Capítulo 3: O Veneno nas Sombras

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As únicas coisas que você ouve nas ruas de Zaun são os sons abafados de máquinas antigas, o vapor sibilando nas frestas e, vez ou outra, gemidos de pessoas perdidas. Estou passando perto de um dos becos que eles chamam de Colméia dos Viciados - um local onde aqueles que caíram nas garras da cintila se amontoam, em busca de uma última dose. Eles não causam problema para ninguém... a não ser para eles mesmos. A maioria está perdida demais para sequer notar minha presença. Mas hoje, o cheiro de medo mistura-se ao de químicas e desespero.

Então, escuto. Passos firmes, militares.

Agacho-me, mantendo-me nas sombras, e vejo cinco soldados dos Barões surgirem no beco. Armados e prontos, parecem caçadores prestes a sacrificar suas presas. Os viciados mal têm forças para correr ou entender o perigo que se aproxima. Só observam, os olhos vazios de esperança, mas agora acesos pelo medo. Mas por que eles estariam aqui? Esses soldados não desperdiçariam munição com viciados a menos que... a menos que eles tivessem ouvido algo. Visto algo. Algo que os Barões querem apagar.

Meus punhos se cerram, e sinto o calor familiar da raiva subindo. A lâmina Hextec pulsa no meu pulso, e já sei o que tenho que fazer.

Os soldados falam entre si, rindo enquanto apontam para os viciados, jogando piadas venenosas. Um deles ergue a arma. Eles estão prontos para limpar o local - como se fossem apenas tirar um lixo das ruas.

Eu me movo como uma sombra.

O primeiro soldado não tem tempo para reagir. Eu caio sobre ele com a lâmina em punho, e aplico um corte furtivo como um flash. A lâmina Hextec corta profundamente, um único golpe, e ele desaba com os olhos arregalados, sem entender de onde veio a morte. Um a menos.

Os outros quatro reagem rápido, gritando ordens uns para os outros, mas estou um passo à frente. Eu deslizo para o lado, meus drones de abelhas zunindo ao meu redor, disparando rajadas de luz, cegando temporariamente dois dos soldados.

Um dos viciados grita e tenta se esconder atrás de um contêiner velho, mas um dos soldados o agarra. Isso não vai acontecer.

- Solte ele! - grito, minha voz ecoando no beco como um trovão.

O soldado olha para mim, e, antes que ele possa reagir, lanço meu enxame inibidor em sua direção. Meus drones circulam em volta dele, disparando uma corrente de laser que atordoa e o deixa marcado, como alvos para meus ferrões. Eu avanço, usando o impulso das minhas asas, saltando sobre uma pilha de caixas para atacar o soldado do alto, derrubando-o antes que ele consiga apertar o gatilho.

Dois mortos. Os outros três estão prontos para reagir, gritando entre si, mas o medo já está claro em seus olhos. Eles sabem quem eu sou.

Dois deles correm para me atacar, mas eu deslizo para o lado e abro um corte horizontal profundo na barriga de um deles, o outro hesitou ao ver o sangue espalhar pelo beco, e em um movimento limpo e direto eu cravo meu ferrão em seu peito. Ele tenta gritar, mas o som morre em sua garganta quando cai no chão.

O último soldado, um veterano, recua com a arma apontada para mim, tentando se afastar, os olhos arregalados. Ele sabe que não tem saída. Um sorriso frio se forma em meus lábios.

- Correr não vai te salvar. - minha voz é baixa, mas ele ouve. Sabe que é verdade.

Em uma última tentativa, ele ergue a arma para atirar, mas eu já estou sobre ele, enfiando meu ferrão no ponto exato entre o peito e o ombro. Ele cai, sem vida.

O silêncio toma conta do beco novamente, quebrado apenas pelos gemidos dos viciados que voltaram ao próprio mundo, alheios ao que aconteceu ao redor deles.

Eu observo os corpos dos soldados, ainda tentando entender por que estavam aqui. O que esses viciados poderiam saber? Que pedaço de informação eles ouviram para serem silenciados de forma tão brutal? Não faz sentido. Mas meus instintos me dizem que isso é só a ponta do iceberg, que os Barões estão dispostos a erradicar qualquer um que ouça uma palavra a mais do que deveria. A verdade ainda está fora do meu alcance, mas eu estou cada vez mais perto.

Então, um movimento no fim do beco chama minha atenção. Uma figura emerge das sombras, com passos leves e rápidos. Conheço esse jeito de andar.

- Precisamos conversar. - Ekko está ali, me olhando com uma seriedade que eu raramente vejo nele.

Ele sabe de alguma coisa, e, pela expressão dele, não é boa notícia.

Nádila e o eco dos condenadosOnde histórias criam vida. Descubra agora