Lua Cheia

🌕Capítulo 04🌕

Dragões... todos fortes e poderosos, sem exceções.

Mais poderosos do que qualquer outra espécie dominante.

Havia diversos Dragões, mas também havia eles... Os Dragões do Sol e da Lua.

Fortes e impiedosos.

Cruéis de natureza, o pesadelo dos mais fracos.

Eles eram os únicos que viviam em hierarquia e obedeciam a um único Titã.

Um Titã detinha o poder e uma fúria jamais vista, impiedosos, viviam a base da razão e moldados para matar.

A sua única fraqueza... era sua companheira.

Ao longo das histórias conta-se sobre a impiedade dos Titãs, mas também contam o amor e a devoção que eles possuíam por suas companheiras, talvez aquilo fosse o único resquício de amor que eles possuiam.

A história mais conhecida ocorreu a milênios de anos atrás, o Titã da Lua, o mais cruel já existido se apaixonou por uma humana, ambos viveram felizes por muitos anos. No entanto, o destino foi cruel e os separou.

Anos de mortes e escuridão se seguiram.

Nem o Titã do Sol intervil.

Na verdade louco seria quem intervise.

Os humanos tentaram lidar da melhor forma possível os impactos que a fúria do Titã da Lua causou em seu mundo.

Quando enfim os dias bons voltaram, não tardou  para que as terríveis histórias da vingança do Titã caísse no esquecimento.

Exceto para aqueles que viveram naqueles dias terríveis e ainda vivem.

Aquele Titã por anos carregou a dor e a culpa que o consumia, o cheiro de sua fêmea e filhotes ainda estavam entranhado em seu coração. Nenhuma vingança foi o suficiente para que ele ficasse em paz.

Ele ainda lembrava dos gritos desesperados de sua fêmea o chamando. O elo do companheirismo o permitiu sentir tudo o que sua fêmea sentiu.

A dor.

O medo.

O desespero.

A morte.

Ele viu o corpo sem vida de sua amada agarrada a dois filhotes, enquanto os outros dois filhotes estavam espalhados na terra já sem vida, como se tivessem sido arrancados de seu ventre.

Os olhos de sua companheira já sem vida estavam vidrados olhando para o céu escuro e sem estrelas. Naquele dia as mortes que se sucederam não foram o suficiente para aplacar o seu desejo de vingança e por anos a ânsia o consumia e o desejo mais perverso e cruel reinava.

Ele iria ter de volta tudo o que um dia foi tirado dele, nem que o mundo queimasse junto a ele.
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Ísis mal acreditava.

Ela estava diante do Sr. Orlov.

Esperançosamente ela olhou atrás do grande homem na esperança de que Sr. Andreev estivesse atrás do homem.

Nada.

— Boa noite. — cumprimentou o homem.

— Boa noite. — cumprimentou o seu pai. — Eu pensei que Sr. Andreev viria.

Decepcionada Ísis não devolveu o cumprimento.

— Ah! O Sr. Andreev teve um imprevisto, mas ele me enviou como representante.

Mentira...

Ísis podia ver a mentira.

Ela não era tola, ela havia investigado a vida de Elijah Andreev, o homem era tão rico e ao mesmo tempo recluso em sua ilha secreta. Não havia fotos dele em nenhum lugar, apenas o seu nome.

Conhecido pela fama de um homem rico e poderoso, ele também carregava a fama de nunca se mostrar para as pessoas.

Ísis sabia de tudo isso, mas no fundo ela tinha esperança de que ele viria para aquele jantar.

— Ah! Que pena. Eu compreendo, homens importantes sempre estão ocupados. — falou o seu pai. — entre Sr. Orlov, o jantar já será servido.

Ísis seguiu na frente  dos dois homens, enquanto seu pai guiava o convidado até a sala de jantar, onde estava posto na mesa variedades de comidas, frutos do mar, batatas, costelas de cordeiro...

Ísis se conformou em comer apenas a salada, pois estava de dieta.

Durante o jantar seu pai e o Sr. Orlov engataram em uma conversa de negócios, de vez enquando Ísis o pegava a olhando intensamente, mas o mais esquisito foi vê-lo cheirado o ar, como se estivesse farejando, Ísis passou a pensar que fosse coisas da sua cabeça.

Após o jantar ambos foram para a sala, onde seu pai serviu whisky russo para o convidado.

— Então, o Sr.Andreev ficou bastante interessado na proposta que o senhor fez, ele acredita que será uma união bastante proveitosa. — comunicou Orlov.

— Que ótimo! — Heitor mal disfarçava a felicidade, seus olhos brilhavam e quase podia-se ver as suas engrenagens funcionando em sua cabeça.

Ísis revirou os olhos, para ela aquilo era uma perca de tempo, os seus interesses eram outros.

Ela não fora criada para o mundo dos negócios, sua mãe dedicou a sua vida para torná-la uma esposa troféu e desde o inicio o seu interesse foi apenas arranjar um bom casamento e Elijah Andreev era o melhor partido para ela no momento.

Ísis já estava quase decidida a inventar uma desculpa para se retirar e ir pro quarto, quando o Sr. Orlov informou:

— O Sr. Andreev deseja que a senhorita Ísis seja o rosto da empresa dele no Havai, ele soube que a senhorita é uma belíssima mulher e nada seria melhor do que ter o seu rosto em nossa empresa. — Ísis notou que Orlov a olhava maliciosamente.

Ísis sentia que Fenri Orlov escondia secredos.

O seus olhares debochados e misteriosos carregavam sempre um duplo sentido.

— Oh! Que maravilha! — exclamou seu pai. — Ísis é linda e bastante comunicativa.

— É claro. Mais precisamos saber se a senhorita deseja fazer parte do nosso time, caso ela concorde, iremos firmar um contrato e marcaremos a sua viagem.

— Seria um prazer. É claro que eu desejo. — comunicou Ísis.

— Que bom. Irei providenciar um contrato e em quatro dias iremos nos reunir para fecharmos um acordo.

Planos já começavam a se formar na cabeça de Ísis.

Após duas horas de conversa Orlov se despedia de Heitor e Ísis.

Ao entrar em seu carro Feŋrÿ sacou o seu celular, já no terceiro toque, a voz do outro lado linha soou grossa e raivosa.

— Por que me ligou? — a voz impaciente o fez revirar os olhos.

— Apenas liguei para informar que tudo esta seguindo conforme o plano.

— Tem certeza que realmente é ela?

— Você viu as fotos e o cheiro é idêntico. Sem dúvidas é ela.

Um minuto de silêncio.

— Tudo bem. Não quero falhas. — o telefone desligou.

Feŋrÿ quis xinga-lo, mas optou por ficar calado, ele não queria provocar o Titã, ainda mais agora que ele estava quase certo de que sua companheira reencarnou.