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Tenho uma mente fraca. É o que eu decido assim que acordo. Ouvir as histórias de Quil ontem pode ter mexido com minha mente, e por isso tive esse sonho estranho.

Estava em uma campina vasta e colorida, cheia de flores no meio do crepúsculo. Tudo ali me dava a sensação de paz, inclusive o grande lobo cinzento a minha frente. Uma voz no fundo de minha mente tentava me alertar de que aquilo devia ser perigoso, de que eu devia me afastar imediatamente. E talvez eu devesse mesmo fugir, mas eu não conseguia. Não, eu não queria. Quando eu olhava nos olhos daquele lobo eu não via violência, eu via um calor que me puxava para mais perto. Eu queria estar ali, queria ficar naqueles olhos para sempre. Mas como sempre, eu não tenho controle para o que acontece a seguir. Sou arrancada daqueles doces olhos castanhos para uma nova cena indesejada.

Diferente do primeiro sonho, aquele era mais sombrio. Mais do que estou acostumada, na verdade. Eu realmente detesto bailarinas. Talvez por causa daquele programa que assisti mais nova apesar do meu pai insistir que eu ficaria com medo, ou talvez porque todos aqueles contorcionismos me assustam, mas eu realmente detesto bailarinas. E ali estava eu, em um estúdio de balé, assistindo uma bailarina triste dançando. Todos os seus movimentos transmitiam agonia, seus braços se moviam de uma forma errada e havia sangue em seu collant. O violino aumentava a sensação de desconforto, com notas altas e aflitas. Conforme o ritmo ditado pela música aumentava, a bailarina girava cada vez mais rápido em uma velocidade assustadora, até que um estalo alto me fez fechar os olhos, em uma tentativa tola de não ver o que havia acontecido. A perna dela estava torta e terrivelmente quebrada, mas ela continua girando em dor. Eu tentava gritar com ela, dizer para parar, ou para mim mesma acordar, mas nada funcionava. A bailarina para de repente, com lágrimas de sangue manchando seu belo collant, machucada mas ainda bela. Ela apenas olha para mim, e então eu acordo.

Sentada na cama, assustada e enjoada com a cena, prometo a mim mesmo que nunca assistiria um filme de terror. Minha mente já me odiava o suficiente, não precisava que eu lhe desse munição a mais.

Fico ali parada por um tempo. Lobos e bailarinas. O que caralhos eu deveria fazer com isso? Adotar um cachorro e começar no balé? Não, de jeito nenhum. Descarto o balé, mas talvez o cachorro não seja uma má idéia, sempre quis um.

Penso em me demorar ali mais um pouco, mas vozes na cozinha me chamam a atenção. Verifico rapidamente se ontem em meu estado zumbi escolhi um pijama adequado e abro a porta do quarto, vendo Edward e Bella conversando. Se o Cullen estava ali, papai deve ter ido pescar. Talvez a colocação de Edward na minha lista negra tenha sido precipitada. Apesar da maneira hostil que se conheceram, agora o Cullen parecia inofensivo a ela. Havia muito amor naquela cozinha, e isso quase me deixa enjoada. Quase.

— Já devo começar a cobrar o aluguel ou espero até o papai saber de vocês? — passo por eles, indo até o armário. Com uma careta, percebo o resultado de uma longa noite com saltos, me obrigando a dar passos mais lentos.

— Se tudo der certo, pode começar a cobrar hoje mesmo. — o sorriso de Edward era audível em sua voz, já Bella ainda parecia nervosa.

— Sério?

— Aparentemente sim. — Bella me passa o cereal, tensa. — E essa nem é a melhor parte.

— Pode tentar convencer sua irmã de que ela é ótima e que meus pais vão adorar ela?

—Conhecer os pais? É um grande passo. — Pelo olhar de Edward, não era bem desse jeito que era para convencer ela. — Um passo bom, quero dizer. Um bom passo.

— Convincente. — ela ironiza.

— Obrigado. Mas estou falando sério, todos amam você. É impossível não te amar.

𝐓𝐇𝐄 𝐀𝐋𝐁𝐀𝐓𝐑𝐎𝐒𝐒,  embry callOnde histórias criam vida. Descubra agora