Capítulo 07

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Capítulo 07

Tomada por pensamentos, Adriana tirou o calçado dos pés e caminhou em silêncio até a cama para não acordar Gael, que já dormia profundamente. Ela se sentou e encostou na cabeceira da cama, abraçando os próprios joelhos enquanto a sensação do beijo de Zé ainda pulsava em sua mente. O quarto de hotel estava silencioso, mas sua mente estava longe de qualquer calmaria.

"Eu beijei o Zé," ela murmurou para si mesma, tentando, talvez, organizar a confusão de sentimentos que se formava em seu peito. Como se repetir essas palavras pudesse torná-las menos intensas, menos reais. Era o mesmo Zé que ela conhecia há anos, com quem havia compartilhado cenas, risadas e conversas durante todos os trabalhos que fizeram juntos. Mas, de repente, ele era alguém diferente, alguém por quem seu coração acelerava só de lembrar da intensidade daquele momento.

O beijo tinha sido doce, um toque suave, mas por trás havia uma urgência e uma proximidade que ela não imaginava sentir por ele. Ela tentava entender como tudo aquilo havia começado. Talvez fossem os olhares que vinham se prolongando demais, os sorrisos que escapavam sem motivo aparente, ou talvez a dança... aquela dança no casamento de Ló e Ayla. Mas, de certa forma, parecia ainda mais profundo que isso.

Ainda assim, Adriana sentia um peso esmagador de incerteza. Como ela poderia estar se apaixonando por alguém que ainda estava com outra pessoa? E mais do que isso — por que não conseguia simplesmente afastar esses sentimentos? Zé estava comprometido. Tinha uma namorada. E, embora ele e Ariadne estivessem em uma fase complicada, não era justo com ninguém.

Ela fechou os olhos e suspirou profundamente, tentando afastar o aperto no peito. "Não, eu não posso me envolver assim," pensou. Ela precisava manter o foco, lembrar-se do que era certo e manter uma barreira. Mas o coração não se deixava convencer facilmente.

Contudo, ela teria que lutar para não ceder dali para frente. Faria o impossível para não sair mais do campo profissionalismo e amizade! Nada mais que isso.


***

Zé estava deitado na cama após um banho, encarando o teto do quarto de hotel, mas seus pensamentos estavam a milhares de quilômetros dali. As luzes suaves do abajur criavam sombras nas paredes, e o som distante das ruas do Marrocos entrava pela janela semiaberta, mas nada disso conseguia distraí-lo. Ele fechava os olhos e revivia o momento — o beijo que compartilhou com Adriana.

"Adriana." Seu nome ecoava em sua mente com uma doçura que ele nem sabia que era possível sentir. A lembrança do toque suave de seus lábios o fez sorrir sem querer, mas logo o sorriso se apagava, substituído pela confusão e pela culpa. Havia algo naquela mulher, uma conexão genuína que surgiu sem pressa, mas que agora era impossível de ignorar. Ele sempre a admirou como colega e como amiga, mas a intensidade que se revelou entre eles os pegou completamente desprevenidos.

Mesmo assim, a imagem de Ariadne atravessava seus pensamentos, trazendo uma onda de desconforto. Ele e Ariadne estavam juntos há tanto tempo que ele nem lembrava mais como era estar com outra pessoa. Ela tinha sua vida, suas viagens constantes, e ele tinha sua carreira. E talvez, no fundo, ambos já tivessem se acostumado a essa distância, essa rotina em que pareciam apenas cruzar caminhos em horários desencontrados. Mas ela ainda era sua namorada. A relação, embora desgastada, não estava oficialmente terminada.

Zé respirou fundo, tentando organizar o caos de emoções. Ele sabia que algo tinha mudado entre ele e Adriana, e não era algo passageiro. A lembrança dos olhos dela, do sorriso que parecia iluminar tudo ao redor, do riso nervoso após o beijo... ele sabia que estava se apaixonando, e isso o assustava mais do que gostaria de admitir.

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