13 ★ Me adora

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13 ★ Me adora

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Após o último acorde, os garotos finalmente relaxaram, aliviados pelo fim da apresentação. Era tarde, quase duas da manhã, e eles já se preparavam para sair e se despedir dos fãs. Foi quando um som alto e inesperado cortou o ar – um solo de guitarra rasgado, agudo e destemido, que congelou todos no lugar.

— Que merda tá fazendo? — Hoseok sussurrou, tentando esconder o nervosismo. Ele encarou Jimin, que segurava a guitarra como se fosse sua última batalha.

O som ecoou pelas caixas, e a plateia, pega de surpresa, explodiu em gritos. Os outros membros ficaram imóveis, trocando olhares tensos, enquanto o loiro, firme, tomava a frente de Yoongi. Inspirou fundo, e, pela primeira vez, trouxe o microfone aos lábios.

— Tantas decepções eu já vivi... — cantou, deixando a voz vibrar e alcançar cada canto do local. A resposta veio instantânea: gritos, palmas eufóricas. — Aquela foi de longe a mais cruel. Um silêncio profundo, e declarei: só não desonre o meu nome.

O choque estalou Hoseok de volta à realidade. Ele tocou seu instrumento, acompanhando o loiro quase que instintivamente, enquanto Namjoon, em sintonia, se uniu na bateria. Os primeiros acordes formaram uma atmosfera elétrica, carregada de um significado não dito.

— Você que nem me ouve até o fim, injustamente julga por prazer...

Jungkook permanecia congelado, os olhos fixos no menor que cantava com uma intensidade amarga. Seus punhos cerrados e maxilar travado revelavam a batalha interna enquanto a voz de Jimin parecia provocá-lo, cutucando feridas que ele preferia manter fechadas.

— Será que eu já posso enlouquecer? Ou devo apenas sorrir? Não sei mais o que eu tenho que fazer pra você admitir...

Nesse momento, Jeon finalmente cedeu. Dedilhou o baixo com uma raiva contida, admitindo para si mesmo o talento que se recusara a ver. O som, áspero e quase cruel, se somava ao ritmo, e tudo no palco parecia pulsar em uníssono, uma mistura de ressentimento e paixão.

Yoongi e Taehyung assistiam de mãos dadas, envolvidos pela beleza dolorosa da performance. Park, de olhos fechados, buscava uma força oculta, como se a música fosse a única coisa capaz de sustentá-lo naquele instante.

— Que você me adora! Que me acha foda! Não espere eu ir embora pra perceber...

A letra atingiu o baixista como uma facada. Ele não desviou o olhar quando, no palco, o loiro o encarou diretamente. Aquela era uma mensagem – e estava sendo entregue diante de uma multidão, sem filtros, sem censura. Era um lembrete cruel do beijo que haviam trocado horas atrás, um último toque antes da queda.

— Perceba que não tem como saber, são só os seus palpites na sua mão... — A voz de Jimin era um misto de desespero e desprezo. — Sou mais do que o seu olho pode ver, então não desonre o meu nome.

Era a primeira vez em anos que a banda tocava assim – com o coração, a raiva, o orgulho ferido. Cada membro entendia o peso daquelas palavras, mas ninguém mais que Jungkook, que sentia seu orgulho desmoronar enquanto o som avançava, implacável, pela plateia.

— Não sei mais o que eu tenho que fazer pra você admitir que você me adora, que me acha foda...

No final, Jimin desviou o olhar, focando-se na plateia, enquanto as lágrimas marcavam seu rosto. A maquiagem escorria, e ele deixava tudo à mostra – sua dor, seu cansaço. O último acorde soou, e, com a voz quase trêmula, finalizou:

— Não espere eu ir embora pra perceber...

O público explodiu em aplausos e gritos. Alguns levantaram placas, outros choravam, outros estavam hipnotizados. O guitarrista os observou, sabendo que aquele momento ficaria para sempre em sua memória.

A bateria foi diminuindo, e, antes que as luzes se apagassem, o garoto pegou o microfone e disse, quase num sussurro:

— Eu vou sentir falta disso, com certeza.

Virou-se e saiu, sem dar explicações, deixando a multidão perplexa. As luzes se apagaram segundos depois, e os outros membros se dirigiram ao camarim, exceto Jungkook, que saiu quase correndo, olhos buscando algo, ou melhor, alguém, entre as sombras.

Ele o procurou desesperado pelo lugar. Sentia o peito apertar com a necessidade de gritar, de explodir tudo o que pensava, talvez se atracarem em uma discussão até que, exaustos, se rendessem ao desejo como antes.

Porque, porra, o beijo do seu ex ainda queimava em seus lábios, um gosto que ele tentara esquecer, mas que agora voltava com uma força avassaladora. E o pior de tudo era que ele se sentia um idiota – mas não queria ser o único a carregar esse peso.

Porra nenhuma seria resolvida se apenas ele tentasse consertar as coisas.

Pegou o celular para ligar para Jimin, mas a tela permanecia inerte, sem sinal de vida. Descarregado.

— Porra! — rugiu, ignorando os olhares preocupados dos colegas ao redor.

— Jungkook, cara... — Namjoon tentou chamá-lo, mas foi ignorado. Ele saiu correndo, pegando sua moto e acelerando pelas ruas desertas em direção ao casarão.

— É bom que você ainda esteja aqui...

Ao chegar, viu as luzes apagadas e soube, de imediato, que estava vazio. Entrou apressado, colocou o celular para carregar e subiu as escadas, indo diretamente para o quarto de Jimin, agarrando-se àquela última esperança.

Mas tudo o que encontrou foi o vazio, uma presença que ainda parecia ecoar no ar, mas que agora estava, definitivamente, ausente.

E tudo estava uma merda.

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