PS: Ainda amo você | JK + S/N

chapter 7

Jeon Jungkook

Cinco anos depois.

Estou caminhando lentamente pelo parque, respirando fundo o ar fresco, enquanto o verde das árvores ao meu redor parece quase brilhar sob o sol. Há pessoas passando, rindo e conversando animadamente. O céu está claro, e a luz suave preenche o ambiente, criando um cenário de paz que eu costumava apreciar. Mas hoje, essa paz me escapa.

Há uma inquietude dentro de mim, uma ausência que me persegue como uma sombra, incompleta e incômoda. Meus olhos vagam entre as árvores e as crianças correndo ao redor, como se, de alguma forma, esse espaço natural pudesse preencher o vazio que carrego no peito. Chego até a área infantil do parque e paro sem realmente planejar, hipnotizado pela cena diante de mim. O playground está repleto de risos infantis e o som da areia sendo chutada sob pés pequenos. Sento-me em um banco e deixo que meu olhar passeie pelos brinquedos, por todas as crianças, pelo riso despreocupado.

Quase sem perceber, meus olhos se prendem em um grupo específico de crianças. Um menino de aproximadamente cinco anos, brincando com uma garotinha de três e outro garoto da mesma idade. Eles riem enquanto constroem castelos de areia e desafiam um ao outro nos brinquedos. O menino é bonito, o rosto iluminado pela inocência que a idade ainda preserva. Por um instante, me perco na imagem daquele garotinho, e uma pontada de nostalgia, misturada com uma sensação de perda gigantesca, me invade por completo.

Meu coração parece vacilar quando uma mulher se aproxima das crianças.

Sinto meu corpo enrijecer ao reconhecê-la de imediato. É S/N. Ela sorriu com ternura, com o carinho suave e a paciência que sempre admirei. Sinto como se o ar ao meu redor tivesse mudado, ficando mais denso e sufocante. É inevitável. Ela parece tão natural, tão serena ao lado das crianças, e algo dentro de mim se quebra. Observo cada detalhe dela, cada gesto, como se estivesse congelado. O tempo parece desacelerar, enquanto a vejo se abaixar e acariciar o rosto da menina, ajudando-a a ajeitar um laço que estava prestes a cair.

— Você está indo muito bem, querida — Ouço S/N dizer com um sorriso suave, a voz dela tão familiar que me dilacera o peito. Tento me convencer a me levantar logo, ir embora antes que ela me veja próximo de seus filhos, mas meus pés parecem presos ao chão.

Então, para meu espanto, vejo Taehyung se aproximar dela.

Ele parou ao lado dela, observou as crianças brincarem, e em um gesto que aperta ainda mais o meu coração, ele coloca uma mão gentil no ombro de S/N. Eles trocam um sorriso silencioso e cúmplice, e a dor dentro de mim se transforma em uma torrente de sentimentos que eu nem sei nomear. Não consigo evitar imaginar o que eles devem estar falando, o que devem estar sentindo. Como será que eles conversam sobre o futuro das crianças? Como será que eles compartilham o que eu costumava sonhar que seria meu? Minha respiração fica pesada, e tudo o que posso fazer é continuar observando, impotente.

Apenas olho para eles, meu coração em pedaços, mas sem qualquer direito de protestar ou questionar. A cena diante de mim, de S/N e Taehyung juntos, assistindo as crianças brincarem, ficará gravada para sempre em minha memória, um lembrete doloroso do que perdi. Dou um passo para trás, então outro, até que me afasto, deixando para trás o som das risadas infantis e as vozes que um dia imaginei que seriam parte da minha vida.

Mas, elas eram parte da minha vida.

A minha história não é essa.

Estou caminhando pelo parque com os pensamentos em paz, envolto em uma serenidade que somente agora, com o tempo, aprendi a valorizar. As árvores balançam com a brisa leve, as folhas farfalham suavemente, e o céu está claro, pincelado de nuvens esparsas que parecem flutuar sem pressa. Há algo profundamente familiar e reconfortante nesse ambiente, como se ele refletisse o estado da minha vida atual, um equilíbrio sereno, construído após tantas idas e vindas. Ao longe, vejo meus filhos brincando na areia.