Aqui estou eu, novamente digitando sobre ele. Parece que, por mais que eu tente, o universo sempre encontra um jeito de colocar esse garoto de volta no meu caminho. Mas, desta vez, a diferença é clara: eu estou mais crescido, mais esperto e, pelo menos na teoria, mais preparado para lidar com o caos emocional que ele sempre traz.
No último sábado, fui a uma festa. E, como sempre, dei o nome. Subi no palco, fui o centro das atenções e provei, mais uma vez, que se há alguém que sabe brilhar, esse alguém sou eu. Mas, sejamos honestos: o palco é só um reflexo do que acontece fora dele. Porque enquanto eu dançava e me divertia, havia algo, ou melhor, alguém, que ocupava os bastidores da minha mente.
Quando cheguei em casa e fui revisar meus stories, lá estava ele. Sim, ele. O garoto que ainda amo, mas que não deveria. Ele visualizou tudo. Como? Fácil. Depois de me desbloquear emocionalmente ao pedir desculpas de outro número, decidi devolver o favor e desbloqueá-lo nas redes sociais. Não por ódio, mas por sanidade. Mantê-lo bloqueado era minha forma de proteção, porque quem precisa de um lembrete constante de alguém que não está mais na sua vida?
Fui dormir na casa de uma amiga, e não qualquer amiga. Ela mora, estrategicamente, na frente da casa dele. Coincidência? Talvez. Planejado? Absolutamente. Porque, no fundo, eu sabia que havia uma chance de vê-lo. E, por mais que eu diga que sou maduro e crescido, a verdade é que eu queria mesmo. Queria vê-lo, saber como ele estava, sentir aquela presença que, de alguma forma, ainda parece tão familiar.
No domingo, enquanto estávamos na piscina, minha amiga soltou a bomba: ele estava vindo. "Mentira!", gritei. "Verdade", ela respondeu. E, naquele instante, meu coração deu uma de Usain Bolt, correndo como se não houvesse amanhã. Fiquei ali, parado, ajeitando o cabelo e tentando parecer casual, enquanto por dentro eu já estava em estado de alerta máximo.
Quando ele finalmente chegou, me cumprimentou com um "oi" casual, como se fosse apenas mais um dia qualquer. Mas, para mim, aquele momento parecia uma cena de filme. Só que, infelizmente, eu era tanto o protagonista quanto o figurante sofrendo em silêncio.
Ele acabou ficando conosco para jantar. Dividimos o prato, conversamos, rimos. Foi quase como voltar no tempo, mas com um detalhe importante: não havia mais "nós". Havia um vazio que, por mais que tentássemos ignorar, estava sempre lá, entre uma risada e outra.
E, enquanto eu ficava do lado dele, o desejo de abraçá-lo e beijá-lo era quase insuportável. Eu queria tanto passar o braço pelos ombros dele, puxá-lo para perto, sentir a segurança daquele abraço que um dia foi meu. Mas não podia. Não tinha mais essa intimidade, e essa distância invisível me destruía por dentro. Eu sentia a garganta apertar e o coração se partir de novo. Era como querer tocar em algo que está ali, tão perto, mas ao mesmo tempo completamente inacessível. Tive vontade de chorar várias vezes, mas engoli o nó na garganta e fingi que estava tudo bem.
Durante o jantar, ele começou a falar do ex. Claro, porque é disso que a gente precisa quando tenta superar alguém: ouvir sobre o passado tóxico dele. E, enquanto ele descrevia a manipulação e as traições, meu coração doía. Não porque eu não soubesse – sempre soube que aquilo nunca daria certo –, mas porque ouvir tudo isso só reforçava o quanto eu nunca poderia ser a escolha dele.
Quando chegou a hora de nos despedirmos, ele me abraçou. Foi rápido, mas o suficiente para me desmontar. O cheiro dele, o toque dele, tudo ainda tão familiar. E, por um segundo, me perguntei: "Por que o amor tem que ser tão cruel?" Eu sabia que aquele abraço significava coisas diferentes para nós dois. Para ele, provavelmente era apenas uma despedida casual. Para mim, era um lembrete doloroso de tudo o que já tivemos – e de tudo o que nunca seríamos de novo.
Mas desta vez, algo foi diferente. Quando ele foi embora, eu não fiquei triste como antes. Talvez porque eu já soubesse que essa história não tem um final feliz – pelo menos, não para nós dois.
No dia seguinte, eu parei de segui-lo no Instagram. Porque, sejamos honestos, eu não consigo ser amigo dele. Não dá para seguir em frente com alguém que ainda faz seu coração bater mais rápido e sua cabeça girar em círculos. Não dá para ser amigo de alguém que você ainda ama.
E, claro, ele não mandou mensagem depois do encontro. Porque sonhar que ele diria algo como "foi bom te ver" é sonhar alto demais.
Se ele perguntar por que parei de segui-lo, direi a verdade: "Eu ainda te amo, mas não consigo continuar assim." Ele ainda mantém contato com o ex, mesmo depois de tudo o que aconteceu. Ele ainda mente sobre isso. E eu? Eu não mereço isso. Não quero isso para mim.
Por mais que eu queira acreditar que ele poderia mudar, sei que não posso esperar por esse amor. Eu não posso mais me perder por causa dele. E essa é a parte mais difícil – mas também a mais libertadora.
Às vezes, amar alguém significa deixá-lo ir, não porque você quer, mas porque você precisa. E enquanto eu escrevo isso, me pergunto: será que ele algum dia entenderá o que perdeu? Talvez. Mas, mesmo que não entenda, eu saberei que fiz a escolha certa. Porque o amor próprio, no fim das contas, é o único amor que nunca nos abandona.
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Amor e Glamour: Como Sobrevivi ao Drama e Voltei a Brilhar
SachbücherNeste livro, compartilho como transformei um período de drama e desilusão em uma jornada de autodescoberta e glamour. Vou falar sobre como deixei para trás um relacionamento que não acrescentava nada, aprendi a valorizar a mim mesmo e retomei as réd...