Por que sinto tanto sua falta, camélia?
Por que há um pouco de você em todo canto?
As gotas da chuva que molham meu rosto um dia já molharam o seu também.
Piso no chão seco, e a terra me aquece com o mesmo calor de seus abraços, outrora.
Sinto-me poesia mal feita,
Dinheiro não remunerado,
Choro não chorado,
Um pedaço de algo que falta,
Algo que se foi.Você, minha camélia, me fez lacrimejar a vista tantas e tantas vezes,
Me deu noites não dormidas,
Cicatrizes, enormes feridas.
Sinto o rastro do seu beijo no meu corpo;
É sujeira que tornou imunda a minha alma.
Me enfeitiçou com belas palavras,
Mentiras, tudo mentira,
Falsas e amargasPor que mesmo assim te quero tanto?
Tenho tido medo do sol,
Medo de tudo,
Porque tudo me remete você.
De Minas Gerais à Rússia,
De Dostoiévski ao chá de camomila,
Você é um parasita,
Um verme que rasteja sobre minha pele,
Um mal que habita meu coração,
Destruindo-me.