três

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𝘽.𝙏

Sábado. O dia oficial de estar livre para voltar pra casa e passar o final de semana descansando para a próxima semana. Era um saco pra mim. Fazem quatro meses que eu não piso os meus pés em casa, recebo ligações constantes das funcionárias de casa, perguntando se preciso que organizem meu quarto para a minha volta. Mas minha resposta é sempre um "não". Ao contrário de Topper, que na sexta-feira à noite já está em sua cama fazendo sei lá o que e com quem.

Como de costume acordei com as galinhas e resolvi voltar a academia, minha indisposição esses últimos dias estavam me fazendo fadigar além do meu limite, e querendo ou não seria mais uma distração.

O sol tentava entrar pelas brechas da janela sonfonada. Eram mais ou menos umas 5:30, não tive sono depois da aparição repentina de Rafe em meu quarto, se eu dormir umas quatro horas foi muito. Durante a madrugada recebi algumas mensagens de JJ perguntando se podia ir ao meu quarto, fiz questão de não responder. Além de dedurar nossas poucas ficadas para Rafe, fez com que parecesse que nós tínhamos algo sério, o que não era verdade. Não que isso me deixasse frustrada por Rafe pensar que eu estava seguindo minha vida, muito pelo contrário, JJ demonstrou que tinha sido um traidor com seu melhor amigo. E eu não queria estar nesse meio.

Coloquei meus fones e automaticamente começou a tocar Billie Eilish. Mas no mesmo instante fui obrigada a tirá-los por motivos de uma garota a qual eu nunca tinha falado no campus me cutucava. Mas eu sabia quem ela era.

Sofia.

Lembro de ter ouvido alguma conversa dos meninos sobre a tal namorada a distância que Rafe mantinha aqui em Washington de alguns meses pra cá, e também lembro dela ser filha de uma das funcionárias da empresa da família.

— Blair, não é? — Sua voz soou doce, quase um tom falso.

— Sim, posso ajudar? — Pergunto passando minha toalha em minha testa, estava pingando a suor depois de trinta minutos de esteira.

— Só achei curioso você estar aqui tão cedo, já que recebeu visitas tão tarde no seu dormitório. — Ela sorriu encolhendo seus olhos e virando sua cabeça para o lado, aparentando ser amigável.

Fui obrigada a revirar meus olhos num ato de impulso. Eu sabia onde ela realmente estava tentando chegar e por quem ela estava querendo chegar.

— Não sabia que minha vida estava tão interessante pelo campus. — Respondi voltando a correr.

— Sabe, o Rafe é bem imprevisível. Ele gosta de se envolver com gente problemática. O deixa com um ar de quem estivesse no controle de tudo.

Meu dedo indicador foi parar no botão de desligar a esteira, fazendo com que eu a encarasse como se quisesse arrancar o pouco de cabelo que tinha.

Ah, e como eu queria.

— Você está querendo me falar alguma coisa ou só quer passar o seu tempo tentando me intimidar? Seja direta.

— Só acho estranho ele aparecer no dormitório da ex namorada de madrugada, a mesma ex que ele deixou para trás no intercâmbio pela distância e logo depois começou um namoro a distância. — Ela fez uma pausa, tentando perceber alguma reação minha. — Ah... não quis trazer assuntos delicados, já basta a morte recente dos seus pais. Meus pêsames.

𝗣𝗔𝗦𝗧 - '𝗥𝗔𝗙𝗘 𝗖𝗔𝗠𝗘𝗥𝗢𝗡Onde histórias criam vida. Descubra agora