Little Secrets| Pequenos Segredos {Wagner Moura}

●8●

O som dos saltos de Amanda, a secretária do Doutor Carlos Manuel, meu novo chefe, ecoava suavemente pelos corredores do escritório. Ela caminhava à minha frente, me apresentando os detalhes do lugar, sorridente e sempre atenta às minhas perguntas. Era o meu primeiro dia no estágio, e apesar do nervosismo, a simpatia dela me fez sentir mais à vontade.

— Essa aqui é a sua sala — disse Amanda, com um sorriso acolhedor. — Você vai trabalhar daqui por enquanto, mas pode usar as outras áreas à vontade.

Agradeci e entrei na sala, ansiosa para começar. Era espaçosa, bem iluminada e com uma janela enorme que dava uma vista direta para o prédio em frente. Quando me aproximei para ver melhor, algo familiar chamou minha atenção. Lá, do outro lado, em uma sala ampla e organizada, estava Wagner, sentado calmamente, lendo alguns papéis.

Meu coração deu um salto. Claro que ele não havia mencionado que seu escritório ficava exatamente ali. A surpresa fez meu sorriso se abrir automaticamente.

Peguei o celular sem pensar duas vezes e enviei uma mensagem para ele:

Malu:Quando ia me contar que eu ia trabalhar tendo você como vista?*

Aguardei alguns segundos, observando pela janela enquanto ele mexia no telefone. Quando ele leu a mensagem, vi o sorriso se formar no rosto dele, um sorriso que eu conhecia tão bem. Logo a resposta apareceu na tela:

Wagner:É a maneira mais fácil de te ver todos os dias, meu amor.*

Ri baixinho, sentindo aquele misto de surpresa e alegria que só ele sabia provocar. Meus olhos ainda fixos nele, e o dele agora, também, em mim. Era como se o tempo parasse por um breve instante, e naquele pequeno momento, o nervosismo do meu primeiro dia simplesmente desapareceu.

Amanda reapareceu na porta, me chamando de volta para a realidade.

— Está tudo bem? — ela perguntou, sem perceber a troca de olhares do outro lado da janela.

— Sim, está tudo ótimo — respondi com um sorriso, enquanto o celular vibrava de novo.

Wagner:Vamos almoçar juntos hoje?

Era como se ele estivesse ali, bem mais perto do que realmente estava. Sorri, pronta para mais uma resposta cheia de promessas.

___

O restaurante era aconchegante, com mesas de madeira rústica e um ambiente tranquilo, perfeito para uma pausa no meio do expediente. Quando cheguei, Wagner já estava lá, sentado numa mesa ao canto, mais reservado como sempre. Ele me olhou com aquele sorriso característico assim que entrei, e imediatamente meu coração acelerou.

— Já pedi sua bebida — ele disse, me puxando a cadeira. O gesto, embora simples, sempre me fazia sentir especial ao lado dele.

— Obrigada — sorri de volta, sentindo o calor familiar entre nós.

Conversa vai, conversa vem, e o almoço seguia tranquilo. Falamos sobre o escritório, sobre como foi minha primeira manhã no estágio, e até rimos de algumas pequenas coincidências. Estava tudo perfeito, até que, no meio da refeição, um grupo de colegas de trabalho entrou no restaurante. Um dos advogados, jovem e muito sociável, acenou para mim com um sorriso largo e amigável. Eu o conhecia do estágio, nada além disso, mas senti Wagner ficar tenso na cadeira ao meu lado.

— Quem é ele? — Wagner perguntou, sem tirar os olhos de mim.

— Ah, só um colega do escritório — respondi, sem dar muita importância.