Capítulo Dois

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Em uma terra de deuses e monstros, eu era um anjo vivendo no jardim do mal

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Em uma terra de deuses e monstros, eu era um anjo vivendo no jardim do mal. — Gods & Monsters, Born To Die — Paradise Edition (Special Version), Lana Del Rey

A luz da manhã entrava pelas janelas da igreja, refletindo em tons dourados sobre os bancos de madeira polida. As vozes dos fiéis se uniam em um cântico de agradecimento, e eu me sentia envolvida por uma mistura de alegria e nervosismo.

Hoje, a celebração não era apenas mais um culto na igreja de meu pai; era um culto em agradecimento pela minha aprovação em Juilliard, em Nova York. Meu sonho desde criança, que tantas vezes parecia distante, finalmente estava se tornando realidade.

A congregação estava cheia. Membros da comunidade que conheciam minha família desde que eu era pequena, todos com sorrisos calorosos e palavras gentis. Meu pai, Pastor Harper, estava ao púlpito, a postura ereta e imponente, com sua voz firme ecoando pelas paredes brancas.

— Hoje, damos graças pela bênção concedida à minha filha mais velha, Adeline. — ele proclamou, os olhos passando pela congregação até encontrar os meus. Havia um misto de orgulho e preocupação em seu olhar. — Que ela siga sua jornada em Nova York com a proteção de Deus e mantenha seu coração puro, mesmo em meio às tentações do mundo.

Minhas bochechas coraram quando senti os olhares sobre mim. A expectativa pesava, mas a felicidade de saber que eu estava prestes a começar uma nova etapa, no curso de Música da Juilliard, superava qualquer receio.

A música sempre foi parte de mim, uma extensão da minha alma. Desde pequena, cantar e tocar piano na igreja eram momentos que me traziam paz, uma conexão com algo maior.

E agora, eu teria a chance de expandir isso, de me tornar quem sempre sonhei ser.

David, meu irmão mais novo, de doze anos, sentado ao lado de minha mãe, me olhava com admiração. Trocamos um sorriso breve, e eu soube que ele sentia tanto orgulho quanto meus pais, mesmo que não entendesse completamente a importância da mudança.

Após o sermão, a congregação começou a dispersar, e eu fui cercada por abraços e palavras de incentivo.

Todos ali pareciam compartilhar a empolgação da minha família, mas, ainda assim, senti um nó de saudade formar-se no peito. Não seria fácil deixá-los para trás.

— Adeline, minha querida, estamos muito felizes por você! — disse a Sra. Morton, uma senhora idosa que era praticamente uma avó para mim. Segurei suas mãos enrugadas, sentindo o carinho sincero.

— Obrigada, Sra. Morton. Vou sentir falta de todos! — respondi, sorrindo.

Meu pai se aproximou em seguida, a testa franzida em uma expressão que eu conhecia bem. Ele estava feliz por mim, mas a ideia de me deixar em uma cidade como Nova York o assustava.

— Lembre-se do que falamos, Adeline: — disse ele, a voz mais baixa, para que apenas eu ouvisse. — As tentações lá são grandes, mas sua fé e sua criação serão o seu guia.

A Obsessão do CapoOnde histórias criam vida. Descubra agora