Espiando Através das Estrelas

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O jantar aconteceu não muito depois, algumas pessoas estavam faltando mas ninguém pareceu incomodado, os proxies não estavam presentes o que, de certa forma, parecia deixar os outros residentes um pouco mais tranquilos. Sem a presença dos informantes diretos de Slenderman ele ficavam bem mais a vontade para falar as atrocidades que quisessem. Era por isso que alguns assim que perceberam que os proxies não estariam aqui pegaram seus pratos e foram comer em seus quartos ou até mesmo na sala de estar.

Acho que eles esqueceram que eu também sou uma proxy no fim das contas.

Eu mantive o olhar fixo na mesa, sem demonstrar o desconforto crescente. Não era como se eu me importasse com o que pensavam, contanto que não falassem diretamente para mim então não era meu problema. Quando eu mesma terminei de comer eu me levantei, pegando meu prato e o deixando na cozinha para enfim sair da sala de jantar.

Passar pela sala e encontrar Jeff e BEN no sofá era quase reconfortante, de um jeito estranho. Eles não eram melhores; talvez fossem piores, mas ao menos não fingiam ser algo que não eram. Algum jogo aleatório estava passando na televisão piscava na tela da TV enquanto ambos discutiam, aparentemente sem prestar muita atenção no que acontecia no jogo. A presença deles sempre parecia encher qualquer espaço com uma energia caótica.

Jeff estava largado de um jeito quase desleixado, com os pés sobre a mesinha de centro e um sorriso permanente que misturava desdém e diversão. O controle do console repousava em suas mãos, enquanto ele pressionava os botões com um entusiasmo que parecia mais sádico do que competitivo. BEN, ao seu lado, estava praticamente derretido no sofá, os olhos fixos na tela como se aquilo fosse a coisa mais interessante do mundo.

— Você vai quebrar o controle de novo, Jeff. — Resmungou BEN, com sua voz distorcida, apontando para a forma como Jeff esmagava os botões com raiva.

— Como se você pudesse falar alguma coisa. — Jeff retrucou, girando os olhos e apertando o controle ainda mais forte. — Da última vez, foi você quem jogou o controle pela janela.

— Isso foi acidente. — Respondeu BEN, embora o tom sarcástico em sua voz deixasse claro que ele não estava arrependido.

Jeff soltou uma risada alta e desdenhosa, jogando o corpo ainda mais para trás no sofá.

— Claro, "acidente". Como aquela vez que você "acidentalmente" trocou todas as lâminas das facas da cozinha por espátulas?

BEN desviou o olhar da TV por um segundo, um sorriso malicioso aparecendo no canto de seus lábios pixelados.

— Você ainda tá bravo com isso? Foi hilário. E, pra ser justo, a Sally adorou a ideia.

— Sally não conta, ela acha graça até de você tropeçando nos próprios pés. — Jeff retrucou, apertando um dos botões com força e murmurando algo inaudível quando o personagem na tela falhou miseravelmente em um salto.

Eu me encostei no batente da porta, cruzando os braços enquanto observava a cena. Era quase um espetáculo diário; se não estivessem discutindo sobre o jogo, provavelmente estariam se desafiando para ver quem podia ser mais insuportável. No entanto, naquela noite, a familiaridade disso era... quase reconfortante.

— Vocês dois nunca ficam entediados de discutir a mesma coisa? — perguntei, interrompendo a discussão sem realmente esperar uma resposta.

Jeff virou a cabeça na minha direção, seu sorriso se alargando de forma predatória. Ele era bom em disfarçar emoções, mas eu sabia reconhecer o brilho de interesse por trás de seus olhos. Ele adorava uma plateia.