Capítulo 3: Olhares que desafiam

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A noite caiu lentamente, e o céu estava tingido de um tom profundo de azul, quase negro, com as primeiras estrelas começando a brilhar

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A noite caiu lentamente, e o céu estava tingido de um tom profundo de azul, quase negro, com as primeiras estrelas começando a brilhar. Eu estava em casa, tentando encontrar alguma normalidade em meio ao turbilhão de pensamentos que se passavam pela minha cabeça. A lembrança de Christopher ainda estava viva em minha mente, como uma chama que não se apagava. Cada palavra dele reverberava dentro de mim, uma batalha constante entre o que eu queria acreditar e o que ele parecia saber sobre mim.

Eu estava na sala de jantar, distraída, folheando um livro sem realmente lê-lo. A casa estava tranquila, e o som do vento soprando lá fora era uma tentativa de me fazer esquecer o que tinha acontecido mais cedo, no cais. A porta da cozinha se abriu, e minha mãe entrou com um sorriso no rosto, mas parecia que ela estava tentando esconder alguma preocupação. Talvez percebesse que eu não estava tão bem quanto parecia.

— Lavínia, querida, você sabia que o Christopher viria hoje à noite? Ele nos disse que queria jantar conosco — minha mãe falou, um pouco animada. Ela sempre gostou de momentos como esse, de reunir amigos, especialmente os amigos de longa data. — Seus pais vão vir também. Vai ser bom para vocês dois se verem mais.

Eu fiquei parada por um instante, sem saber como reagir. Christopher? Filho dos amigos deles, que conheci desde pequena? Aquele Christopher que parecia entender cada canto escuro da minha mente, como se soubesse onde eu guardava minhas inseguranças, meus medos? O mesmo Christopher que, apesar de tudo, me causava uma confusão imensa, uma mistura de raiva e… algo mais, que eu não estava disposta a enfrentar.

Minha mãe, naturalmente, não percebeu nada disso. Ela continuou com seu tom otimista, como sempre fazia, pronta para qualquer interação social. Eu, por outro lado, estava me afundando nas minhas próprias reflexões, tentando processar tudo o que havia acontecido.

— Não sabia que ele viria, mas tudo bem — eu disse, tentando manter a voz o mais neutra possível. — Vai ser bom, eu acho.

Minha mãe sorriu com aquele olhar encantador de quem estava feliz em reunir a família e os amigos. Eu me senti como uma estranha à parte, mas não disse nada. Eu sabia que minha mãe tinha boas intenções, e estava muito acostumada com as visitas de seus amigos de longa data, especialmente os de Christopher, cujos pais eram parte de nosso círculo social há anos.

À noite, a casa foi se preparando para a chegada dos convidados. O cheiro de comida fresca começava a preencher os cômodos, e a mesa de jantar estava cuidadosamente posta. Eu sabia que, quando Christopher chegasse, ele provavelmente traria aquele ar confiante e irreverente, como sempre fazia, com aquela facilidade com a qual conquistava todos ao seu redor, inclusive os meus pais. Era uma habilidade dele, algo que eu não podia negar, embora me causasse um certo desconforto.

Minutos depois, a campainha tocou, e quando a porta se abriu, lá estava ele, com o sorriso largo e a postura impecável, como se não houvesse nada no mundo que o abalasse. Ele cumprimentou meus pais com a simpatia de sempre, apertando as mãos do meu pai com firmeza, falando algo sobre o trabalho que estava fazendo com os pais dele, e fazendo elogios à minha mãe sobre como ela estava radiante.

— Boa noite, Lavínia — ele disse, virando-se para mim com aquele olhar curioso, como se tivesse me estudado a partir do momento em que entrou. Não pude deixar de perceber que ele estava me observando de uma maneira que me fazia sentir exposta. Havia algo em seu olhar, algo que me desafiava, me fazia querer desvendar os próprios sentimentos que eu não queria encarar.

Eu apenas acenei com a cabeça, tentando não demonstrar o quanto estava nervosa. No fundo, eu sabia que ele percebia tudo. Cada gesto meu, cada suspiro, cada palavra ditada em tom baixo.

Nos sentamos à mesa, e o jantar seguiu de maneira tranquila, apesar da tensão que eu sentia. Meus pais estavam conversando alegremente, como se não houvesse nada de anormal, e Christopher, como sempre, participava de tudo com facilidade. Falava de viagens, dos novos projetos dos pais, de suas ambições pessoais. Ele era encantador. Sempre foi.

Mas algo na maneira como ele olhava para mim me desconcertava. Ele sabia o quanto suas palavras me atingiam. Ele sabia que eu não conseguia simplesmente ignorá-lo, apesar de toda a minha tentativa de disfarçar.

— Como anda a faculdade, Lavínia? — ele perguntou, de repente, com um sorriso nos lábios, mas com um olhar que parecia pesar nas minhas reações. — Ainda pensando em seguir a área de artes? Ou tem mudado de ideia?

Eu estava preparada para essa pergunta. Era algo que sempre surgia quando nos encontrávamos, uma daquelas conversas casuais que meu pai adorava puxar, mas, por algum motivo, aquela simples questão fez meu estômago revirar. Como ele sabia disso? Como ele sabia que eu estava em dúvida sobre tudo, inclusive sobre meu futuro?

— Ainda estou decidindo — respondi, tentando manter a calma. — Talvez eu faça uma pausa para refletir melhor.

Christopher não disse mais nada, mas continuou a me observar, de maneira quase imperceptível. Ele parecia gostar de me deixar desconfortável, e, por mais que eu tentasse não demonstrar, a tensão entre nós estava evidente.

O jantar seguiu, mas minha mente estava longe. Eu sabia que, por mais que ele fosse filho dos amigos dos meus pais, por mais que o tempo entre nós tivesse sido amigável no passado, ele não era mais o mesmo. E eu também não era.

Quando finalmente nos levantamos da mesa e os pais dele se despediram, Christopher se aproximou de mim uma última vez antes de sair, com aquele sorriso cínico que me fazia questionar tudo.

— Nos vemos em breve, Lavínia — disse ele, sua voz baixa, quase como um sussurro. E, naquele momento, eu soube que ele não estava apenas falando sobre o jantar de hoje.

Eu estava profundamente desconcertada. O que ele queria? O que realmente estava acontecendo entre nós? Como eu poderia lidar com isso?

Enquanto a porta se fechava atrás dele, uma sensação de vazio tomou conta de mim, e, pela primeira vez naquela noite, percebi que minha vida estava prestes a mudar de uma maneira que eu não estava preparada para enfrentar.

...

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⏰ Última atualização: 14 hours ago ⏰

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