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"Se aquilo era mesmo uma advertência do futuro, então eu iria ouvir." Mas que idéia de merda.

Assim que essa decisão foi tomada, eu senti algo em mim mudando. Bom, não exatamente, mas era como se uma porta fosse aberta dentro de mim, que levava a um caminho que eu não sabia se queria mesmo seguir. Mas eu sabia que não havia volta.

O relógio parecia mais lento, fazendo o dia se arrastar. Não havia um sol visível no céu tomado pela coberta cinza, mas a chuva agora era apenas uma névoa espessa. O tédio começava a rastejar em minha direção e parada ali não havia nada que pudesse me entreter. Depois de varrer a casa mais duas vezes, resolvo arrumar meu guarda roupa novamente. Não havia nada de novo ali, eu sabia onde todas as peças estavam, mas quando abro as portas de madeira uma peça em particular me chama a atenção. Ano passado eu havia comprado um vestido novo para o baile de primavera. Era um vestido lindo, vinho, com as costas abertas, e brilhos que desciam de um decote não muito revelador e seguiam contornando o formato do corpo. Infelizmente, não consegui o usar apropriadamente no dia já que meu par precisou ir embora mais cedo por conta de uma terrível alergia a camarão que foi descoberta após alguns petiscos.

De repente, eu já sabia o que fazer. Eu deveria estar lá. E dessa vez, eu vou estar.

O baile era dali a três dias. Como ia explicar a meu pai aquela vontade súbita de ir a festa? Isso se ele já não tivesse comprado as passagens para Jacksonville. Esse pensamento surge com um gosto amargo. E havia o problema de que a conhecimento de todos eu estaria fora da cidade no dia, logo, eu estava sem par disponível. Essa coisa deveria ser mais fácil.

Enquanto reclamo mentalmente uma idéia me surge, mas novamente, o relógio me impede. Respiro fundo, e me sento em frente ao relógio, encarando os ponteiros até eles me mostrarem o horário desejado. Para minha própria surpresa, eu acabo cochilando na poltrona do meu pai e quando acordo, os ponteiros parecem ter me obedecido. Satisfeita, corro até o telefone, apenas para lembrar que eu não tinha o número dele.

— Idiota, você deveria ter pensado nisso antes. — digo para mim mesma enquanto aperto o número da casa dos Black. Se eu estava disposta a abraçar a loucura, começar a falar sozinha não seria um grande problema.

— Alô?

— Oi, Jake. Sou eu, Julie. — me encosto na bancada, olhando novamente para o relógio. Bella já devia estar chegando.

— Oi, Julie. Como você está? Fiquei sabendo do que aconteceu ontem, tá tudo bem?

— Quil não sabe manter a língua dentro da boca, né?

— Na verdade foi o Velho Quil que contou para meu pai. Sabe, coisa de ancião.

— O que ele contou? — agora fico preocupada com o quanto aquele velho disse. Ele espalharia sobre o "quão perigosa eu sou"?

— Que você passou mal, só isso. — ele não parece perceber minha preocupação. — Mas e então?

— Sim, eu estou bem. Na verdade, Jake, eu queria te pedir uma coisinha.

— Pode falar. — ele pergunta com uma pequena desconfiança na voz.

— Você pode me passar o número da casa do Embry?

— Por que eu faria isso?

— Por que não faria? — devolvo a pergunta.

— Por que quer falar com ele?

— Ciúmes, Jacob? — pergunto, brincando com o fio do telefone.

— Você não faz meu tipo. — quase consigo ver seu sorriso presunçoso em sua voz.

𝐓𝐇𝐄 𝐀𝐋𝐁𝐀𝐓𝐑𝐎𝐒𝐒,  embry callOnde histórias criam vida. Descubra agora