Sombras ao Redor

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Nightmare: Além da Floresta

Capítulo 9: Sombras ao Redor

Naquela noite, Jonny tentou esquecer a floresta, os gritos, e até mesmo a sensação de que Akira sabia muito mais do que estava dizendo. Ele mergulhou nos trabalhos escolares e assistiu a alguns episódios de uma série qualquer para distrair a mente. Mas, mesmo assim, o sono não veio fácil.

Quando finalmente adormeceu, teve outro sonho. Ele estava parado na entrada da floresta, mas desta vez, não estava sozinho. Pôde ver Akira ao seu lado, com aquele sorriso enigmático, e Jim, segurando seu braço como se tentasse impedi-lo de avançar. Na escuridão, os pares de olhos azuis começaram a aparecer, brilhando como chamas distantes, cada vez mais próximos. Jonny quis correr, mas seus pés estavam presos.

Um som ecoou no sonho – um zumbido, crescente, quase ensurdecedor – e ele acordou, o corpo coberto de suor frio.

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No dia seguinte, a escola parecia mais sombria do que o normal, como se o clima pesado de seus pensamentos o tivesse seguido até lá. Jonny encontrou Jim perto do bebedouro, mas ela parecia tão distraída quanto ele.

“Você não dormiu direito, né?” perguntou ela, passando os dedos pelo cabelo escuro e bagunçado.

“Nem um pouco,” respondeu Jonny, encostando-se na parede ao lado dela.

“Você sonhou com a floresta de novo?”

Ele hesitou antes de responder. “Sim. E... tinham olhos. Um monte deles. Como se estivessem... esperando alguma coisa.”

Jim ficou quieta, os olhos fixos no chão. Jonny percebeu que ela parecia cansada, como se também não tivesse dormido bem.

“Eu também sonhei,” disse ela finalmente, a voz baixa. “Mas no meu sonho, eu ouvi alguém chamando meu nome. Não era um grito. Era mais... suave, mas estranho, como se viesse de todos os lados.”

Jonny franziu a testa. Ele estava prestes a perguntar mais sobre o sonho dela quando uma voz atrás deles interrompeu a conversa.

“Vocês sempre cochicham desse jeito?”

Era Akira, carregando uma pilha de livros enquanto equilibrava o copo de café descartável na outra mão. Ele parecia perfeitamente tranquilo, como sempre.

“Akira,” disse Jim, tentando mudar de assunto rapidamente. “Você sempre aparece do nada, né?”

“E você sempre parece culpada de alguma coisa,” respondeu ele, sorrindo.

Jonny revirou os olhos. “Você veio aqui só pra nos provocar, ou tem um motivo?”

Akira deu de ombros. “Eu sempre tenho um motivo. Só que, dessa vez, eu vim avisar que o professor pediu pra você ir na sala dele, Jonny. Parece que é algo sobre aquele trabalho de história.”

Jonny suspirou. “Ótimo. Porque é disso que eu preciso agora.”

Jim sorriu de leve. “Vai lá. Eu te espero no refeitório.”

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A sala do professor ficava no final de um corredor mal iluminado, onde o eco dos passos de Jonny parecia mais alto do que o normal. Ele bateu na porta e esperou, mas ninguém respondeu. Ele tentou novamente, mas ainda assim, nada.

Curioso, ele empurrou a porta, que se abriu com um rangido lento. A sala estava vazia.

“Professor?” chamou Jonny, mas não houve resposta.

Ele deu um passo para dentro, sentindo um arrepio na espinha. A luz fluorescente piscava intermitentemente, lançando sombras que pareciam dançar nas paredes. Na mesa do professor, havia um caderno aberto, com uma única palavra rabiscada repetidamente na página: volte.

Jonny sentiu o coração disparar. Ele deu um passo para trás, quase tropeçando na cadeira, e saiu correndo da sala, sem olhar para trás.

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No refeitório, Jonny encontrou Jim e Akira esperando por ele.

“Você tá bem?” perguntou Jim, ao vê-lo ofegante.

“Sim, eu só... não encontrei o professor. Foi estranho,” disse ele, tentando soar mais tranquilo do que realmente estava.

Akira levantou uma sobrancelha, claramente desconfiado, mas não disse nada.

A conversa foi interrompida quando Whitney Davy, a policial local, entrou no refeitório. Ela parecia deslocada ali, com o uniforme impecável e o semblante sério. Quando avistou os três, caminhou direto até eles.

“Jonny Walker?” perguntou ela, olhando diretamente para ele.

Jonny sentiu o estômago revirar. “Sim, sou eu. Por quê?”

“Precisamos conversar. É sobre algo que aconteceu na floresta.”

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