Caminho no silêncio absoluto sobre o telhado enferrujado de um dos prédios decadentes de Zaun. O vento frio rasga meu rosto, carregando o cheiro familiar de óleo e fumaça. Abaixo, em uma janela mal iluminada, vejo o alvo: Vairon, um dos Barões da Química. Ele está cercado por três capangas, bufando de arrogância e poder, como todos eles. Mas o poder deles é uma ilusão. Eu sou a realidade que eles temem.
Respiro fundo e deixo que o ritmo da adrenalina tome conta. Estou caçando. Cada movimento é calculado, cada passo leve, como se a cidade inteira estivesse me segurando, evitando qualquer ruído desnecessário. Abaixo de mim, Vairon gesticula e grita, espalhando ordens com a mesma boca suja que condenou meus pais à morte e mergulhou outras centenas em uma vida de miséria. Ele ainda não sabe, mas sua sentença foi decretada.
Meus drones, silenciosos como fantasmas, se posicionam em pontos estratégicos, ao redor das janelas e portas. Com um comando, eles mantêm os olhos em cada um dos alvos. Tudo que preciso é de uma brecha.
Três capangas. Um Barão. Nenhum erro.
Eu arrombo a janela com um golpe rápido e certeiro, e o som do vidro quebrando é como uma explosão de pavor na sala. Os capangas nem têm tempo para entender o que está acontecendo antes de eu pular para dentro.
O primeiro deles tenta alcançar uma arma, mas sou mais rápida. Com um salto impulsionado pelas asas do traje, estou sobre ele em uma fração de segundo. Os ferrões Hextec saem dos meus pulsos com um brilho azul, cortando o ar enquanto desço o braço sobre ele. Um corte preciso. Um suspiro abafado. Ele cai.
Os outros dois estão prontos agora. Um deles é grande, com braços que parecem feitos de aço, graças a algum implante barato de cintila. Ele me ataca com uma investida bruta, mas eu sou mais rápida. Desvio para o lado e, com um movimento rápido, lanço um dos drones que voa em sua direção. As pequenas abelhas mecânicas circulam em volta dele e disparam rajadas de lasers, atordoando-o. Ele está imóvel por um instante, e isso é tudo que preciso.
Minhas lâminas atravessam a armadura improvisada, e ele desaba como um peso morto.
O último capanga tenta fugir, mas não há saída para ele. Mais um rápido voo usando a propulsão do meu traje me leva diretamente até ele, minhas lâminas Hextec girando em um ataque final e preciso. Ele cai sem vida aos meus pés. A sala está silenciosa agora. Todos, exceto um, foram eliminados.
E então, sobra apenas o Barão.
Ele está suado, apavorado. Mas, para minha surpresa, ele não corre. Ele ativa alguma coisa em sua jaqueta e um brilho roxo envolve seu corpo. Cintila. Claro. Só podia ser.
- Você vai morrer, vadia! - ele rosna, avançando.
Eu sorrio. Ele pode até ter os truques dele, mas eu sou Zaun. Eu sou a sombra que eles nunca conseguem alcançar.
Ele é mais rápido do que eu esperava, as melhorias de cintila o tornam mais forte e ágil. Ele ataca com uma força brutal, e eu sou forçada a recuar, esquivando-me dos golpes e aproveitando para estudar seus movimentos. Um erro dele, é tudo o que eu preciso. Ele me atinge de raspão, mas não me permito hesitar.
- Isso é tudo o que tem, Barão? - provoco, com uma voz firme e fria.
Ele avança novamente, furioso, e eu o conduzo direto para a armadilha. Com um comando rápido, meus drones abelhas se posicionam ao redor dele e disparam, criando uma rede de luz que o atordoa por um segundo. É a minha abertura. Pulo em sua direção, minhas lâminas prontas para o golpe final.
Mas ele se recupera rápido demais, esquiva e contra-ataca, usando um braço artificial para me agarrar pelo ombro. Ele é forte, mas eu sou implacável. A dor é um detalhe insignificante. Giro e corto o braço com uma lâmina precisa, arrancando um grito de dor que ecoa pela sala.
Eu o derrubo no chão, meu joelho pressionando seu peito. Ele está encurralado agora, sem força, sem saída.
- Espere! Espere! - Ele levanta as mãos, os olhos arregalados, a respiração rápida e irregular. - Eu posso... posso te dar algo que você quer. Informação. Eles... eles têm planos. Eles querem erradicar Zaun, acabar com tudo, mas não sou eu! Eu posso te ajudar!
Eu aperto os ferrões contra o pescoço dele, pronta para terminar o serviço. Mas ele continua, a voz trêmula e desesperada:
- Os piltovenses... radicais... os Barões... todos estão envolvidos! Eles planejam destruir tudo. Você acha que eu sou o problema, mas há pessoas lá em cima que fariam você parecer uma criança brincando de heroína!
Eu paro por um instante, deixando as palavras dele se infiltrarem na minha mente. Zaun erradicada. Piltovenses e Barões juntos, planejando algo ainda pior. Sinto a raiva subir como uma onda, mas também uma estranha curiosidade.
Ele me olha, os olhos implorando por misericórdia, talvez acreditando que suas palavras o salvem.
Mas eu sou Nádila, e misericórdia nunca foi parte do meu vocabulário.
![](https://img.wattpad.com/cover/382422236-288-k748906.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nádila e o eco dos condenados
FantasiZaun sempre foi uma cidade esquecida, relegada às sombras de Piltover, mas quando um plano sombrio para erradicar toda a sua população é revelado, Nádila, a Abelha Rainha, assume uma missão impossível. Ao lado de Ekko, o rapaz que estilhaçou o tempo...