𝗥𝗔𝗜𝗭𝗘𝗦 𝗗𝗔𝗦 𝗦𝗢𝗠𝗕𝗥𝗔𝗦 ㅤִֶָ 𖥔 ݁ㅤ𝚊𝚐𝚊𝚝𝚑𝚊𝚛𝚒𝚘

Reunindo um coven

Na manhã seguinte, Agatha levantou-se com o nascer do sol e, em silêncio, escapou de casa, antes que sua mãe despertasse. As palavras do grimório ainda ecoavam em sua mente: para realizar o feitiço de conexão com o além, ela precisaria formar um coven, e cada membro deveria representar um dos elementos da natureza — Terra, Ar, Fogo e Água. Determinada a não perder tempo, ela foi até o rio próximo, onde imaginava que poderia encontrar uma bruxa com afinidade com a Água ou seja uma bruxa de poções.

Ao chegar, Agatha parou entre as sombras das árvores, observando atentamente o cenário. Foi então que avistou uma jovem inclinada sobre as águas, sussurrando palavras em um tom suave e melodioso que se mesclavam com o murmúrio do rio. Seus gestos eram graciosos, e uma aura de serenidade a envolvia — aquela era, sem dúvida, uma bruxa de poções. Agatha sorriu para si mesma, percebendo que o destino estava a seu favor.

Ela se aproximou com passos leves, fingindo surpresa ao interromper o ritual da jovem.

– Oh, não queria interromper – disse Agatha, com uma voz carregada de doçura falsa.

– Mas é raro encontrar alguém que entende a verdadeira linguagem do rio.

A jovem bruxa ergueu o olhar, surpresa, mas um sorriso gentil iluminou seu rosto.
– Não interrompeu. Eu... eu apenas estava praticando uma poção de cura. – Ela parecia um pouco tímida, mas visivelmente curiosa sobre a desconhecida que surgira do nada.

Agatha inclinou a cabeça, como se estivesse admirada. – Cura! Que poder maravilhoso. Poucos têm a graça de entender o fluxo da Água tão profundamente. – Fez uma pausa dramática, avaliando a reação da jovem.
– Eu também sou uma praticante da magia, e, como você, sinto que a natureza nos conecta a algo grandioso. Estou, na verdade, à procura de outras irmãs para formar um coven.

Os olhos da jovem bruxa brilharam, e ela deu um passo à frente, ansiosa. – Um coven? Nunca tive a sorte de ser parte de um.

– Pois é exatamente isso que me faltava também – Agatha continuou, baixando o tom de voz para um sussurro conspiratório.

– Nosso poder individual é grande, mas imagine o que poderíamos alcançar juntas. Estou reunindo bruxas que representam cada elemento. E ao seu lado, teríamos o elemento Água... o poder da cura, da sabedoria das marés e do movimento.

A jovem bruxa mordeu o lábio, parecendo considerar a proposta. Ela claramente não estava acostumada com a ideia de ser parte de algo maior, mas o desejo por pertencimento era evidente em seu olhar.

– Mas... o que exatamente faríamos com esse poder? – perguntou, em um tom cauteloso.

Agatha colocou a mão suavemente no ombro dela e sorriu com um ar compreensivo, mas seus olhos mostravam algo mais sombrio. – Imagine poder explorar magias antigas, feitiços que sozinhas nunca conseguiríamos. E mais do que isso: imagine o respeito e reconhecimento que teríamos entre todas as outras bruxas. – Ela fez uma pausa, deixando suas palavras ecoarem, sentindo a ingenuidade da jovem bruxa cair em sua rede. – Ter um coven é como ser parte de uma família, uma verdadeira irmandade.

A outra bruxa hesitou, mas a promessa de poder e pertencimento a cativou. – Eu… eu aceito. Seria uma honra fazer parte do seu coven.

Agatha escondeu o sorriso de triunfo que ameaçava escapar. – Maravilhoso. Você não vai se arrepender. Com a sua ajuda, vamos conseguir alcançar algo grandioso. Prepare-se para algo inesquecível, minha querida.

Após ganhar a confiança da bruxa da Água, Agatha guiou a jovem por uma trilha até a parte mais movimentada da vila, onde o ar estava sempre carregado pelo barulho de martelos e o cheiro de ferro quente. Pararam em frente à casa do ferreiro, uma construção robusta, com pilhas de metais e ferramentas por todos os lados. A jovem ao seu lado parecia hesitar, observando o lugar com curiosidade e certo receio, mas Agatha, com um sorriso confiante, apenas gesticulou para que a acompanhasse.