A Dúvida de Cecília

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A Dúvida de Cecília

Enquanto Clara lutava para entender os sentimentos de Lucas e o peso do mistério que estava se formando, Cecília Norwood enfrentava seus próprios dilemas. Desde o incidente com Henry Wright, ela não conseguia tirá-lo da cabeça. Ele não era como os outros jovens da vila. Não tinha a mesma sofisticação ou aparência de nobreza, mas havia algo em seu jeito simples e honesto que a atraía.

Cecília, acostumada a ser a amiga tranquila e observadora, agora se via dividida entre os sentimentos que surgiam por Henry e a pressão de sua mãe para se envolver com jovens mais adequados, mais "dignos" de sua classe social. Mas Cecília não se importava com os outros; ela sabia que sua felicidade não estava atrelada a expectativas externas. No entanto, ela temia que um romance com Henry, sendo ele de classe inferior, a afastasse de seu círculo social e a colocasse em uma posição desconfortável.

Em uma das tardes seguintes, Cecília decidiu procurar Henry no estábulo da vila. Ele estava lá, cuidando de um cavalo, com as mãos firmemente segurando as rédeas. Ao vê-la, ele sorriu timidamente, mas com algo genuíno no olhar.

— Cecília... — começou ele, hesitante. — Eu não esperava vê-la aqui.

Cecília sorriu, um sorriso mais suave do que o habitual. Ela sentiu um impulso inusitado de ser honesta com ele, de não esconder mais suas intenções.

— Eu não deveria estar aqui... — disse ela, olhando para as mãos sujas de Henry, depois para o cavalo que ele estava acariciando. — Mas, na verdade, estou... procurando por algo. Talvez por uma resposta.

Henry a observou, os olhos brilhando com curiosidade, mas também com um toque de cautela.

— Respostas? — perguntou ele, ajeitando-se para olhar melhor para ela. — O que está acontecendo, Cecília?

Ela hesitou, mas a sinceridade nos olhos dele a fez continuar.

— Eu não sei... Como posso continuar a viver da maneira que minha mãe espera, quando eu sinto que há algo mais... Algo verdadeiro na vida? Como eu posso ser feliz sem sacrificar minha própria liberdade?

Henry deu um passo em direção a ela, e por um momento, o mundo pareceu parar.

— A felicidade... — começou ele, com uma suavidade nas palavras. — Não é sobre o que os outros esperam de nós, Cecília. É sobre encontrar um lugar onde possamos ser nós mesmos, sem medo de sermos julgados.

Cecília o olhou com mais intensidade agora. Algo nela se acendeu, e ela percebeu que as palavras de Henry refletiam exatamente o que ela sentia: a liberdade de ser quem ela realmente era. Não importa o que sua mãe ou a sociedade pensassem.

Além das SombrasWhere stories live. Discover now