minutos. Dá uma moralzinha, vai.

Reviro os olhos e, antes que eu possa responder, ele me puxa de novo, mais forte, me prendendo.

Musa: Se fode, Alan. Cê quer tudo no teu tempo, mas quando é no meu, vem com caô, né?

Levanto da cama, cheia de ranço de discussão atoa, vou direto pra cozinha, onde o cheiro do café me dá um alívio. Dou o primeiro gole, sentindo o calor acalmar, e logo ouço ele vindo atrás de mim, só de bermuda, com cara de quem tá pronto pra continuar arrumando confusão.

Alemão: Pega leve, Musa. Os bagulho pro baile já ta difícil e tu fica me deixando de cabeça quente. Não precisa dar uma de descontrolada agora. — Ele pega uma caneca e se serve.

Musa: Presta atenção, Alemão. Não é "dar uma de descontrolada", é resolver o que tem que ser resolvido.

Ele fica me olhando de canto, achando graça. Sei que hoje vai ser difícil.

🍂

Depois que tomei café, me arrumei e vim pro galpão, tô aqui a uma cota já, resolvendo tudo pros preparativos do baile. Penélope e Baralho chegaram aqui do nada e já começaram a discutir, e pra melhora Baralho trouxe o Alemão pra ajuda ele. Minha cabeça tá faltando explodir e os dois não para.

Baralho: Musa, tu acha mermo, mas sem k.o que eu tenho coragem de trair a Penélope?

Musa: Não me mete nisso. Resolva entre vocês e de preferência que não seja aqui!

Penélope charmosa: Se eu descobrir qualquer coisinha, tu vai ver o que te acontece Baralho.

Aproveito a oportunidade e entrego uma lista de quem deve pra Penélope, antes que o caos aumente.

Musa: Os nomes tão aí, não deixa nenhum passa batido. — Ela me olha, dá um sorrisinho e me beija no rosto.

Penélope charmosa: Valeu, more. Mais tarde a gente vai conversar Baralho — ela pega a folha, faz um sinal pra um garoto e saí.

Ela deve ta ensinando ele, pra começa na cobrança também.

Baralho: Ta vendo Alemão, na moral, essa mina tá virando um cão. Cada dia tá mais sinistra. Culpa tua Musa, tinha que ser sua cria!

Alemão: Fica suave, irmão. Elas são desse jeito mermo, ainda ta de boa. Aproveita enquanto tão no começo, daqui pra frente só engrossa, acredita.

Musa: Cria minha nada filho, ela só não e otária!

Baralho: Musa, a rapaziada toda ta ciente que quem e a mãe do teu grupo e tu, mermo sendo uma das mais nova. A rapaziada te respeita, geral sabe disso.

Solto um suspiro, preciso termina de arrumar uma coisas e não fica de papinho.

🍂

Consegui terminar o que tinha que terminar, e vim o mais rápido possível pro treino, sei que e dia de baile, mas como sempre, prefiro treino. E novamente briguei com o Alemão, ele cismo que eu e o Th, o cara que me ajuda pra caralho no galpão, temos algumas coisa.

Falei umas poucas e boa pra ele.

Bom, achei que o lugar iria tá mais vazio, mas tem até que bastante gente, já fizemos o aquecimento, as técnicas e já fui pro ringui, agora tô descansando, pra poder ir embora, tô morta.

Luizão: A primeira pessoa no tráfico que troca o baile pelo treino — Ele senta ao meu lado.

Musa: Mestre, você sabe muito bem que eu prefiro isso aqui. O baile pode esperar —Ele balança a cabeça, sorrindo.

Nem chamo ele de treinador, muito menos de professor. Pra mim, é mestre mesmo, coisa que peguei de outras artes marciais. Mas ele já falou que tanto faz, pode chamar de mestre, treinador, até pelo nome, o que importa pra ele é ver que a gente realmente tá aprendendo.

Luizão: Você leva jeito, garota. Se um dia resolver sair dessa vida, tem um caminho pra seguir — Dou uma risada baixa, meio sem humor.

Musa: Saí dessa vida não tão fácil quanto parece, e você mesmo sabe disso. — Ele suspira, colocando a mão no meu ombro.

Luizão: Eu sei, filha. Mas recomecei do zero e consegui. Sei que você também é capaz. Só que, bom... sua função é muito maior do que era a minha, e o fato de ser mulher de chefe só complica ainda mais. Mas, enfim, boa noite, filha.

Musa: Boa noite, mestre.

Pego minhas coisas e saio da quadra e vou em direção ao meu carro. Eu nunca pensei em sair dessa vida, não vou mentir. Já estou tão enraizada nisso aqui, sair agora seria quase uma loucura.

Aqui, eu tenho tudo o que quero. Mas também já fiz muita merda pra querer largar tudo agora. É tarde demais pra arrependimento.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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