Reescrevendo o Futuro - Liam Payne

5°

Ser Profiler nunca foi exatamente um mar de rosas, mas sempre gostei do desafio de montar o quebra-cabeça de uma cena do crime. A precisão, a análise fria e a emoção de descobrir a verdade por trás de um caso sempre me atraíram. Mas, aqui em Londres, as coisas eram diferentes. O ritmo era mais rápido, as pessoas eram exigentes, e eu sentia que ainda precisava provar o meu valor.

Naquela manhã, a atmosfera na unidade estava mais agitada do que o normal. Um caso delicado estava prestes a estourar, e eu mal conseguia acompanhar a enxurrada de relatórios na minha mesa. O aroma de café amargo pairava no ar enquanto eu passava os olhos por um arquivo cheio de fotografias e laudos inconclusivos.

Foi quando ouvi uma voz firme, mas amigável, atrás de mim:
"Esses relatórios podem ser um pesadelo, né?"

Levantei os olhos e vi uma mulher elegante, de cabelos escuros, olhos expressivos e uma postura que exalava autoridade. Ela usava um blazer bem cortado e carregava uma pasta de couro. Antes que eu pudesse responder, ela estendeu a mão com um sorriso leve.
"Emily Prentiss. Acabei de me juntar à equipe como consultora."

Engoli em seco. Não era preciso estar muito tempo nesse meio para saber quem ela era. Emily Prentiss tinha uma reputação impecável e um histórico impressionante. Se ela estava aqui, esse caso não era algo trivial.
"Íris Vasconcelos" disse, apertando sua mão.

"Vasconcelos" ela repetiu, com um tom curioso. "Brasileiros sempre trazem um toque especial para qualquer equipe."

"Ou caos" respondi, com um sorriso tímido, tentando aliviar a tensão.

Ela riu, e a conversa fluiu com uma naturalidade que eu não esperava. Emily não era apenas competente; ela também era acessível, o que era raro nesse meio.

"Você é nova aqui, não é?" perguntou enquanto puxava uma cadeira e sentava ao meu lado, analisando os papéis espalhados pela minha mesa.

"Sim. Me mudei há algumas semanas. Ainda estou me adaptando."

Ela assentiu, como se entendesse perfeitamente o que eu estava passando.
"Eu morei aqui por anos antes de ir para a Virgínia. Londres pode ser intimidadora no início, mas tem um jeito de conquistar você."

Passamos as próximas horas mergulhadas no caso. Eu a observava enquanto ela lia os relatórios com atenção meticulosa, conectando pontos que eu sequer tinha notado. Trabalhar ao lado dela era como assistir a uma mestre em ação. Sua intuição e experiência eram impressionantes, mas o que mais me chamou a atenção foi a forma como me envolveu no processo.

"O que você acha disso?" perguntou, empurrando um relatório em minha direção.

Fiquei surpresa com a pergunta. A maioria dos consultores experientes simplesmente ditava ordens. Mas Emily parecia realmente valorizar minha opinião. Respirei fundo e apresentei minha análise. Para minha surpresa, ela concordou.
"Excelente ponto. Vamos explorar isso mais a fundo."

No final do dia, enquanto organizávamos os papéis, ela sugeriu:
"Que tal um café? Conheço um lugar tranquilo aqui perto."

Caminhamos até uma pequena cafeteria escondida em uma rua lateral. O ambiente era acolhedor, com estantes cheias de livros e o cheiro doce de canela no ar. Pedimos nossos cafés, e a conversa fluiu com uma facilidade inesperada.

"Você é boa no que faz, Íris"— disse Emily, depois de ouvir sobre minha jornada até ali.  "Não deixe que a pressão faça você duvidar disso."

Contei um pouco sobre minha transição para Londres e sobre como ainda me sentia uma estrangeira, tentando encontrar meu lugar. Ela compartilhou histórias de sua época em Londres, sobre como a cidade era implacável, mas cheia de oportunidades.
"Londres tem seus desafios, mas também é cheia de surpresas. Continue fazendo seu trabalho, e você vai se surpreender com o que pode alcançar."