Dazai entrou na sala apressado, já atrasado, mas, por sorte, o professor ainda não havia chegado. Ele ocupou sua cadeira habitual, deixando-se cair com um suspiro leve. Ao lado, um ruivo estava com a cabeça baixa, distraído. Quando percebeu a presença de Dazai, levantou o rosto apenas o suficiente para cumprimentá-lo com um aceno curto e um olhar rápido.
Dazai observou a sala. Alguns alunos barulhentos estavam aglomerados em uma mesa ao fundo, mas ele decidiu ignorar. Tirou os fones de ouvido e preparou-se para mergulhar no vazio de sempre. No entanto, antes que pudesse conectar os fones ao celular, alguém esbarrou em sua mão, fazendo com que ele apertasse sem querer o botão de play.
"Quero dar, quero comer,
Quero transar, quero fuder
Eu sou viciado em sexo, porra!
Vou fazer o quê?"A música explodiu pelo ambiente, alta o suficiente para chamar atenção de toda a sala. O silêncio foi imediato. Todos os olhares se voltaram para Dazai, incluindo o do professor que acabara de entrar.
Osamu permaneceu estático por um momento, o cérebro terminando o download. Então, como se nada fosse, abaixou o volume e desligou o celular. Olhou para os outros com uma expressão de tédio fingido, arqueando uma sobrancelha.
— Que foi? — murmurou, apoiando o queixo na palma da mão, indiferente.Aos poucos, os sussurros e risadas abafadas voltaram. Mas foi um som específico que capturou sua atenção: uma risada abafada vinda da cadeira ao lado. Ele lançou um olhar de canto para Chuuya, que segurava o riso com a mão sobre a boca, os olhos brilhando de diversão.
— Então é esse o tipo de música que você escuta? — provocou o ruivo, mal escondendo o divertimento. — Por algum motivo, isso combina com você. Mas, sabe, escutar isso em público é arriscado. Vai que alguém entende português?
Dazai revirou os olhos, mas o canto da boca se curvou num sorriso discreto.
— Engraçado você dizer isso. Se conhece a música, já ouviu antes, não é?Chuuya desviou o olhar, ainda sorrindo, e não respondeu. Seu silêncio apenas aumentou o ar de superioridade de Dazai.
Do outro lado da sala, o professor se posicionou de costas para o quadro com ambas as mãos na cintura, ele não aparentava ser tão velho mas tinha um físico forte e um bigode ridículo no rosto.
— Meu nome é Ōchi Fukuchi, serei o novo professor de educação física de vocês! — anunciou com uma feição convencida. Os alunos não pareciam ter prestado tanta atenção. — Animação! Vou dar cinco minutos para irem para o vestiário e se trocarem. Esperarei na quadra! — bateu palmas, chamando a atenção dos adolescentes. Osamu levantou o braço de forma preguiçosa e perguntou o que aconteceria se chegassem depois do tempo dito. — Irão pagar dez flexões! — bastou isso para os alunos se levantarem com rapidez, com exceção de Dazai, claro.
No vestiário, enquanto os garotos se trocavam, o olhar de Dazai desviou brevemente para Chuuya. Para sua surpresa, o corpo do ruivo era bem definido, o que contrastava com sua baixa estatura. No entanto, sua atenção logo foi atraída para os cochichos ao redor, comentários direcionados a suas próprias cicatrizes e bandagens. Ele fingiu ignorar.
Na quadra, Fukuchi os esperava ao lado de uma balança.
— Hoje, vamos medir altura e peso. Quero todo mundo em fila! — anunciou com as mãos na cintura.Dazai, sempre entediado, seguiu as instruções e recebeu um papel com suas medidas. Estava com 1,74m e 58kg. Nada fora do comum, pelo menos dentro do padrão japonês. Ao seu lado, Chuuya olhou para o próprio papel, mas logo ouviu alguns cochichos ao fundo:
"Sessenta quilos com só 1,60 de altura? Eu jamais queria estar no corpo dele..."
"Pois é, deveria emagrecer um pouco. Desse jeito não vai atrair garotas"
VOCÊ ESTÁ LENDO
Soukoku - O Meu Doce Sofrimento
Random"Eu acredito que até os mais miseráveis devam saber como é a arte e o sofrimento de estar amando e sendo amado." - Osamu Dazai Osamu Dazai, um jovem adolescente de 16 anos com um humor um pouco peculiar, acabou conhecendo um baixinho de pavio curto...