Ouçam a música
Aviso: Este capítulo contém cenas de violência, hipnose e sangue, que podem ser perturbadoras para alguns leitores.
O livro preto, que havia aparecido misteriosamente em sua casa, estava aberto no chão, e uma luz intensa emanava dele. O mais inacreditável aconteceu. Felippo esfregou os olhos, achando que era uma alucinação.
— É ela — sussurrou.
Uma figura hipnotizante flutuava sobre o livro, causando medo em todos.
— Finalmente livre! — exclamou, gargalhando maquiavelicamente.
Sua pele clara destacava-se contra o vestido longo e preto, que moldava seu corpo curvilíneo. O decote expunha seus seios, e os cabelos negros como a noite dançavam ao vento que emanava do livro, tornando-a ainda mais misteriosa. Seus olhos âmbar o observavam de cima a baixo, até que seus olhares se encontraram. Ela abriu um sorriso sedutor.
— Você é real, Anastácia? — perguntou Felippo, recuando dois passos enquanto o medo e a confusão se misturavam em sua mente.
— Sim! — respondeu ela, aproximando-se.Anastácia era uma criatura enigmática, sedutora e extremamente inteligente. Usava suas habilidades para manipular e seduzir conforme necessário. Não se deixe enganar pela beleza; ela era má e jurava vingança contra aqueles que a enganaram, ansiosa para recuperar um amor perdido. Mas seu último desejo poderia ser sua perdição.
— Como isso é possível? — À medida que ela se aproximava, ele recuava mais, e o receio estampava seu rosto.
— Hakon, você não precisa ter medo de mim. É o único que não precisa me temer.
— Esse é o nome do personagem do livro que estou lendo e que, misteriosamente, apareceu aqui.
— Sim, meu amor, é a nossa história.
— Eu não me chamo Hakon. Você está me confundindo com outra pessoa.
— Não se lembra de mim? — Lágrimas de sangue rolavam de seu rosto perfeito e pálido. — Foi você quem me libertou do meu castigo.
— Eu não a conheço e não tenho nada a ver com isso — respondeu, confuso.
— Meu caro, está enganado. Nós nos conhecemos. E, de fato, você não tem nada a ver com minha punição, mas estou livre por sua causa.
— Eu não a conheço — enfatizou. — Ajudei a libertá-la? — indagou, ainda confuso. — Você é louca.
— Era para eu ter enlouquecido com o que me foi imposto.
— O que foi que te impuseram?
— Fui presa no livro, sem sangue para me alimentar. Passei séculos mumificada, assistindo ao meu passado e presente. Seu sangue acabaria com o encanto.
— Foi você quem colocou o livro com o convite na minha varanda?
— Foi Medonho, pois era necessário desfazer a magia que sua avó lançou.
— Respeite a memória dela, que já partiu.
— Acha mesmo que Doris foi uma “vovozinha boazinha”? Ela lançou o feitiço, me condenando por tentar escapar do meu destino.
— Mentirosa!
— É uma longa história, e você precisa saber.
— Nada que venha de você me interessa; minha avó era incapaz de fazer mal a alguém.
— Ela era capaz de tudo, e estou há muito esperando por esse momento. Mas antes, preciso me alimentar. Medonho!Um morcego voou perto deles; agora era o mordomo.
— Sim, ama.
— Traga-me sangue fresco.O amigo da primeira vítima foi jogado na direção dela e não teve chance de correr.
— Seja bem-vindo à minha festa — disse, dando alguns passos em direção ao rapaz.
Seus olhos arregalados expressavam o pavor que sentia. Ele tentou correr, mas uma força invisível o prendia ao chão.
— Agindo dessa maneira, você deixa a anfitriã muito triste. É uma pena, pois planejei tudo nos mínimos detalhes para ser uma festa inesquecível.
Apavorado, ele olhava para o amigo sem vida no chão.
— Relaxe — disse, olhando nos olhos do alvo. — Logo seu amigo estará aqui, dançando com todos os convidados.
Hipnotizado pela beleza de Anastácia, ele ficou calmo, com um leve sorriso nos lábios.
— Seu desejo é alimentar minha sede — falou suavemente.
Virou o pescoço, e as presas dela penetraram sua jugular. Em poucos minutos, sua vida foi ceifada e seu corpo jogado no chão, pois não tinha mais serventia.
— Há quanto tempo não sinto essa sensação maravilhosa — disse, com a satisfação evidente em seu tom. — Medonho! — vociferou, e ele veio apressadamente.
— Limpe essa sujeira para a festa continuar.
— Você age como se nada tivesse acontecido.
— Não aconteceu nada que deva ter importância.
— Ceifou a vida de duas pessoas.
— Fizeram o mesmo comigo, e ninguém se importou.
— Você é maléfica.
— Acredite, ninguém se importa.
— É um ser desprezível.Ele sentiu uma onda de revolta e repulsa ao proferir aquelas palavras. Não podia ignorar sua beleza hipnotizante, mas sua figura não ocultava a maldade que transparecia em seus atos. Constatou que ela não era apenas uma sedutora; era a personificação de tudo o que havia de sombrio no mundo, e essa constatação fazia-o sentir ânsia de vômito. A frieza em seu olhar e a forma como desprezava a vida alheia deixavam claro que não havia espaço para bondade em seu coração sem vida.
Pareceu uma eternidade para ele pensar no pobre rapaz cuja vida ela havia tirado, enquanto ela apenas ria com desdém. A visão do corpo sem vida ficou gravada em sua mente, alimentando sua indignação. Em um instante, a atração que sentia por ela se transformou em aversão, e a luz que emanava dela era sombria.
— Preciso respirar ar fresco — disse ele, caminhando até a porta.
— Como quiser, meu caro.Se você gostou, não deixe de votar e comentar! Sua opinião é essencial para mim.
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Anastácia
Short StoryPlágio é crime. Você é capaz, crie sua própria história. CONTO FANTÁSTICO Dark fantasy OBRA POSTADA SOMENTE NO WATTPAD. Caso encontre esta obra na íntegra em outro veículo DENUNCIE Capa: Desenhos e Ilustrações Ana Paula Urbani. Diagramação: An...