Dizem que a gente não pode colocar uma vírgula onde a vida já colocou um ponto final. Mas e quando essa vírgula insiste em aparecer como uma notificação no Instagram, um story visualizado, ou aquele rosto que você achava que nunca mais veria? Pois é, parece que a vida resolveu reescrever minha história sem minha permissão.
Depois daquele reencontro inesperado, minha mente entrou em um looping que nem a playlist mais tranquila no Spotify consegue acalmar. A ansiedade voltou como uma velha conhecida, trazendo consigo as noites mal dormidas e uma sensação sufocante que eu achava que já tinha superado. Porque, na hora, estar com ele foi bom — foi mais do que bom, foi quase um alívio para a saudade que eu carregava. Mas como matar uma saudade que você sabe que vai ressuscitar no dia seguinte, só para te assombrar de novo?
Lembro de cada detalhe daquele jantar, da forma como ele riu das piadas da minha amiga, da maneira como ele disse que achava que eu o odiava. Odiar? Ah, se fosse só ódio... Amar alguém é fácil, mas tentar odiar quem você ainda ama é um exercício exaustivo. Sou ariano, deveria ser mestre em transformar paixão em rancor, mas ele parece ser minha exceção. A raiva não cola, o desapego falha, e tudo o que resta é um amor que, sinceramente, eu não queria mais sentir.
E agora cá estou, mais uma vez refém das lembranças. Não são só os bons momentos que voltam; são os ruins também. Eu me pego pensando nele com o ex, naquela festa em que os vi juntos, e me dá um aperto no peito que nem o tempo conseguiu curar. É como se todas as memórias tivessem um botão de replay que alguém, por puro sadismo, decidiu apertar.
Essa ansiedade tem efeitos colaterais. Sinto como se ele tivesse sugado toda a minha energia, mesmo sem fazer nada. Ontem mesmo, precisei tirar uma soneca no intervalo do trabalho, coisa que nunca faço. E aí vem o ciclo: ele curte meus stories, meu coração acelera, e eu fico tentando racionalizar — "isso não significa nada", eu digo a mim mesmo. Mas claro que significa.
Por que eu fui gostar tanto de um cara assim? Nunca me permiti sentir algo tão intenso por ninguém, e a primeira vez que me abro para isso, a vida resolve me entregar um roteiro dramático digno de novela das nove. Tento me distrair com outros caras, mas a verdade é que ninguém se compara. Eles não têm o mesmo sorriso, o mesmo jeito de mexer no cabelo, ou aquele olhar que parecia prometer o mundo, mas que nunca entregou nada.
Hoje, decidi parar de segui-lo novamente no Instagram. Um ato simbólico, eu sei, porque no fundo tenho certeza de que ele vai continuar aparecendo na minha vida, de uma forma ou de outra. Talvez seja o destino tentando me ensinar algo, ou talvez seja só azar mesmo.
Amar alguém que não te faz bem é um tipo de autoengano. É como um chiclete que você mastiga por horas: no começo é doce, mas depois só machuca a mandíbula e perde o gosto. Eu quero acreditar que, algum dia, vou conseguir viver sem esses resquícios de um amor que deveria ter ficado no passado. Por enquanto, só me resta encarar as noites mal dormidas e lembrar que, mesmo com ele curtindo meus stories, a única pessoa que merece minha atenção sou eu mesmo.
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Amor e Glamour: Como Sobrevivi ao Drama e Voltei a Brilhar
Non-FictionNeste livro, compartilho como transformei um período de drama e desilusão em uma jornada de autodescoberta e glamour. Vou falar sobre como deixei para trás um relacionamento que não acrescentava nada, aprendi a valorizar a mim mesmo e retomei as réd...