Há verdades que não encaro,
e mentiras que visto tão bem,
são confortos que me embalam
entre o que vejo e o que não quero ver.Na penumbra, me escondo de mim,
finjo que não há rachaduras,
pinto o que é frágil de ouro
e sigo sorrindo, sem culpa.Conto histórias ao espelho,
fantasias que acalmam o peito,
mas no fundo sei que são sombras
de uma luz que evito enxergar.Cada passo, um pequeno deslize,
entre o que sou e o que escolho fingir,
como quem caminha na borda
de um abismo que insiste em surgir.E assim sigo, meio cego, meio atento,
entre a luz e a sombra, num balanço incerto,
mentindo para mim mesmo,
sem saber ao certo se estou me salvando
ou apenas adiando o despertar.
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Vida Cotidiana
PoetryVida Cotidiana é uma coletânea intensa e visceral, onde 40 poesias capturam os dilemas e as emoções mais profundas do cotidiano humano. Nessa obra, cada verso se torna um espelho, refletindo as facetas de sentimentos universais como o amor em todas...