Laços em Chamas

𝒜𝑑𝑑𝑖𝑠𝑜𝑛

Eu sempre soube que Mark Sloan era… complicado. Aquele sorriso encantador, a confiança de quem acha que sempre tem o controle da situação, e, claro, a imensa capacidade de se enredar em complicações sem sequer tentar. Eu costumava brincar dizendo que ele era o tipo de cara que não sabia o que queria, mas sempre sabia como conseguir o que desejava.

No entanto, aqui estava eu, sentada à mesa do Joe’s, com um copo de vinho em mãos e uma sensação estranha no estômago. Não era exatamente o tipo de "estranheza" que eu costumava sentir por ele no passado, aquela adrenalina da imprevisibilidade, mas algo mais profundo. Algo… real. Ele estava finalmente disposto a ser mais do que o jogador de sempre, e isso me fazia questionar todas as minhas próprias certezas.

Mark olhava para mim com os olhos baixos, como se estivesse lendo minha expressão, tentando entender o que eu realmente pensava. Ele sempre foi bom nisso — perceber o que as pessoas estavam tentando esconder, fosse um sorriso disfarçado ou um segredo não dito. E, naquele momento, eu não tinha ideia do que fazer com a confusão de sentimentos que surgiam dentro de mim.

“Você parece em dúvida”, ele comentou, a voz tranquila, mas carregada de um tom curioso. "Não é o que você esperava?"

Eu soltei um suspiro e passei os dedos pelo copo de vinho, vendo o líquido se mover lentamente. “Você me conhece, Mark. Sempre foi fácil manter as coisas… simples. Não complicar. Agora, estou tentando entender se estamos apenas jogando o mesmo jogo de sempre ou se isso é realmente diferente.”

Ele ficou em silêncio por um instante, como se ponderasse cada palavra antes de falar. Mark, como sempre, tinha esse jeito de nunca se apressar. Ele sabia como criar tensão, como manter o jogo em aberto por mais tempo do que eu gostaria. Ele era mestre nisso.

“Não, Addison. Eu não estou tentando jogar mais um jogo. Eu… Eu quero tentar algo real. Algo que dure. Isso é mais do que ‘amigos com benefícios’ ou o que quer que tenha sido. Eu estou falando sobre algo sério.”

Eu olhei para ele, tentando entender se isso era uma verdade ou mais uma tentativa de Mark em dizer o que eu queria ouvir. Mas, quando vi a seriedade nos seus olhos, senti algo que eu não esperava: a verdade. A sinceridade que ele tentava esconder com sorrisos e piadas estava ali, bem na minha frente.

“Você está dizendo que quer… ficar comigo? Em um relacionamento, sem essas idas e voltas, sem fugir para os seus ex-‘benefícios’?” Eu precisava perguntar. Eu precisava ter certeza de que isso não era uma brincadeira.

Ele inclinou-se para frente, seus olhos fixos nos meus, e sua voz agora carregava um tom que eu nunca o ouvi usar. “Sim. Eu estou dizendo isso. Eu sei que sou um idiota, e você me conhece melhor do que ninguém, Addison. Mas eu finalmente percebi o que perdi durante todo esse tempo.”

Eu ri, não por diversão, mas por surpresa. "E o que você perdeu, Mark?"

“Você, Addison. Eu perdi você. Não em um sentido romântico que você está pensando, mas… eu perdi a chance de ter algo real com você. Durante todo esse tempo, fiquei com medo de que a minha vida ficasse sem graça, sem emoção, se eu me entregasse a algo sério. E, agora, eu vejo que a verdadeira emoção vem de ter você ao meu lado.”

As palavras dele, embora diretas, causaram uma onda de confusão em mim. Eu o conhecia há anos, e tínhamos experimentado tantos altos e baixos que parecia impossível acreditar que ele realmente queria uma mudança tão radical. Eu sempre me perguntava se ele realmente conseguiria. Aquele era o Mark Sloan, o rei do 'relacionamento sem compromisso', o homem que sempre tinha uma desculpa para evitar a profundidade.

Mas, ao olhar para ele, algo em mim começou a mudar. Eu sabia que ele não era perfeito, e talvez nunca fosse, mas talvez isso fosse o suficiente. Talvez eu fosse suficientemente forte para lidar com suas falhas, se fosse isso o que ele realmente queria. Eu sentia uma parte de mim ceder à sua proposta, e foi aí que percebi o quanto ele ainda significava para mim.

“Mark…” Eu comecei, minha voz mais baixa do que eu gostaria. “Eu não sou alguém fácil de se amar. Você sabe disso, certo?”

Ele sorriu, a mesma confiança arrogante que sempre teve, mas agora havia uma suavidade ali, algo que me fazia sentir mais segura. “Eu sei, e não estou esperando que você seja. Eu só estou pedindo uma chance.”

Eu olhei para ele, sem saber o que fazer com toda a intensidade da situação. Talvez fosse mais simples continuar com o jogo, manter as coisas na superficialidade. Mas eu não queria mais isso. Eu queria algo mais. E, por mais assustador que fosse, eu queria tentar.

“Você não vai desistir, vai?” Eu disse, mais como uma afirmação do que uma pergunta.

“Eu nunca desisti de você, Addison. E não vou começar agora.”

Eu dei uma risada suave, e, por um momento, senti uma onda de alívio. Talvez, só talvez, Mark estivesse realmente falando a verdade. Talvez o futuro, que sempre me parecia um lugar assustador e incerto, pudesse ter um lugar para nós dois.

E, enquanto o vinho na minha taça estava quase no fim, eu tomei uma decisão. Não sabia se seria fácil, não sabia se seria perfeito, mas, naquele momento, sabia que precisava tentar.

“Então, vamos ver no que isso dá,” eu disse, finalmente. "Mas não me faça mudar de ideia, Mark Sloan."

Ele sorriu, e aquele sorriso era tudo o que eu precisava para saber que, talvez, apenas talvez, nós estivéssemos começando algo real. Algo que valesse a pena lutar.