✵O Início da Jornada✵

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2581 Palavras

O som dos cascos dos cavalos ecoava suavemente pelo caminho sinuoso que atravessava Mirkwood. A névoa densa da manhã envolvia as árvores antigas, ocultando os raios de sol que tentavam se infiltrar pelas copas. Legolas e Elenwen seguiam em silêncio, o ar úmido ao redor carregando a sensação de que estavam deixando para trás não apenas o reino, mas também a segurança que ele representava.

O trajeto escolhido era mais longo e isolado, seguindo o conselho de Gandalf para evitar a área da Floresta Sombria que se aproximava de Dol Guldur. Segundo o mago, aquele era o lugar onde o espírito debilitado de Sauron havia se refugiado após sua derrota, aguardando a chance de recuperar sua força e um novo corpo.

Gandalf havia decidido permanecer em Mirkwood por mais alguns dias, criando uma espécie de "cortina mágica" que ocultaria a partida de Elenwen. Isso lhes daria tempo suficiente para se afastar do alcance dos servos do Senhor do Escuro, que talvez tentassem segui-los.

Legolas, montado em seu cavalo branco, liderava o caminho com uma postura firme. Seus olhos azuis estavam atentos a cada movimento ao redor, e seus sentidos élficos captavam os menores sinais da floresta. Ele sabia que aquele trajeto seria mais seguro, mas a calmaria que os cercava era enganosa. A cada passo, ele avaliava os melhores pontos estratégicos para proteger Elenwen caso fossem surpreendidos.

Atrás dele, Elenwen seguia com seu cavalo negro, mas sua postura revelava um leve desconforto. O ar pesado da floresta parecia refletir sua própria inquietação. Não era apenas a falta de memória que a fazia manter uma barreira emocional entre ela e Legolas; era algo mais profundo, uma sensação vaga de que ele poderia machucá-la, de que ele já havia quebrado sua confiança antes.

Aquelas dúvidas a incomodavam. Por mais que sua mente não lhe oferecesse respostas concretas, algo em seu coração sussurrava que ela precisava ser cautelosa. No entanto, havia uma contradição que a irritava: a presença dele a fazia sentir-se segura. Mesmo que relutasse em admitir, a forma como ele parecia vigilante e preparado fazia com que ela se perguntasse se poderia baixar a guarda, ainda que só um pouco.

O primeiro dia de viagem foi mais difícil do que Elenwen imaginava. A floresta parecia maior, mais opressiva, do que quando a via de dentro do reino. O terreno acidentado exigia atenção a cada passo, e o ar úmido dificultava a respiração. Legolas parecia se mover com naturalidade, quase como se fosse uma extensão da própria floresta, enquanto Elenwen lutava para acompanhar seu ritmo.

Quando chegaram a um trecho mais íngreme, despediram-se dos cavalos. A trilha era estreita e traiçoeira demais para eles. Legolas se agachou, murmurando algo em élfico para seu cavalo, que respondeu com um leve movimento da cabeça antes de seguir outro caminho. Os cavalos de Mirkwood eram conhecidos por sua inteligência e por sua ligação especial com seus cavaleiros, uma relação construída em confiança mútua, não dominação.

- Eles nos encontrarão mais adiante - disse Legolas, voltando o olhar para Elenwen enquanto ela acariciava a crina de seu cavalo negro antes de soltá-lo.

- Espero que sim - respondeu ela, ajeitando a aljava nas costas e tentando parecer mais confiante do que realmente estava.

Conforme continuavam a pé, a trilha parecia se fechar cada vez mais ao redor deles. Raízes expostas e pedras soltas tornavam o avanço lento e cansativo. Elenwen tropeçou em uma raiz, quase perdendo o equilíbrio, mas conseguiu se segurar em uma árvore próxima.

- Você está bem? - Legolas perguntou, parando para esperá-la.

- Estou - respondeu rapidamente, tentando esconder a frustração.

Ele sorriu de lado, estendendo a mão para ajudá-la a se equilibrar. O gesto era simples, mas havia uma gentileza nele que a desarmou.

- Vamos ajustar o ritmo. Não há pressa hoje.

Sombra e Luz: O Destino de ElenwenOnde histórias criam vida. Descubra agora