𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐

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𝐏𝐎𝐕 𝐍𝐢𝐜𝐨𝐥𝐞

O ar dentro do armário é sufocante.

Sim, armário. Ela me trancou em um maldito armário. Um armário embaixo de uma escada. Sério, o que há com bruxas e armários debaixo da escada? Isso é algum tipo de fetiche mágico ?.

Mal consigo me mexer aqui. Esse quartinho está se fechando, e o cheiro de mofo me nos nervos. Enquanto isso, Agatha está na sala com o Billy, "interrogando" ele. Ou, sei lá, o que quer que ela chame de interrogatório no mundo maluco em que ela vive.

Pressiono meu ouvido contra a porta. Se for para morrer aqui, pelo menos quero saber com que tipo de merda estamos lidando. Eu já sei que Billy vai estragar tudo – é um talento natural dele. Vou morrer em um armário, do lado de botas de chuva e uma vassoura. Se isso não for um resumo deprimente da minha vida, eu não sei o que é.

"O que te fez invadir a casa de uma detetive condecorada ?" pergunta Agatha, com aquela voz arrogante dela. Detetive? Desde quando ela virou Sherlock Holmes? Vai se ferrar, Agatha.

"Detetive? Não era isso que eu esperava, mas posso ver isso totalmente para você." Billy responde com a maior cara de pau. Dá pra ouvir a tremedeira na voz dele. Não provoca, seu burro. Sério, eu vou matá-lo se a Agatha não fizer isso antes.

Reviro os olhos e começo a me contorcer, tentando me livrar das cordas. Tesoura? Algo afiado? Claro que não. Ninguém tem essas coisas no armário. Quem tem? Psicopatas, talvez. É isso. Eu não vou morrer aqui. Esquece. Se eu tiver que sair pulando feito um coelho desajeitado, eu vou sair.

Levanto com dificuldade, tentando não derrubar um balde de esfregão que está convenientemente colocado no meu caminho. Ótimo lugar pra ele, viu, Agatha. Parabéns. Empurro a porta com cuidado, e o corredor está vazio. Ótimo. Minha respiração tá tão alta que parece um anúncio de que estou fugindo.

Outro dia, outra missão de 'salvar o Billy de ser um completo imbecil'.

"Você ouviu o que eu disse?" Agatha pergunta na sala.

Droga. Não dá mais pra voltar.

Começo a pular pelo corredor, as cordas me transformando numa mistura de coelho e pinguim. Cada rangido do chão me entrega um pouco mais. Na sala, vejo Agatha começando a perceber que tem algo estranho acontecendo.

"Nick ?" Billy solta, com aquela cara de 'isso não pode estar acontecendo.'

"Lança o feitiço logo!" Eu praticamente cuspo as palavras enquanto tento me soltar. Por que alguém tem cordas em casa, Agatha? Tá planejando um sequestro ou é só decoração temática de psicopata?

Billy finalmente se toca e puxa o livrinho de feitiços dele. Ele começa a murmurar as palavras enquanto as mãos tremem tanto que eu quase peço pra fazer eu mesma.

"Exsolve hanc feminam defixam... Exsolve hanc feminam defixam..."

Agatha não estava nem tentando entender. Ela nos olha como se estivéssemos prestes a explodir a casa inteira. E, do nada, ela pega a fita adesiva e rasga um pedaço com os dentes. Que classe, hein. Fita adesiva é o menor dos nossos problemas agora, mas se ela colar minha boca de novo, eu juro que vou dar uma cabeçada nela.

Billy continua lançando o feitiço, na esperança de que isso a liberte antes que ela nos empurre de volta para o armário.

                                           **

Seis horas. Fazem seis malditas horas que Agatha nos jogou nesse armário imundo. Honestamente, algumas coisas sobre Agatha fazem sentido agora. Billy tem choramingado como um cachorrinho desde que uma briga começou, nós podíamos ouvir Agatha falando com uma mulher que claramente a queria a sete palmos do chão.

"Ah, certo, vocês dois" murmurou Agatha, olhando para cima e para baixo como se estivéssemos nos intrometendo. Quero dizer, fomos intrusos ontem, foi ela quem trancou dois adolescentes em seu armário por uma noite inteira. Esse é um motivo para chamar a polícia. A verdadeira polícia, muito obrigada.

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LEGACY - AGATHA ALL ALONGOnde histórias criam vida. Descubra agora