ATENÇÃO!!! O CAPITULO DE HOJE POSSUI CENAS FORTES!!!! AVISO !
Jade.
Acordo sentindo os primeiros raios de sol esquentar a minha pele e o barulho das ondas abafando qualquer som ou ruído, me levanto e bato a areia grudada em meu corpo. Olho ao meu redor e constato que ainda devia ser muito cedo.
Meus olhos percorrem toda a praia, eu ainda sentia os efeitos das bebidas e das drogas da noite passada.
Com um longo suspiro faço o meu caminho de volta para casa.
Ao chegar em casa torço para não encontrar o meu pai, mas é em vão, pois o encontro sentado no sofá a minha espera.
Ele se levanta e vem em minha direção e antes que eu pudesse reagir sinto um tapa estalar no lado esquerdo da minha face.
Sinto o gosto do meu sangue.
— Não preciso perguntar onde você estava, pois só de olhar para o seu estado posso presumir que devia está agindo como uma qualquer.
Apesar da voz calma, posso ver os seus olhos injetados de pura raiva.
— Você é o meu maior erro e o maior desgosto. — seus olhos passam por todo o meu corpo com evidente desgosto.
Sinto a dor rastejar em meu coração, tentando me dominar, lágrimas brotam em meus olhos, minha garganta se aperta.
Balanço a minha cabeça, me nego a ser fraca na sua frente.
— Eu sou de maior e mando em mim mesmo. — o enfrento.
— Você é muito mais burra do que eu imaginava. VOCÊ! Não é nada sem mim e o meu dinheiro, você não tem para onde ir e não é ninguém! Então ser maior de idade não te faz melhor do que ninguém. — sua risada sarcástica me provocava e ao mesmo tempo me humilhava.
— Você está errado! Eu sou alguém.
— Não. Você é apenas uma viciada, depressiva. Um fardo e um peso em minha vida. Investi anos da minha vida tentando lhe dar um futuro, mas você joga a sua vida fora, diferente da sua irmã que tem uma carreira promissora e agora mesmo ela está em um grande projeto.
Lágrimas brotam em meus olhos, a dor era amarga e dolorosa, durante a minha vida toda sempre fui comparada com Ísis, na minha cabeça eu tinha que ser melhor que ela, era uma competição silênciosa, pois foi o único jeito que consegui me defender deles.
Amor e segurança.
Eu nem sequer conheci isso em meu lar.
— Eu sei que sou apenas um lixo para você, mas eu nunca pedi a sua benignidade e se você me acha um desperdício de tempo e dinheiro a culpa é sua!!! Eu não pedi para viver e nem está nesse inferno!
Aperto o meu punho contra o peito.
A gargalhada cruel do homem que se dizia ser meu pai, rompe pela sala.
— Você é mesmo uma fraca com este drama juvenil, eu pensei que já tivéssemos superado isso, você agi como uma adolescente.
— Drama?! Tudo o que você vê é: DRAMA! Durante a minha vida toda o senhor foi ausente, sempre lidou com os problemas com o dinheiro. Você me jogou em uma clínica qualquer apenas para que não caísse na imprensa a notícia de que o grandioso empresário tem uma filha drogada.
— Besteiras, não me culpe pelo o que você é. Ísis nunca me deu desgostos, diferente de você... — o desgosto estampado em seu rosto me destrói mais um pouquinho. — Agora vá para o seu quarto, você ficará de castigo.
Antes que eu possa objetar ele sai da sala me deixando sozinha.
Junto o resto de dignidade que me sobra e vou para o meu quarto.
A tristeza me abate.
A dor na alma é intensa, mas não quero sentir essa dor, eu prefiro a dor física do que a dor que sinto em meu coração.
Cravo a minhas unhas no corte na palma da minha mão, ao qual infligi ontem. Sangue escorre em abundância, mas não suficiente, nada é suficiente.
Preciso da dor, preciso sentir a morte lamber minha alma.
Corro até o meu banheiro, vasculho nas gavetas e encontro a lâmina de barbear.
Sento-me no chão do banheiro, não titubeou quando passo a lâmina afiada em minha pele quase pálidas. Lágrimas se misturam com o sangue.
Aos poucos mais cortes são acrescentados ao meu pulso.
Mais não é o suficiente, nada é suficiente para acabar com a dor que me sufoca.
A dor de não ser amada.
Aprofundo um corte e um jorro de sangue sai do meu pulso.
Eu queria morrer.
Estava muito cansada para lutar.
Quando criança eu desejava ter um lugar especial na minha familia e ser amada.
Tolices.
Quando criança eu tinha a inocência e acreditava que tudo era normal.
Os maltratos.
O desprezo.
O ódio que as pessoas tinham de mim.
Isso foi antes de eu descobrir a minha real origem, que até então eu não tinha a ideia.
Eu tinha apenas seis anos de idade quando em uma festa do pijama Ísis me apresentou para as suas amigas, me lembro de ter ficado feliz, Ísis nunca demonstrou gostar de mim, nunca quis que eu frequentasse o mesmo lugar que ela estivesse e derrepente eu estava lá junto com suas amigas, quando de repente ela contou para todas que eu era uma bastarda fruto de uma traição, Ísis não poupou as palavras, zombou e humilhou.
Corri como louca enquanto escutava as zombarias e as risadas das garotas.
Neste dia em diante percebi o porquê de tudo e que o problema não era o que fazia era o que eu era.
Eu era o problema.
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Lua Cheia
RomansaDragões, fadas, lobos... O mundo estavam cheios de historias sobre eles, mas nenhuma era verdadeira. Em tempos de trevas e dores, os pais sempre contam historinhas para os seus filhos dormirem, por trás de cada uma... há sempre uma lição e um ensina...
