O Baile de Outono

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Nightmare: Além da Floresta

Capítulo 6: O Baile de Outono

Central City estava em alvoroço. Algumas semanas se passaram, e o Baile de Outono era o evento mais aguardado do ano. Não porque fosse algo luxuoso ou impressionante, mas porque era a única noite em que a cidade parecia esquecer suas preocupações. No ginásio, as decorações estavam quase prontas: folhas de papel coloridas penduradas nas paredes, abóboras falsas em cada canto, e luzes piscando que tentavam (e falhavam) criar um clima mágico.

Jonny não tinha planos de ir. Para ele, dançar e socializar eram atividades que ficavam muito longe de sua zona de conforto. Mas naquele dia, ao entrar no refeitório, ele percebeu que não teria muita escolha.

“Você vai, né?” Jim perguntou, sentando-se ao lado dele com sua bandeja de comida.

“Provavelmente não,” respondeu Jonny, distraído com um pedaço de pão que estava desintegrando em suas mãos.

“Não é opcional,” disse ela, lançando-lhe um olhar firme. “Todo mundo vai. E, sinceramente, você precisa sair um pouco, Jonny. Respirar.”

Ele revirou os olhos, mas antes que pudesse argumentar, Akira apareceu como uma sombra. Ele não disse nada; simplesmente pegou uma cadeira e se sentou, com o mesmo meio sorriso de sempre.

“Baile, hein?” Akira disse, olhando para Jim. “Vai ser divertido?”

“Duvido,” respondeu Jonny antes que Jim pudesse falar.

“Claro que vai,” insistiu Jim. “É tradição. Além disso, é uma boa chance de... você sabe, relaxar.”

“Então tá combinado,” disse Akira, cruzando os braços. “Jonny e eu vamos juntos.”

Jonny olhou para ele, surpreso. “Eu não disse que vou.”

“Vai agora,” retrucou Akira, com um tom desafiador.

Jim riu. “Adoro esse cara.”

Jonny suspirou, percebendo que não teria paz até ceder.

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Na noite do baile, Jonny ficou parado em frente ao espelho por mais tempo do que gostaria de admitir. Ele não estava acostumado a se arrumar, mas sua mãe insistira que ele precisava parecer apresentável. Com uma camisa social preta e jeans escuros, ele parecia mais desconfortável do que elegante.

Akira chegou exatamente às 19h, batendo na porta como se fosse um velho amigo da família. Sua roupa era simples, mas estilosa: uma jaqueta de couro preta sobre uma camisa branca e calça jeans. Ele parecia naturalmente à vontade, como se fosse dono do mundo.

“Pronto?” perguntou Akira, sem cerimônia.

Jonny bufou. “Como se eu tivesse escolha.”

Os dois caminharam até a escola em silêncio. O ar estava gelado, e as folhas secas no chão estalavam sob seus pés. Quando chegaram, o ginásio já estava cheio de estudantes dançando, conversando e se empanturrando de ponche. A música alta vibrava nas paredes, criando uma atmosfera caótica.

“Olha só quem veio,” disse Jim, aproximando-se com um sorriso satisfeito. Ela estava com um vestido azul simples, mas sua confiança fazia parecer que era uma peça de alta costura.

“Milagre, né?” respondeu Jonny, com um sorriso de canto.

“Relaxa,” disse Akira, colocando a mão no ombro de Jonny. “Eu tô aqui.”

Jonny sentiu um desconforto momentâneo. Não era algo ruim, exatamente, mas aquela frase soava... estranha. Akira tinha uma forma peculiar de dizer as coisas, como se sempre soubesse mais do que deixava transparecer.

Enquanto Jim se afastava para dançar com um grupo de amigas, Jonny e Akira ficaram perto da mesa de ponche. Akira parecia estar analisando o ambiente, os olhos sempre atentos, como se procurasse algo – ou alguém.

“Você acha isso normal?” perguntou Akira, inclinando-se para Jonny.

“O quê?”

“Todo esse barulho. As luzes. As risadas. Parece... forçado.”

Jonny o encarou. “É um baile, Akira. O que você esperava?”

Akira deu de ombros, mas antes que pudesse responder, as luzes do ginásio piscaram. Uma, duas, três vezes.

A música parou abruptamente, e o burburinho de conversas se transformou em silêncio. Todos olharam ao redor, confusos.

“Deve ser a eletricidade,” disse alguém.

As luzes voltaram, mas a sensação de desconforto permaneceu.

Jonny olhou para Akira, que parecia mais sério do que nunca. “Você sentiu isso?”

“Sentir o quê?”

“Não sei,” disse Akira, com um leve franzir de sobrancelhas. “Mas algo não está certo.”

A noite continuou, mas Jonny não conseguia relaxar. Ele tentou conversar com Jim, tentou até dançar uma música, mas o desconforto persistente em seu estômago não o deixava em paz.

No caminho para casa, ele e Akira andaram em silêncio por um tempo, até que Jonny finalmente perguntou: “Você realmente acha que algo aconteceu hoje?”

“Eu não acho,” respondeu Akira, olhando para as sombras entre os pinheiros. “Eu sei.”

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