Juliet Swan.
A tempestade se aproxima. Nuvens densas e escuras com trovões que tremiam a terra aos meus pés e relâmpagos que iluminavam o caminho apenas o suficiente para eu não cair de cara do chão. Aquilo devia ser o suficiente para me apavorar, mas eu sou uma cidadã de Forks, a chuva está no meu sangue. Meu pavor cresce em meu peito por outro motivo. A tempestade não vem sozinha.
O fogo me cerca, não me dando opção a não ser correr para a névoa espessa que segue as nuvens pelo chão. E tenho ciência da minha missão, o porquê de eu estar ali mesmo sabendo que ele me disse para esperar por ajuda. Não dá tempo, eu preciso tirar Bella daquela névoa. Por isso não vou contra a tempestade, eu tento entrar nela, procurar minha irmã na névoa espessa que nos cercava, salvar ela, mas nada funciona. Estou perdendo de novo. Não posso perder de novo, estou quase lá. Eu a ouço gritar, chorar, mas não consigo ver. A névoa faz a função de paredes de um labirinto e ao mesmo tempo uma droga que me deixa letárgica. Não adianta lutar, por mais que eu tente aquela já era uma batalha perdida. Uma mão surge do chão, me abraçando para uma cova improvisada novamente. E eu a perdi.
— Jules! — não sabia que um sussurro podia ser gritado, mas meu pai conseguiu.
— Aí, por Deus! O que é isso? — jogo um travesseiro em sua direção.
— Eu tava tentando te acordar faz tempo! Não faz mais isso comigo. — ele leva a mão ao peito, e percebo que o fuso horário realmente mexeu comigo.
— Foi mal. Mas a culpa é sua também, quem saí puxando o pé dos outros? Virou assombração nesses meses que eu estive fora? — jogo as cobertas para o lado, procurando alguma coisa para amarrar meu cabelo. — Já pegou o bolo?
— Sim, mas acho que a Sra. Walker vai querer um pedaço como pagamento por ter guardado na geladeira dela.
— Se a Bella não gostar já sabemos que não vai ter desperdício.
Hoje era 13 de setembro. Oficialmente, Bella tinha 18 anos. Conhecíamos muito bem aquela garota para saber que ela detesta festas, presentes, ser o centro das atenções, mas ela vivia com a gente agora e não podíamos deixar essa data passar batida. Enquanto eu segurava o bolinho que havia feito ontem as pressas, meu pai abria com cuidado a porta de minha irmã. Ela está dormindo perfeitamente imóvel, mas as cobertas no chão revelam que sua noite não foi tão tranquila assim.
— Bella — meu pai cantarola.
Quando ela acorda na segunda vez que seu nome foi chamado, seu rosto passa de susto para confusão, e então para o entendimento e por fim o descontentamento mascarado por um sorriso fraco.
— Eu disse que não queria presentes.
— Não é presente, é um bolo. — eu digo ao seu lado. — E nem está escrito parabéns. É um bolo comum, em um dia que coincidentemente é seu aniversário.
— É aniversário dela?
— Pois é, acredita? — me viro para meu pai. — Está ficando velha
— Não tô não! — ela se defende rapidamente.
— Aquilo ali é um cabelo branco? — ele aponta em direção ao topo da cabeça dela.
— É o que parece. Isso é um pé de galinha, Bella?
Em dois segundos ela atravessa o quarto, parando em frente ao espelho procurando por imperfeições em sua pele perfeita.
— Vocês são tão engraçados.
A piada de Bella ser completamente neurótica com a idade ainda era bem engraçada para mim, mas a cada segundo que passava ela parecia ficar mais rabugenta, como se o tempo estivesse a condenando. Claro, o tempo condenava todos nós ao mesmo fim, mas eu não via desse jeito. Sem a velhice nos esperando, a juventude seria apenas más decisões acumuladas sem propósito. Nunca iríamos crescer, evoluir. Estaríamos fadados a nunca ter a experiência completa de uma vida longa e harmoniosa. Eu, particularmente, adorava a idéia da velhice e todas as rugas e cabelos brancos, sentada em uma varanda apreciando todas as memórias de uma vida bem aproveitada ao lado das pessoas que amo. E espero que quando chegue esse momento, eu tenha realmente aproveitado a vida.
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𝐓𝐇𝐄 𝐀𝐋𝐁𝐀𝐓𝐑𝐎𝐒𝐒, embry call
FanfictionO ALBATROZ | Em algum ponto da história da humanidade, várias civilizações concordam na existência de almas gêmeas. Sejam elas ligadas por um fio invisível ou um mesmo corpo separado em duas partes condenadas a vagar pelo mundo até se juntarem no...