– Aqui está, Senhorita Yamagami - Reichii, o que ela entendeu como sendo o Kure ruivo, deixa a mala dela em cima da cama no quarto que designaram para ela - te traremos comida quando chegar a hora do jantar. Por enquanto não terá de socializar com ninguém, então terá tempo para se ajustar.
Ela se vira para ele e faz uma mesura educada.
– ... Obrigada, Senhor Kure - ela se ergue, a cabeça ainda baixa, as mãos no colo - perdão pelo incômodo...
– Heh, dispense as formalidades - ele assente - apesar das circunstâncias, a senhorita está segura. Agora... devo deixá-la em paz.
– Sim - ela observa ele fechar a porta de correr. Quando a porta se fecha, ela se senta na cama. Como os sapatos já foram removidos desde que entraram na casa tradicional japonesa, ela encolhe as pernas e descansa a cabeça entre eles, soltando o ar completamente. Começou a tremer, e logo tremeu mais forte, soluçando.
Ayami não pensava que a vida dela ia dar uma virada neste nível. Quando tudo estava indo bem: ela completou uma dificílima faculdade de advocacia, conseguiu o diploma, conseguiu finalmente passar na prova da associação de advogados enquanto estava estagiando numa firma... e de repente nada mais disso valia.
Ela estava em uma das situações mais absurdas que ela conseguiria conceber: cativa numa mansão tradicional japonesa com um bando de assassinos. Sim, ela tinha vindo por vontade própria, e ela sabia que, provavelmente, não fariam nada com ela se o pai dela não resolvesse fazer alguma coisa estúpida... mas estava certo que ela não tinha muitas expectativas nas quais contar. Estúpida, ela pensava consigo mesma, poderia ter pensado em algo menos absurdo que imitar a história de "a bela e a fera" e tomar o lugar do pai para ele não ser morto. Aliás, pra todo mundo não ser morto, nem ela, nem o irmão também. Só faltava uma maldita flor encantada e a tal fera.
Destruidores de gigantes... quanta arrogância. Sabia que isso um dia subiria à cabeça de alguém e tentaria mexer com time que estava ganhando... mas não sabia que isso viria do próprio pai dela, e com artimanhas escusas para fazer mais dinheiro... que eles nem precisavam, aliás. Os Kure, apesar de exclusivos, eram excelentes clientes, e as armas que eles adquiriam do catálogo Yamagami nunca eram as mais baratas...
Ela se sentia pagando o pato por algo que não fez, mesmo sabendo de tudo que tinha acontecido. Queria sumir, queria que ela não tivesse feito nada, queria que...
Uma batida na porta a alertou, e ela rapidamente enxugou as lágrimas dos olhos - p-pode entrar!
Uma moça de cabelos pretos curtos entrou, devagar.
– Oooii - ela disse, um pouco amigável - eu vim trazer teu jantar...
– Ah... obrigada - ela assente - p-pode deixar na escrivaninha, senhorita, eu... eu já me sirvo.
– Tudo bem - ela deixa o prato ali e então a encara. Ela também tinha as escleras escuras dos Kure, num tom bem leve de azul neon nas íris - Você está triste... quer falar sobre isso?
– Ah, bem... eu... - Ayami pigarreia - eu estou bem, só... - ela funga - só com saudade de casa.
– Ah, tudo bem, senhorita - a moça sorri, se sentando ao lado dela - se mudar para o clã não é algo permanente, você depois pode arrumar algo para você.
– Creio que não será possível - Ayami suspira - eu estou impossibilitada de sair... não está sabendo das coisas?
– Ah, estou. Na verdade eu fui uma das primeiras a saber - ela sorri - e não acho que seja tão ruim... Ah, perdão pelas minhas maneiras, prazer... meu nome é Kure Fusui, mas pode me chamar só de Fusui mesmo. Já que vamos ser bem próximas, né?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Devil's Food - The Heavy Bakery Kengan Fanfic Series 3
RomansaNo Universo de Kengan Ashura/Omega, Ayami Yamagami estava começando sua carreira como uma advogada quando descobriu que seu pai usava a empresa da família para fins nefastos, e fazendo isso, ela enfureceu ninguém menos que o Clã de Assassinos Kure...