Incomum - Gabriel Barbosa

Erro - 18

Aurora Santiago
08:17, sábado

Me encontro deitada na cama com um milhão de pensamentos. O tatuado dormia tranquilamente ao meu lado. Por que caralhos eu deixei aquilo acontecer? Tipo, não é real. Nada disso é real. Já estamos com um mês e alguns dias de contrato e agora as coisas vão desandar? Dormir juntos, pensar nele toda hora, querer estar sempre por perto. Isso não acontecia antes então por que agora?

Decido levantar pra tirar esses pensamentos da cabeça. Vou pra cozinha comer alguma coisa e depois vou para o quintal, coloco meus pés sob a água gelada da piscina e beberico um gole do suco de acerola natural que eu estava tomando. Pouco tempo depois o jogador aparece na área externa, como sempre sem camisa.

— Bom dia.

— Dia. – Levanto meu copo como forma de brindar.

Assim que terminei de tomar o suco, eu subi novamente até o quarto e comecei a juntar minhas coisas que eu havia trazido. Já tinha planejado voltar pra casa hoje antes mesmo do acontecido dessa madrugada.

— Devo ir no shopping mais tarde comprar umas roupas. Vai querer ir?

— Acho que não. Da pra me deixar em casa quando você for?

— Já vai? Achei que ia ficar mais.

— Foi só por causa dos meus avós, lembra?

— Ata. Te levo depois então.

    Já era de tarde. O restante da manhã não fizemos nada de mais, só assistimos filmes de animação.

— Vamos comigo no shopping rapidinho, só vou comprar uma blusa lá. Bom que aparecemos mais em público pra reforçar.

— Ta bom, vai!

Estava andando de mãos dadas com o jogador pelo shopping, algumas pessoas vieram pedir foto, outras tiraram de longe mas nada que eu já não tenha me acostumado. Entramos na loja do Flamengo e Gabriel me manda escolher algo e depois de dizer muitos "não", eu acabo escolhendo um uniforme branco com o número do jogador e meu sobrenome.

Foi realmente só para fazer algumas compras então não demorou muito e já estávamos no carro novamente. Já era quase noite quando ele estacionou na frente da minha casa.

— O que foi que você está assim?

— Assim como? – Me faço de sonsa. O pôr do sol estava lindo e eu conseguia ver perfeitamente de dentro do automóvel, olhava para ele afim de evitar contato visual com o jogador.

— Diferente. Está mais quieta, e você sempre gosta de falar.

— É coisa da tua cabeça.

— Não é não. Tá assim desde ontem. O que que é, não queria que aquilo tivesse acontecido? Era só falar que...

— Não é nada, Gabriel! – Interrompo o mesmo. — Tem dia que eu só não quero ficar falando um monte.

— Certeza?

— Sim. Já vou entrar, tá bom? Muito obrigada por ter me abrigado esses dias. – Rimos.

— Tá bom, beijos. – Ele espera no mesmo lugar até que eu adentrasse para poder sair com o carro.

Entro em casa apenas para deixar minhas coisas e saio, atravesso a rua e sigo até a casa da esquina, onde Juliana morava. Fico esperando a mesma me atender. Eu já tinha falado com ela que viria então ela me atendeu bem rápido.

— Vai, me conta oque rolou. – Me sento no sofá enquanto minha amiga me servia uma taça com vinho.

— A gente transou. – Digo sem a mínima enrolação.

— O QUE? Finalmente, né! Achei até que já tinham feito isso antes.

— Não, e nem era pra ter acontecido.

— Por que não, garota?

— Por que era só pra gente fingir! No público!

— Ah, para! Até parece que vocês iam ficar 3 meses sem transar!

— Cara, não importa! Tipo, sexo, sexo tem que ter conexão. Tem que se entregar, literalmente, pra pessoa! E isso não era pra acontecer porque não é de verdade!

— Aproveita o momento, mana! Você esta na chuva pra se molhar!

— Você não tá me entendendo. Eu simplesmente não consigo parar de pensar naquele momento. Eu só transei com 3 caras diferentes, além dele, porque foram meus namorados! 

— O Gabi é seu namorado.

— De mentira! – Rio de nervoso. — Isso tem prazo pra acabar. E oque aconteceu, pra mim, é um nível de intimidade enorme. O cara literalmente me viu sem roupa! E a gente não precisa fingir pra nós mesmos, só pro povo.

— Primeiro, vai devagar no vinho. – Ela pega a taça da minha mão que agora estava vazia. — Segundo, eu sei que você não tá acostumada a viver no modo foda-se, porque você sempre foi muito preocupada com os pensamentos alheios sobre você. Mas tudo bem você transar com alguém que não é seu namorado! Isso acontece e é até que bem normal. Fora que para o público, vocês são um casal real, então as pessoas já imaginam que isso aconteça entre vocês.

— Pela primeira vez eu não estou preocupada com os pensamentos alheios, e sim com os meus.

— Você está gostando dele, né?

— Cara, a gente passou, sei lá, 2 semanas morando juntos e aí no último dia eu dou pro cara. Pelo menos pra mim, isso envolve muito mais sentimento.

— HA! Eu sabia que isso ia acontecer! – Ela ri, me fazendo gargalhar também.

— Idiota! – A empurro de leve.

— Mas amiga, agora é sério. Se você acha que isso vai atrapalhar, só fala pra ele. Não deixa acontecer de novo. Porque, eu concordo, fazer sexo com alguém é automaticamente ter mais confiança e desejo por aquela pessoa. E se vocês só vão ficar nessa de contrato, quando acabar vai ser bem mais complicado se envolver isso tudo.

— É você está certa.

— Eu sempre estou. Agora vamos pintar a unha e assistir algum filme. – Ela se levanta do sofá e volta com sua caixinha com coisas para unha. E assim que foi o resto da minha noite de sábado. Maratona de filmes e unhas pintadas.