𝒞𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 4: 𝒞𝑜𝑟𝑎ç𝑜𝑒𝑠 𝑒𝑚 𝒜𝑙𝑒𝑟𝑡𝑎

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No dia seguinte, Maya Bishop voltou ao trabalho, com o braço enfaixado e o corpo ainda dolorido do resgate no incêndio. Ela estava pronta para enfrentar as provocações de seus colegas bombeiros e também para esconder suas preocupações, especialmente depois de ver o rosto tenso de Carina na noite passada. Mas, por trás da bravura, havia um cansaço crescente. Ela se esforçava ao máximo para manter o controle, mas estava começando a perceber o peso de tudo.

No hospital, Carina também não conseguia esquecer o que havia acontecido. Durante o café da manhã com Meredith e Addison, ela desabafou, confessando que estava mais afetada pelo perigo da profissão de Maya do que esperava.

"Eu sabia que a vida de bombeiro é arriscada," disse Carina, girando a xícara nas mãos, "mas ver isso de perto, sabendo que posso perder Maya a qualquer momento... é mais difícil do que eu imaginava."

Addison, ao lado dela, suspirou. "É a realidade de amar alguém que coloca a própria vida em risco. Você não precisa lidar com isso sozinha, sabe? Estamos todas aqui."

Meredith assentiu, colocando uma mão no ombro de Carina. "É normal se sentir assim. Até Derek e eu tivemos nossos momentos de medo. O que importa é ter o apoio certo para enfrentar essas incertezas."

Carina sorriu, sentindo-se grata pelas amigas. Mesmo sabendo que nunca poderia mudar o compromisso de Maya com o trabalho, ela se sentia mais forte com a ajuda das pessoas ao seu redor.

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Mais tarde, enquanto estava no quartel, Maya recebeu uma mensagem inesperada de Mark: "Joe's. Às 7. Temos que conversar." Ela riu ao ler o tom de urgência, imaginando que ele devia estar planejando algum tipo de intervenção "fraterna".

Às sete em ponto, Maya chegou ao Joe's e encontrou Mark já sentado, com uma expressão mais séria do que o normal. Ele se levantou e a cumprimentou com um abraço, algo raro para ele. Sentaram-se, e Mark a observou com um olhar cuidadoso antes de falar.

"Então, Bishop," ele começou, direto ao ponto, "quando você vai perceber que não precisa ser uma super-heroína o tempo todo?"

Maya riu, mas seu sorriso era meio forçado. "Do que você está falando?"

"Do incêndio de ontem, do jeito que você age como se nada nunca te afetasse. Eu entendo que você precisa ser forte, mas... você também tem que saber a hora de aceitar ajuda. E isso inclui o que Carina sente."

Maya ficou em silêncio, sentindo uma mistura de surpresa e incômodo. "Mark, você sabe como é a vida de bombeiro. Eu não posso simplesmente... me deixar abalar."

"Eu sei," ele disse, suspirando. "Mas também sei que fingir que nada te afeta só te distancia das pessoas que se importam com você. Addison e eu... temos nossa relação complicada, mas eu aprendi que, às vezes, ser vulnerável é a única maneira de manter as pessoas por perto."

Aquelas palavras tocaram Maya. Ela não gostava de admitir fraquezas, mas ver como Mark parecia sincero a fez refletir.

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Mais tarde, naquela noite, Maya voltou para o apartamento que dividia com Carina, onde encontrou a médica lendo um livro no sofá. Ao ver Maya, Carina sorriu suavemente, mas havia um ar de preocupação nos olhos dela.

Maya se aproximou e se sentou ao lado dela. Por um momento, ficaram em silêncio, sentindo a presença uma da outra. Finalmente, Maya tomou a mão de Carina e respirou fundo.

"Carina... eu sinto muito pelo que aconteceu ontem. Eu sei que foi difícil pra você."

Carina olhou para ela, surpresa, mas feliz que Maya estivesse se abrindo. "Maya, eu sei que você ama o que faz, e eu amo isso em você. Só quero que saiba que não precisa carregar esse fardo sozinha. Eu estou aqui."

Maya assentiu, sentindo-se mais aliviada do que imaginava. "Obrigada, Carina. Eu estou... tentando aprender a dividir isso com você."

Carina puxou-a para um abraço apertado, e Maya relaxou, permitindo-se, pela primeira vez em muito tempo, se sentir segura nos braços de alguém.

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No dia seguinte, Maya encontrou Meredith e Addison para um café rápido antes do trabalho. Meredith, com aquele jeito prático de sempre, sorriu para Maya e disse: "Ouvi dizer que você e Carina tiveram uma conversa séria ontem."

Maya deu de ombros, sorrindo. "Sim. Acho que estou finalmente entendendo que não preciso resolver tudo sozinha."

Addison assentiu, parecendo orgulhosa. "Bem-vinda ao clube, Bishop. Aprender a ser vulnerável é o maior ato de coragem."

Aquele momento de entendimento e amizade fortaleceu ainda mais os laços entre elas. Em meio ao caos de suas profissões e aos desafios que enfrentavam todos os dias, elas sabiam que, juntas, eram mais fortes. E, para Maya, aceitar isso era como um alívio profundo, uma chama de renovação e conforto.

Laços em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora