Cap 2- NÃO PODEMOS FAZER ISSO!

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Vou direto para a cozinha, tomo meu café da manhã e, em seguida, saio para encontrar alguns acionistas em Saquarema. Mesmo de férias, passo o dia resolvendo questões do meu escritório de advocacia.um dos melhores do Rio de Janeiro Quando me dou conta, já é tarde da noite. Ao voltar para casa, antes de entrar, vejo a silhueta de uma mulher deitada na areia da praia. Ouço seus soluços chorosos de longe e eu vou até lá ver o que é, Fico surpreso ao encontrar Amerie, com uma garrafa vazia de vodka nas mãos e lágrimas escorrendo pelo rosto.

—Amerie? Você está bem?

Ela se assusta com minha voz, e eu me sento ao seu lado para tentar acalmá-la.

— Não precisa sujar seu terno caro por alguém como eu. Pode ir, vou ficar bem.

Sua voz embargada escancara o quão bebada e triste ela estava

— A menina prepotente que conheci ontem jamais diria algo tão depreciativo...

Amerie:

— Aquilo era só uma máscara. A verdadeira eu é assim, chorosa e patética.

— Se você agir assim, no final é o que todos vão pensar mesmo.

— Não preciso que ninguém pense nada sobre mim. Como eu te disse, não ligo para isso.

— Então, por que está assim?

—Quer mesmo saber?

—Se não quisesse não tinha me sentado aqui, com meu terno caro como você disse

—Vou te contar uma história, sobre uma menininha, que nasceu em uma cidadezinha pequena no interior de Minas, ela era feliz, e vivia desenhando pelos cantos, pelo chão, e pelas paredes, e mesmo sua família sendo pobre, mesmo ela não tendo oque comer, nem oque vestir, mesmo passando frio e fome com suas irmãs, ela era feliz, e continuava desenhando, desenhando dia e noite sem parar, ela ignorava os problemas entrando o seu próprio mundinho

mas quando foi crescendo, as coisas foram mudando, seu pai colocou ela e as irmãs pequenas para trabalharem em um alambique, ele disse que elas tinham que ajudar a trazer o sustento pra dentro de casa , elas passaram a cortar e triturar cana de açúcar o dia todo para fazer cachaça.  tiveram que abandonar os estudos porque, para o pai, dinheiro era mais importante que conhecimento. Trabalhavam dia e noite, quase escravizadas, bebendo apenas caldo de cana, dia e noite.

Desesperada, com a vida, aquela menininha  roubava cachaça e se embriagava sozinha escondido no canavial, desde os 12 anos. Até que o dono descobriu e chamou seu pai. Disse que não aceitava roubos e que a punição seria o corpo da menina. Ela tentou se agarrar ao pai, acreditando que ele a protegeria, ela se escondeu atrás de uma das suas pernas, mas ele a empurrou e a entregou aos lobos. Ela foi estuprada repetidamente, por anos

Quando completou 16, fugiu para a cidade grande sem olhar pra trás. Viveu com fome e frio, até conseguir um emprego em um restaurante, onde se tornou bartender mais tarde. Mas seu sonho mesmo era ser artista. Nunca parou de pintar, apesar das dificuldades. Mas nunca foi reconhecida por isso, e ao invés disso, foi enganada e roubada pelos outros

Olho para Klaus, que está completamente Em choque, e  sem reação. Não consigo conter o choro, e ele segura meu rosto com ambas as mãos, quase desesperado, olhando profundamente em meus olhos.

—Amerie eu nem sei oque te dizer... então aquele quadro na galeria, era realmente seu não é?

—Sim, há algumas semanas eu o levei até lá, eles, Elogiaram meu trabalho, mas como eu era uma artista "desconhecida", então  propuseram que eu cedesse a obra para outra artista assinar. Em troca, prometeram investir em minha carreira. Porém, depois de eu ter entregue a obra me descartaram como um chiclete velho. É isso que eu sou Klaus um chiclete velho mascado...

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