DiE AnnA Bizarre Adventures

RAÍZES DO MAL

   Há uma pequena vila nos confins da Germânia que se chama Morschenich, lendas afirmam que algo maligno e inumano trouxe a morte a todos que viveram ali no ano de 1912. Entre todas as lendas, uma se destacava, ela ficou conhecida como "Raízes do Mal" e tentava dar uma real ou mesmo fantasioso razão para o que aconteceu com os habitantes daquele lugar.
   Quando ainda havia habitantes na vila, vivia ali com sua mãe e seu pai, um jovem chamado "Ivan", que por causa dos seus hábitos tolos as crianças o chamavam de "Ivan, o Tolo" e até mesmo alguns adultos o desprezavam, ele era sempre ignorado, mesmo que alguém precisasse de sua ajuda nunca pediam a ele. Ivan sempre foi um garoto muito diferente, mesmo quando ele quebrou o braço uma vez tentando escalar uma árvore, ele simplesmente nem reagiu, não chorou ou gritou de dor, ele só chegou em casa e mostrou a sua mãe. Para alguns ele tinha o dom de estragar tudo, e não o queriam por perto, por isso ele gostava de andar pela floresta, longe das pessoas, longe do barulho. Certo dia, quando o sol não podia ser visto e as trevas pairavam sobre o ar, Ivan resolveu caminhar como de costume pela floresta, não havia pássaros cantando, grilos ou cigarras, somente o silêncio. A única canção que Ivan sempre gostou de ouvir era o som dos seus pés pisando o chão, o faziam sentir bem, a sensação da terra nos seus pés descalços eram um doce abraço gelado sempre confortante. Ivan gostava de uma parte específica da floresta que tinha várias raízes expostas, elas batiam na sua cintura, ele gostava de correr e pular por cima delas, era divertido para ele, Ivan fez exatamente a mesma coisa das centenas de vezes que estava alí, mas naquele dia, naquela hora, ele pulou por cima de uma raiz e por um instante ele viu o chão se abrir, ele foi engolido pelas trevas, Ivan desceu e desceu até que bateu em algo, estava tudo escuro, quase não tinha espaço, felizmente para ele se arrastar não foi problema e foi o que fez tentando encontrar uma saida, e o tempo foi passando, horas e horas em alguns momentos ele tinha impressão de ter ouvido algo que vinha detrás dele, parecia algo similar a estalar de ossos, e também havia uma voz que vinha de todos os lados sussurrando palavras incompreensíveis, "será que estou louco" pensava ele, a impressão que ele tinha é que permanecia sempre no mesmo lugar mesmo se arrastando sem parar, quando ele já estava a ponto de desistir ele viu um flash de luz, a princípio ele pensara que estava delirando, mesmo assim isso deu impulso para que ele continuasse, e então ele viu de fato a saída, tinha uma luz forte. Ele sai do buraco, e se depara com um lugar cheio de ervas verdes, uma árvore com folhas negras e nenhuma saída, ele olhou em todas as direções não havia escapatória, mesmo a árvore com aspecto sombrio que ali havia não podia ser escalada pela sua largura e altura, "se ao menos ela tivesse cipos eu poderia tentar escalar" pensou ele, seus braços e costas doíam muito, ele se achegou perto da grande árvore e se deitou em meio às suas inúmeras raízes, ele observou atenciosamente o lugar. Era muito bonito, jamais ele tinha visto algo assim, a rama do chão se entendia até no teto criando um desenho engraçado, pelo menos era para Ivan, seus olhos lacrimejando sem parar davam um pouco de raiva, depois de alguns minutos Ivan sentiu um pouco de sonolência, fechou os olhos e dormiu.
Ele acorda quando do alto um fruto cai da árvore bem ao seu lado, em seguida um sussurro no seu ouvido "coma", ele não tinha entendido aquilo, mas como sua barriga roncava, e ele já tinha perdido as esperanças de que pudesse voltar para casa, ele simplesmente estendeu sua mão pegou o fruto e deu uma mordida, o gosto era bom ele pensou assim "é tão bom quanto o míngua da mamãe" ele comeu-o por inteiro, e depois novamente teve sono, ele desperta não muito tempo depois quando com um graveto é cutucado ao rosto, Ivan abre os olhos, ele já não estava mas naquele lugar curioso, estava de volta em casa, com uma garota com vestido negro e olhos ocultos pelo longo cabelo que cobria seu rosto, ela estava a sua frente imóvel, Ivan se sentou na beirada da sua cama e a garota o ficou encarando por alguns minutos até que ela deu alguns passos e se aproximou, chegou bem perto do ouvido de Ivan disse: "Mate todos eles, faça-os saber que eu os amo " a garota tirou uma das mãos das costas, revelando uma faca, ela entrega a Ivan, depois que ele tocou na faca ficou paralisado, sua mente parecia se encher de memórias que ele nunca viveu, elas eram de seus antepassados? A maldade deu origem a tudo que ele via, a todos que estavam ao seu redor, o olhar de Ivan se tornou vazio e sua pele escura como cinzas, o seu coração deixou de bater.
    Algum tempo passou depois disso. A vila parecia ter esquecido que Ivan um dia existiu, Na manhã do mês 10 quando a lua em sua forma final se acenderia aos céus, uma tempestade veio, as árvores que estavam ao redor da vila pareciam se mover e se alongar, fazendo os habitantes ficarem presos como pássaros, ninguém entendia o que estava acontecendo, os dias foram passando os céus negros permaneciam dia após dia da mesma forma, até que em uma noite o líder da vila, desapareceu, mas no dia seguinte alguns tiveram o desprazer de vê-lo novamente com as vísceras expostas, pássaros negros de pequeno porte viam se alimentar de suas entranhas expostas, as pessoas da vila os chamavam de anjos do mal, eles pegaram o corpo do homem e enterram, aqueles dias foram de silêncio. Em um dia, quando todos estavam reunidos em um salão discutindo sobre como saíram dali, Ivan entrou pela porta, quando viram seu aspecto tiveram medo, ele ergueu a voz e disse: "um dia vocês me deram ódio como alimento, e hoje eu os darei o meu amor para aquecer as vossas almas imundas" Ivan estendeu seus braços para frente e raízes do chão começaram a brotar e se enroscar em cada ser vivente que ali havia, começam a apertar até os ossos se quebrarem, suas lágrimas ao céus chegavam mas não havia quem os pudesse os salvar, seus corpos estavam todos em pedaços, A garota de vestido negro apareceu derrepente, e disse com voz mansa:"Muito bem, você os curou, mostrou a eles o verdadeiro amor...agora venha!" Ela fez um sinal com a mão, Ivan se aproximou e a abraçou e ambos sumiram virando cinzas.