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Entro dentro do Honda Civic Preto após Wagner abrir a porta do passageiro para eu entrar, eu não morava muito longe,mas como era Rio de Janeiro e véspera de feriado, a cidade estava num movimento caótico, então obviamente, enfrentamos trânsito.

- Me diz então, Malu, terminou teu relacionamento por quê?

- As cabeças não batiam, sabe. Parecia que eu estava lidando com uma criança. E ele queria "viver intensamente"- fiz o movimento de aspas com os dedos.

Wagner riu - Você sempre foi muito madura pra faixa etária tua e do Ben. Sempre reparei isso e quando eu você apareceu namorando com esse rapaz eu pensei "Ou ele joga o jogo dela ou eles se matam".

Eu ri - Dito e feito.

- Seu pai não gostava dele pelo jeito né?

- Ninguém gostava, na verdade nem eu sei se gostava, acredito que eu gostava do fato dele gostar de mim. Foi meio que por...Conveniência.

- Eu lembro que quando você e o Ben nasceram, eu brinquei com seu pai que vocês iam namorar, casar e tudo, pros nossos netos terem um pouco de cada um - ele deu um sorriso- Seu pai me socou no rosto.

Eu gargalhei, alto - Eu faria o mesmo, olha o absurdo que você disse.

- E vocês recém-saídos da maternidade!

- Cadê o senso,Wagner? Passou longe!!

Ele riu - Mas poxa,eu adoraria ter você como nora.

Ele limpou a garganta.

Eu ri de novo- É muito impossível!! Vejo o Ben como um irmão mais novo.

Ele sorriu - Eu sei, muito bem aliás.

- Acho que agora, eu tenho que me procurar alguém mais maduro, que vá me ensinar algo sabe? - fiz uma reflexão.

- Te falar, eu e teu pai somos de uma geração mais...Atitude,saca? Muito mais de fazer que de falar, então a gente julga praticamente tudo que essa molecada faz. Eu vivo puxando a orelha do Ben pra ele não virar um bunda mole.

- E funciona? - brinquei, ele ri de novo.

- Pouca coisa.

- Mas isso que você falou... É muito real, sinto que eles não sabem nem manter uma conversa concreta direito.

- Deve ser difícil pra você.

Os carros a frente começaram a andar, Wagner acelerou.

- Próxima parada?

- Batalhão da Família Montana!!!

Rimos juntos.

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Estavamos em frente a porta da minha casa. Um sobrado rústico antigo com um jardim imenso bem a frente, cercado por portões.

- Obrigada pela carona, Wagner - eu digo, dando um beijo na bochecha do mais velho.

- De nada,minha que- o adjetivo foi cortado porque sem querer, Wagner virou o rosto, e nossos lábios se encontraram.

Nos encaramos por alguns segundos muito lentos, antes de Wagner levar a mão a minha nuca e me dar um beijo de verdade, deslizando a língua para dentro da minha boca com intensidade. Me fazendo pensar se eu estava sonhando e iria acordar com 14 anos,novamente, criando cenários falsos com minha primeira paixonite:o pai do meu melhor amigo que por um caso do acaso, também era melhor amigo do meu pai.

Aprofundei ainda mais o beijo dando leves arranhões na nuca de Wagner, fazendo-o arrepiar.

Terminamos o beijo, ambos ofegantes e descabelados.

- Me desculpe, eu não conse-

- Shiiu! Tá tudo bem, não se desculpe por isso. Não sinta culpa alguma, eu já tenho 18 - sorri, dessa vez abrindo a porta do carro para sair.- Até mais, Wagner.

- Você é filha do meu melhor amigo, Malu,independente da idade, vai ser algo proibido - Wagner falou sério apesar do leve sorriso.

- Eu posso ser seu pequeno segredo.

Joguei dois beijos no ar antes de me virar,abrir o portão e ouvir o barulho do carro se afastando.

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Little Secrets| Pequenos Segredos {Wagner Moura}Onde histórias criam vida. Descubra agora