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A tarde caía lentamente, e a casa em Niterói começava a se esvaziar de sons. Letícia e Ben, despreocupados com qualquer segredo, estavam na varanda, aproveitando os últimos momentos do feriado. Meu pai e Rosa ainda não haviam voltado da praia, e eu sabia que logo todos iriam embora, retornando à normalidade. Mas antes que isso acontecesse, eu precisava falar com Wagner.

Subi as escadas com passos firmes, o coração disparado. Havia um nó na minha garganta, a urgência de saber o que aconteceria conosco após esses dias juntos. Sem pensar muito, bati na porta do quarto dele e entrei. Wagner estava ao lado da janela, olhando para o mar, pensativo. Ele se virou quando me viu, e o leve sorriso que surgiu em seus lábios me deu alguma esperança.

— Precisamos conversar — disse, me aproximando, tentando controlar a ansiedade.

Ele assentiu, e por um momento ficamos em silêncio, as palavras presas no ar entre nós.

— Eu não quero que isso acabe aqui — soltei de uma vez. — Esses dias foram incríveis, e sei que você sente o mesmo.

Wagner passou a mão pelos cabelos, a expressão carregada de conflito.

— Você sabe que eu quero continuar... — ele começou, a voz rouca de tensão. — Mas é complicado. Você é filha do meu melhor amigo. Se Paulo descobrir, seria o fim da nossa amizade. E, sinceramente, ele confiaria em mim com você?

— Ele está tão envolvido com Rosa que nem vai perceber nada — respondi rapidamente, tentando abafar qualquer culpa que ele pudesse sentir. — Nós podemos ser cuidadosos.

Ele riu, mas havia uma amargura no som.

— Você fala como se fosse simples... Eu estou tentando fazer o certo, mas, droga, é difícil demais me afastar de você.

— Então não se afasta — insisti, colocando a mão sobre o peito dele. — A gente pode continuar se vendo, mesmo depois que sair daqui.

Wagner me puxou para perto, o toque firme, como se ele finalmente estivesse se permitindo ceder. O beijo que veio a seguir foi cheio de uma promessa silenciosa. Não era o fim, e nós dois sabíamos disso.

Quando nos afastamos, ele me olhou nos olhos, ainda preocupado.

— Vai ser complicado... mas eu não quero parar. A gente vai continuar.

Sorri, sentindo um alívio imenso tomar conta de mim. — Eu também não quero que acabe.

Ele fez uma pausa, como se estivesse hesitando em me contar algo.

— Eu também queria te dizer outra coisa... — começou ele, um pouco mais sério. — Consegui o estágio para você com meu amigo dono do escritório de advocacia. É uma oportunidade que acho que vai ser boa para você. Já está tudo certo para você começar na semana que vem.

Eu o encarei, surpresa.

— Wagner, isso é incrível! — Nem sequer conseguia esconder minha empolgação.

Ele sorriu, satisfeito com a minha reação.

— Fico feliz que tenha gostado. Você vai aprender bastante lá.

Antes que eu pudesse perguntar mais detalhes, Letícia apareceu na porta, com Ben logo atrás, ambos prontos para partir.

— Desculpa interromper, mas estamos indo embora. Só queríamos nos despedir — disse Letícia, com aquele sorriso travesso que ela sempre usava quando sabia de algo. Era a única dali que sabia fora eu e Wagner.

— A gente já desce — respondi, tentando soar casual.

Letícia deu uma piscadinha rápida, e então saiu com Ben, nos deixando sozinhos mais uma vez.

Wagner segurou minha mão e a beijou suavemente.

— Nos veremos em breve — prometeu, sua voz baixa e carregada de intenção.

— Eu sei que sim — respondi com um sorriso, sentindo a certeza de que aquilo não terminaria ali.

E assim, descemos as escadas juntos, cada um com seus próprios segredos, mas com a promessa de que aquele feriado seria apenas o começo.

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Little Secrets| Pequenos Segredos {Wagner Moura}Onde histórias criam vida. Descubra agora