𝕱𝖗𝖆𝖐𝖙𝖚𝖗 𝕭𝖔𝖑𝖉

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Ruby esperou pacientemente, seu olhar fixo em Lilith, avaliando cada pequena reação, cada hesitação. Para Ruby, aquele era o momento decisivo — uma armadilha sedutora, mas sem escapatória. Ela não aceitava "não" como resposta, e Lilith começava a perceber que lutar contra o magnetismo de Ruby era como tentar conter uma tempestade.

Lilith sabia que entrar naquele jogo significava abrir mão de mais do que sua segurança. Ser "inteiramente" de Ruby ia além de uma relação superficial; significava abrir-se, arriscar-se e, talvez, perder o pouco controle que ainda possuía sobre sua vida.

Ruby sorriu levemente, percebendo a batalha interna de Lilith. Então, em um gesto mais suave do que Lilith esperava, Ruby deu um passo atrás, diminuindo a pressão, mas não a intensidade do olhar.

— Eu sei que você tem medo — disse Ruby, sua voz baixa e cuidadosa, quase como se estivesse partilhando um segredo. — Mas se está buscando uma maneira de resolver o que a atormenta, saiba que estou oferecendo algo que ninguém mais poderia dar. Eu não apenas cuido dos meus interesses, Lilith. Eu cuido do que é meu.

Lilith respirou fundo, o olhar focado nas sombras que dançavam na calçada da boate, evitando encarar Ruby diretamente. A última coisa que queria era sentir-se vulnerável, mas as palavras de Ruby eram tentadoras de um jeito que ela não esperava.

— Você não tem ideia do que está me pedindo — Lilith respondeu, finalmente se voltando para ela. — Minha vida... meus problemas... são como um fio solto. Qualquer um que se envolver vai acabar puxando esse fio e desmanchando tudo.

Ruby inclinou a cabeça, analisando Lilith com uma mistura de curiosidade e desafio.

— Talvez eu goste de viver perigosamente — ela respondeu, sem perder a firmeza. — E, pelo que vejo, você também.

Lilith riu de leve, quase que por reflexo, mas Ruby não se incomodou; ao contrário, parecia satisfeita por ter arrancado uma reação autêntica.

Antes que Lilith pudesse responder, Ruby continuou:

— Vou dar um tempo para você pensar, Lilith. Mas, quando voltar para mim, quero que venha com a certeza de que é minha. Que não restem dúvidas.

Ruby se afastou, mas não sem lançar um último olhar desafiador para Lilith. Ela sabia que havia plantado a semente da dúvida, e, a partir daquele momento, Lilith carregaria esse conflito interno a cada encontro, cada troca de olhares, cada toque.

Assim que Ruby desapareceu na entrada da boate, Lilith sentiu o peso da escolha que estava à sua frente. Estava diante de um abismo, e ela sabia que não importava o quanto resistisse, a queda era quase inevitável.

Lilith ficou parada ali, observando a entrada da boate, mas com a mente completamente distante. Sentia o eco das palavras de Ruby martelando em sua cabeça, enquanto tentava decidir até onde estava disposta a ir. Entrar no jogo de Ruby era como entrar em um labirinto onde ela sabia que a saída talvez nunca existisse. Ruby era implacável, e tudo nela transbordava poder e perigo. E, ainda assim, Lilith sabia que algo a puxava cada vez mais para aquela escuridão.

De volta ao trabalho, ela tentou se concentrar em seu papel, analisando cada cliente que passava pela porta, inspecionando o ambiente e mantendo a segurança. Mas era inútil; a presença de Ruby era como uma sombra constante. Mesmo longe, ela parecia impregnar o ar, tornando impossível esquecer a proposta ousada que fizera.

Horas mais tarde, quando a boate já começava a esvaziar, Lilith foi até o bar para pegar um copo d'água. Precisava de um momento para respirar. Enquanto bebia, uma figura familiar sentou-se ao seu lado. Era Alex, um dos seguranças mais antigos e de sua confiança, que também era um de seus poucos amigos ali dentro. Ele lançou-lhe um olhar atento, como se pudesse sentir a tensão no ar.

365 𝔇𝔞𝔶𝔰, 𝔅𝔞𝔟𝔶Onde histórias criam vida. Descubra agora