Hoje, enquanto olhava algumas fotos antigas, encontrei uma conversa nossa. Nela, você dizia que seria o último. E como eu gostaria que isso fosse verdade. Mas não foi. Eu sofri por você, e depois veio outro, e mais outro, até que o sofrimento se tornou algo familiar. Sofrer já não me assusta mais, porque o que começou com você virou rotina. Agora, o que me assusta é o contrário: o medo de que, dessa vez, dê certo.
Eu, que sempre fui alguém que falava o que sentia e agia sem hesitar, me tornei alguém que não faz. Porque, no fundo, temo que as coisas possam funcionar. O errado, eu já conheço. Conheci com você. Me acostumei com o caos, com o fim, com a superação. Com você, aprendi que amar tão intensamente não leva a nada. Com o próximo, descobri que o primeiro passo nunca deve ser meu. E depois, entendi que eu sempre seria a segunda opção, ou nem sequer uma escolha.
Agora, me deparo com pessoas que, no fundo, eu gostaria de escolher. Mas me paraliso. Porque, e se dessa vez der certo? Eu não sei lidar com isso. Não sei viver a história que dá certo, só aquela que dá errado, a que me faz sofrer e depois seguir em frente. Me tornei boa em sofrer e me reerguer, mas o que faço quando tudo parece calmo? Quando não há caos? O que faço com ele?
Se der errado com ele, tudo bem. Eu sei que consigo lidar com isso. Mas, e se der certo? E se for realmente bom? Não sei o que fazer com isso. Eu só sei fazer dar errado. Só sei sentir errado, me doar errado. Então me diz, como é que eu faço pra dar certo, se até agora, eu só soube lidar com o erro?
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Coração de Papel
PoesíaCoração de Papel: Cartas que Nunca Enviei, Sentimentos que Nunca Esqueci é um livro que desvela a alma por meio de cartas carregadas de emoções profundas, escritas para amores que marcaram a vida da autora. Cada página é um pedaço de um coração vuln...