𝐒ub 𝐋unae 𝐋ucem

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𝗭𝝝𝝥𝝠ᅠ𝕯𝝨ᅠ𝕽𝗜𝗦𝕮𝖮 ...
𝐒𝐀𝐒𝐔𝐊𝐄

𝐀 madrugada caía pesada sobre a cidade, trazendo um silêncio quase opressor. Eu estava cansado, mas o sono parecia uma promessa distante. Minha mente não parava, revivendo a conversa com Temari, as palavras que ela dissera, cada conselho. O que significava, afinal, estar ao lado de Naruto? Era algo que eu realmente queria para mim, ou estava apenas me deixando levar pelo momento, pelas circunstâncias, pelo desejo de estar próximo de alguém que, de alguma forma, parecia me entender?

Eu me levantei da cama, sentindo a inquietude pulsar em mim. Talvez o ar fresco da noite me ajudasse a clarear as ideias. Caminhei até a varanda, e ao abrir a porta de vidro, notei que não estava sozinho. Naruto estava lá, encostado na grade, observando as luzes da cidade, com um olhar distante, quase perdido. Ele parecia tão imerso em seus próprios pensamentos que nem notou a minha aproximação.

Hesitei por um instante, mas decidi me juntar a ele em silêncio, parando ao seu lado. Ficamos apenas observando o horizonte, imersos em uma quietude frágil, como se qualquer palavra pudesse quebrar aquele momento. Mas eu sabia que não podia continuar vivendo com aquele silêncio. Precisava de respostas – ou, ao menos, de alguma clareza.

Finalmente, tomei coragem e quebrei o silêncio.

— Naruto, você já se sentiu… dividido? Como se estivesse preso entre duas versões de si mesmo e não soubesse qual delas é a verdadeira?

Ele desviou o olhar das luzes, surpreso com a profundidade da pergunta. Por um momento, pensei que ele talvez não fosse responder, mas depois de um breve silêncio, ele assentiu lentamente.

— Muitas vezes – respondeu, quase em um sussurro. – Acho que todos nós nos sentimos assim em algum momento. Mas a diferença, Sas, é que a maioria de nós aceita o caminho que escolheu. Pode não ser fácil, mas é o que é.

Senti um peso em seu tom, algo que parecia mais profundo do que ele deixava transparecer.

— Mas… e se esse caminho não te fizer bem? E se, ao tentar me adaptar a esse mundo, eu acabar me tornando alguém que não reconheço?

Naruto virou-se completamente para mim, e seus olhos, que normalmente carregavam um brilho despreocupado, agora estavam sérios.

— Sas, eu sei que esse mundo é pesado. Sei que você não veio dele e sei o quanto te pedir para ficar ao meu lado é pedir muito. Mas… acredite, eu jamais tentaria te mudar. Só quero que esteja comigo. Se isso significa que você precisa do seu espaço ou do seu tempo, eu entendo.

Senti um nó se formando na minha garganta. Era como se todas as minhas dúvidas, todas as inseguranças que me acompanhavam, tivessem finalmente encontrado uma voz, mas ao mesmo tempo eu sabia que a decisão final estava em minhas mãos.

— Eu entendo o que você quer, Naruto. E é justamente isso que me preocupa. A intensidade com que você vive… é como se estivesse em uma constante batalha. E eu… eu não sei se estou preparado para viver assim.”

Ele desviou o olhar, e por um instante, percebi algo nos olhos dele que nunca havia visto antes — uma vulnerabilidade quase escondida.

— Sas – ele começou, hesitante. – Eu não escolhi esse caminho por desejo. Escolhi por necessidade. E agora, com você… pela primeira vez, sinto que há algo mais. Algo que vale a pena além dessa guerra sem fim.

As palavras dele me pegaram desprevenido. Nunca imaginei que Naruto pudesse se abrir dessa forma. Por trás daquela máscara de confiança e carisma, havia alguém que, como eu, também lutava para encontrar um sentido maior na vida. E ali, naquela noite, eu me vi em uma encruzilhada ainda mais profunda.

— Eu só… não quero te perder – ele sussurrou, como se estivesse falando mais para si mesmo do que para mim. – Mas, se precisar ir, eu vou entender.

Aquelas palavras ficaram pairando no ar, pesadas e cheias de significado. Eu, finalmente, estava começando a entender o quanto ele se importava, mas também compreendia a liberdade que ele estava me dando. Naruto estava me dando uma escolha, algo que talvez ele mesmo não tivesse tido.

Eu me aproximei um pouco mais, encostando na grade ao lado dele, ambos voltando a olhar para a cidade adormecida.

— Eu não tenho uma resposta para você agora, – confessei, minha voz saindo baixa, quase como um sussurro. – Preciso de tempo para entender o que realmente quero, para descobrir se consigo suportar esse mundo ao seu lado. Mas quero que saiba… que significa muito para mim.

Ele assentiu, respeitando meu pedido de espaço e tempo. Apesar das incertezas, ele parecia aliviado, como se aquela conversa tivesse tirado um peso de nós dois.

A madrugada se prolongou, e mesmo com muitas perguntas ainda sem resposta, percebi que não estava mais tão sozinho em minhas dúvidas. Ali, ao lado de Naruto, encontrei um resquício de paz. E, talvez, isso fosse o suficiente para eu continuar tentando.
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- K.

𝗭𝝝𝝥𝝠ᅠ𝕯𝝨ᅠ𝕽𝗜𝗦𝕮𝖮   -  NARUTO UNIVERSEOnde histórias criam vida. Descubra agora