Depois do show, as coisas começaram a ficar agitadas. Estávamos no auge da nossa performance, e eu decidi dar uma conferida no Instagram para ver os comentários. Como esperado, havia elogios, críticas e algumas comparações com As Garotas Malvadas. Nada novo. Mas algo em especial chamou minha atenção: um post oficial anunciando um show de ambas as bandas. No mesmo dia.
A notícia me deixou em choque por um momento.
– Ei, meninas, vocês viram isso? – perguntei, mostrando a tela do celular. Minhas amigas se aproximaram, curiosas, e o alvoroço foi imediato.
– Isso é sério? Eles estão mesmo colocando a gente pra competir com elas? – disse Isabela, cruzando os braços com indignação.
– É claro que estão! Eles querem transformar isso num espetáculo. Público adora rivalidade – Bianca respondeu, revirando os olhos. – E sabe de uma coisa? Vamos mostrar pra elas quem manda.
Eu ri. Típico da Bianca querer incendiar tudo. Mas, no fundo, ela tinha razão. Essa competição era inevitável, e a oportunidade de mostrar quem éramos não podia ser desperdiçada.
Mais tarde naquela noite, fui até a sala onde minha mãe estava. Roberta, como sempre, estava relaxando com uma taça de vinho e o celular na mão.
– Vi o anúncio – falei sem rodeios.
– Ah, filha, não se preocupe. Isso é só mais uma jogada de marketing – ela respondeu, sem tirar os olhos do celular.
– Marketing ou não, mãe, você sabe o quanto isso vai ser difícil. A mídia não vai perdoar se algo der errado – respondi, me jogando no sofá ao lado dela.
– Olha, Andy, eu entendo que você está nervosa, mas você tem talento. Não deixe essa rivalidade te consumir. Mostre quem você é no palco, e o resto se resolve – ela disse, olhando para mim com aquele sorriso tranquilizador que sempre conseguia me acalmar.
Na manhã seguinte, a agenda estava lotada. Reuniões com a equipe, ajustes no repertório e uma coletiva de imprensa para promover o evento. Claro, Emilia e sua banda também estavam lá. Quando nossos olhares se cruzaram, foi impossível ignorar o clima tenso.
– Boa sorte no show – ela disse com um sorriso que, sinceramente, parecia mais provocação do que simpatia.
– Pra você também – respondi, mantendo o tom neutro. Mas, por dentro, eu já estava me preparando.
Nos bastidores do grande dia, o clima era de pura adrenalina. Eu podia ouvir os gritos do público do lado de fora, o som das músicas tocando e, claro, as vozes das Garotas Malvadas.
– Andy, estamos prontas – Isabela disse, ajustando o figurino. – Hora de mostrar pra elas do que somos feitas.
– É isso aí – respondi, ajustando o microfone e respirando fundo. – Vamos dar o nosso melhor.
Quando entramos no palco, a energia do público foi instantânea. Eu sabia que aquele momento era decisivo. Cada nota, cada movimento era um passo para mostrar que não estávamos ali só para competir, mas para dominar.
A apresentação foi um sucesso. O público estava em êxtase, cantando junto com a gente e levantando os celulares para registrar cada momento. Era como se toda a tensão da rivalidade tivesse desaparecido enquanto estávamos no palco. Eu sentia o poder de cada palavra que cantava e a conexão com as pessoas ali presentes.
Mas eu sabia que ainda não tinha acabado. Assim que nossa apresentação terminou e saímos do palco, eu ouvi os gritos do público ficando ainda mais altos. Era a vez delas. As Garotas Malvadas.
Nos bastidores, a atmosfera mudou. Enquanto minha banda e eu comemorávamos a nossa performance, eu não consegui evitar espiar a apresentação delas pelo monitor. Emilia estava no centro do palco, com a energia de quem sabia exatamente o que estava fazendo. Ela era confiante, vibrante, e, para minha irritação, o público parecia amá-la.
– Elas são boas, não dá pra negar – comentou Bianca, de braços cruzados, observando comigo.
– Sim, mas isso não significa que elas são melhores – retruquei, firme.
Quando elas terminaram, os aplausos foram ensurdecedores. Aquilo me incomodou mais do que eu gostaria de admitir. Emilia desceu do palco com aquele mesmo sorriso provocador de sempre. Ela passou por nós e, sem perder a oportunidade, lançou uma frase que me fez revirar os olhos.
– Vocês deram um show… mas espero que estejam prontas para a próxima.
– Sempre estamos – respondi com um sorriso igualmente provocador, tentando não demonstrar o incômodo que ela causava.
De volta ao camarim, sentei no sofá e fiquei em silêncio por um tempo, processando tudo. Por mais que eu não quisesse admitir, Emilia sabia como mexer comigo. Não era só a rivalidade musical; havia algo mais profundo ali. Talvez fosse a pressão de estar sempre à sombra de nossas mães. Talvez fosse a vontade de provar que eu podia ser reconhecida pelo meu talento, e não apenas pelo meu sobrenome.
Bianca interrompeu meus pensamentos:
– Andy, você tá bem?
– Tô… só pensando no próximo passo. Esse jogo tá longe de acabar.
Ela sorriu, me entregando uma garrafa de água.
– É isso que eu gosto de ouvir. Vamos continuar dando o nosso melhor, e o público vai saber quem realmente manda.
Naquela noite, enquanto voltávamos para casa, abri o Instagram mais uma vez. Os comentários sobre o evento estavam em todas as redes sociais. Uns diziam que nossa apresentação foi impecável, outros elogiavam As Garotas Malvadas. Mas um comentário específico chamou minha atenção:
"Duas bandas incríveis, mas dá pra sentir que essa rivalidade vai explodir em algo ainda maior."
Eu ri sozinha. Talvez essa pessoa tivesse razão. Afinal, aquilo não era apenas sobre música. Era sobre provar quem éramos, em meio às comparações, pressões e expectativas.
E se Emilia achava que tinha vencido hoje, ela estava enganada. Isso era só o começo.
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A GAROTA DA BANDA RIVAL
Fiksi PenggemarAndressa, ou mais conhecida pelo seu nome artístico, Andy, é filha de uma das vocalistas mais famosas do mundo, Roberta, que também é neta de Frida Kahlo. Apesar disso, ela sempre teve uma rebeldia que não veio da mãe, mas sim de seu pai, cuja ident...