𝐈nter 𝐌uros

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𝗭𝝝𝝥𝝠ᅠ𝕯𝝨ᅠ𝕽𝗜𝗦𝕮𝖮 ...
𝐒𝐀𝐒𝐔𝐊𝐄

𝐓erminava de preencher relatórios no hospital, com o som baixo e ritmado dos equipamentos ao fundo. O turno longo e sem surpresas estava perto do fim, e sentia o alívio de alguém prestes a escapar do peso do dia. Minha vida era assim: rotinas meticulosamente calculadas e limites bem definidos. Mantinha-se reservado, protegido. É mais fácil lidar com o mundo assim, sem as pessoas se aproximando demais.

Mas, para minha surpresa, quando me virei para pegar mais uma ficha, dei de cara com o paciente que menos esperava ver outra vez: o homem do beco. O estranho que havia ajudado na noite passada, estava de pé no corredor do hospital, um sorriso quase desafiador no rosto. Senti um arrepio involuntário ao cruzar olhares com ele.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Ele já se aproximava, o sorriso carismático com um toque de familiaridade, como se fossem velhos conhecidos.

— Você de novo? — perguntei, tentando esconder o desconforto. Eu não costumava lidar bem com pessoas insistentes, especialmente aquelas que invadiam meu espaço com tanta facilidade.

— Olha, eu gostei do trabalho que você fez ontem — ele disse, inclinando-se levemente. — Mas, pelo jeito, você vai ter que cuidar de mim de novo. Esse ombro precisa de atenção de um profissional… específico.

Respirei undo, me forçando a manter a calma.

— Existem outros médicos aqui — disse, quase mecanicamente. — Não precisa insistir.

Ele não parecia disposto a desistir. Ele inclinou a cabeça, o olhar provocador.

— Nenhum deles fez por mim o que você fez, e isso conta, não acha? Vamos lá...Sasuke, eu prometo que não vou ser tão inconveniente. – Ele diz olhando o meu crachá

Não respondi imediatamente. Não estava acostumado com pacientes assim — tão determinados, tão à vontade, como se pudessem simplesmente exigir atenção. Mas algo na voz e na postura dele me fez hesitar. Ainda que eu não gostasse de admitir, eu se lembrava bem daquele sorriso e de como ele parecia completamente à vontade, mesmo sob a tensão de uma situação que deixaria qualquer pessoa desesperada.

Depois de alguns segundos de silêncio, cedi, consciente de que ele não sairia dali tão facilmente.

— Muito bem. Mas só desta vez — disse, num tom firme. — E seja direto comigo. Esse tipo de ferimento não é comum. Preciso de todas as informações para tratá-lo.

Ele deu de ombros, ainda sorrindo. — Nada muito sério. Só uma situação mal resolvida.

Resisti ao impulso de questionar mais, sabendo que já havia se envolvido o suficiente. E enquanto examinava o ombro ferido dele, percebeu que a situação era mais complicada do que imaginara. O ferimento exigia uma cirurgia rápida para evitar complicações futuras.

Me endireitei, o rosto sério, tentando ignorar o seu olhar curioso.

— Você vai precisar de uma cirurgia — disse, escolhendo as palavras cuidadosamente. — E depois disso, de acompanhamento. A recuperação pode ser complicada.

Ele arqueou uma sobrancelha, claramente intrigado.

— Então, pelo que entendi, eu vou precisar de você por mais tempo.

Desviei o olhar, sabendo que aquilo soaria como uma promessa para ele. Não gostava de proximidade, ainda mais com alguém que trazia complicações tão evidentes. Mas, por obrigação profissional e uma ponta de curiosidade que eu tentava reprimir, eu aceitei.

— Eu ficarei de olho em você até que esteja tudo resolvido — disse, tentando soar profissional, embora sentisse que aquele vínculo incômodo já estava se formando.

Com um brilho no olhar, apenas assentiu. — Então, Sasuke, vamos em frente. Afinal, ninguém faz esse trabalho melhor que você.

Eu sabia que teria de lidar com ele por mais tempo do que desejava, mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia afastar a impressão de que havia algo interessante, e perigoso, nele.
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- K.

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⏰ Última atualização: 7 days ago ⏰

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