023. The storm comes early

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O campo de batalha estava finalmente quieto. O Athanarktos havia sido contido, mas a Soul Society estava longe de ter vencido. Tine se movia rapidamente entre os feridos, procurando por rostos conhecidos em meio ao caos. Quando finalmente avistou Haruki caído próximo a um muro parcialmente destruído, ela correu até ele.

— Haruki! — sua voz era uma mistura de alívio e preocupação enquanto ela se ajoelhava ao lado dele.

Ele estava ferido, com cortes profundos nos braços e um lado do rosto coberto de sangue seco. Ainda assim, Haruki tentou sorrir, como sempre fazia para aliviar a tensão.

— Cap... você tá bem? — perguntou ele, a voz fraca, mas carregada de preocupação.

— Eu tô bem, é você que tá um desastre! — respondeu ela, com um leve tom de repreensão enquanto começava a limpar os ferimentos dele.

Enquanto trabalhava, Tine sentiu algo estranho, como se uma sombra começasse a pairar sobre sua mente, de novo. Suas mãos tremiam levemente enquanto envolvia as ataduras no braço dele. O toque dela era hesitante, como se estivesse enfrentando um conflito interno.

De repente, a visão de Haruki pareceu desaparecer, sendo substituída por outra figura. Gutori.

Ele estava ali, diante dela, como se o tempo tivesse se distorcido. A lembrança veio como uma onda esmagadora: ela ajudando Gutori depois de um ferimento grave, as mãos manchadas de sangue enquanto ele dizia algo que ela não conseguia lembrar com clareza.

Você sempre me ajuda... mesmo sabendo que eu não deveria estar aqui.

A voz dele ecoou em sua mente, e por um instante, tudo parecia real novamente. O cheiro familiar de veneno inundou seu nariz, uma lembrança dolorosa de um passado que ela não conseguia escapar.

— Não... — ela murmurou, sua voz quase inaudível.

A imagem de Gutori era tão nítida que ela podia jurar que ele estava ali. Ela recuou levemente, as mãos ainda sujas do sangue de Haruki, mas agora pareciam ser as mãos dela no passado, segurando o veneno.

Gutori olhou para ela com um sorriso triste, seus olhos carregados de algo que ela não conseguia interpretar.

Mas então, de repente, a visão desapareceu, e ela estava de volta ao presente.

Haruki a observava com preocupação. — Capitã? O que foi?

Para ele, tudo parecia normal. Tine havia parado de cuidar dos ferimentos e agora o encarava com um olhar perdido e perturbado, como se estivesse vendo outra pessoa.

— Capitã Kaori? — insistiu Haruki, tentando se mexer, mas uma dor o fez gemer.

Finalmente, Tine pareceu voltar à realidade. Ela piscou várias vezes, respirando fundo para tentar se recompor.

— Nada, eu só... devo estar cansada, — disse ela rapidamente, voltando a tratar os ferimentos dele.

Haruki franziu o cenho. Algo não estava certo. O comportamento dela era estranho, e embora ela tentasse disfarçar, ele sentiu um leve cheiro de veneno no ar. Ele decidiu não dizer nada, mas a dúvida ficou em sua mente.

Enquanto ela trabalhava em silêncio, Haruki observava a expressão dela. Ele a conhecia bem o suficiente para saber que algo a estava incomodando. E mesmo que ela não admitisse, ele sentia que isso tinha a ver com o passado dela.

Tine, por outro lado, estava tentando afastar as memórias. Mas quanto mais ela tentava, mais elas pareciam emergir, como um veneno infiltrando-se em cada parte de sua mente. Ela precisava de respostas, mas, no momento, a única coisa que podia fazer era focar no presente.

Bleach: Veil On The Poison Onde histórias criam vida. Descubra agora