Trato feito, contrato fechado.
Ísis arrastava duas malas de rodinhas enquanto visualizava o iate de Elijah Andreev atracado, ele havia ordenado que a viagem fosse feita no iate. Apesar de não concordar, Ísis teve que aceitar calada pois não queria perder a oportunidade de conhecer e descobrir os misterios que cercavam a vida do Sr. Andreev.
Minutos se passaram quando o Sr. Orlov surgiu.
- Boa tarde! -- cumprimentou o homem.
- Boa tarde. - Ísis devolveu.
Orlov guio Ísis até o iate, onde ele entregou suas malas a um funcionário
- Seu pai não veio se despedir de você? Ela o seguia logo atrás, pois se sentia muito intimidade com o grande homem.
Ísis balançou a cabeça em um gesto negativo.
- Meu pai teve problemas com a minha meia irmã. - Ísis torceu os lábios.
O gesto não passou despercebido pelos os olhos de Fenri.
- Parece que você não se dá bem com ela. - Não era uma pergunta Ísis notou.
- Não.
- Por que? - Ísis começava a se sentir desconfortável diante de tantos questionamentos inconvenientes.
Decidida a dar um fim no interrogatório sem parecer chata ou grosseira respondeu.
- Somos meia irmãs, ela foi fruto de uma traição do meu pai. - um gosto amargo preenchia o seu paladar.
- Nossa! Que merda. - Fenri a guiou até uma área reservada com quatro espreguiçadeiras dispostas em frente a uma pequena piscina com hidromassagem. - Isso deve ser muito difícil.
Ísis ficou em pé ao lado da grade de proteção, ela olhava distraidamente para o oceano.
- Um pouco.
O celular de Fenri tocou, depois de um pedido de desculpa, ele se afastou e foi atender a chamada.
Ísis aproveitou esse momento de calmaria e encarou as belas águas do mar.
Uma lembrança há muito esquecida surgiu em sua cabeça.
Quando ela completou dez anos seus pais havia lhe feito uma festa de aniversário em casa, a piscina estava cheia, mas, nenhuma criança ousava entrar pois era muito funda e os adultos não permitiam que nenhuma criança entrassem.
Ísis lembrava-se de que enquanto os adultos comiam, bebiam e conversavam dentro de casa, ela brincava de correr com os seus amigos ao redor da piscina, quando derrepente Jade surgiu com uma boneca ruiva.
Bastou alguns segundos para Ísis ser deixada de lado por suas amigas que começaram a tentar chamar atenção de Jade, que brincava com a boneca.
A gota d'água foi quando Ísis percebeu que era a sua boneca que ela havia ganhado de presente de aniversário estava nas mãos de Jade
Uma discussão se iniciou, regada de provocações e palavras cruéis.
"Ninguém aqui gosta de você. Você será uma prostituta igual a sua mãe" Ísis mal teve tempo de calar a boca quando as unhas de Jade a acertou cheio em sua bochecha esquerda.
Em um acesso de raiva Ísis empurrou Jade para dentro da piscina. Mas, por instinto Jade agarrou o seu braço a levando junto para dentro da piscina.
Ísis sabia nadar.
Jade também.
Por longos segundos Ísis ficou deitada no fundo da piscina, uma de suas mãos agarrava firmemente o braço de Jade.
E então uma paz arrebatadora a preencheu.
Ela sabia muito bem prender a respiração por muito tempo, desde pequena ela e seu pai costumava brincar de prender a respiração debaixo d'água. Então para ela não havia nenhum incômodo ficar sem respirar, na verdade ficar debaixo d'água lhe trazia tanta paz...
Ela fechou os olhos.
Lembranças amargas preenchiam a sua mente duelando por um único espaço.
A dor da traição, a dor de ser uma vítima do egoísmo do seu pai e as suas mentiras a atormentava e a enchia do mais puro ódio.
Um movimento abrupto a despertou do seu momento de paz.
Seu pai surgiu nadando em sua direção, mas ao invés de a salvá-la, ele pegou Jade que ela ainda a mantia em seu agarre.
Jade não se mexia.
Parada como uma boneca de suas bonecas, totalmente inanimada.
Com um forte puxão seu pai a soltou e então a levou para a superfície, deixando Ísis sozinha.
Com um gosto amargo na boca ela percebeu que como sempre Jade era sempre a escolhida.
Ísis subiu a superfície a tempo de ver seu pai correr desesperado gritando ordens para o motorista e algumas pessoas. Em seus braços uma Jade inconciente.
Uma movimentação se iniciou, os convidados se dispersavam assustados e temerosos, restando apenas Ísis e sua mãe que a olhava intensamente.
Ísis não conseguia decifrar aquele olhar penetrante.
Ao anoitecer seu pai apareceu, com a face carregada de cansaço, Jade havia sido internada na UTI em estado grave devido a falta de oxigenação no cérebro por muito tempo, o que tornava o seu estado muito delicado.
E foi naquela noite que Ísis levou pela primeira vez na vida uma surra do seu pai.
Naquela noite enquanto levava as cintadas em seu bumbum ao ponto de sangrar Ísis desejou que Jade morresse no hospital.
Tomada por um ódio descomunal Ísis mordia a sua boca até sentir o sangue escorrer e suas unhas perfurarem as palmas de suas mãos.
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Lua Cheia
Любовные романыDragões, fadas, lobos... O mundo estavam cheios de historias sobre eles, mas nenhuma era verdadeira. Em tempos de trevas e dores, os pais sempre contam historinhas para os seus filhos dormirem, por trás de cada uma... há sempre uma lição e um ensina...
