𝘗𝘢𝘯𝘪𝘤 𝘙𝘰𝘰𝘮

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Lizzie acordou de repente, no meio da noite, com o coração disparado. O quarto estava escuro, mas a sensação de sufocamento era quase insuportável. Sua respiração estava descompassada, e o suor frio escorria pela sua testa. Era como se o peso de tudo estivesse esmagando seu peito.

Ela se sentou na cama, tentando respirar fundo, mas o ar parecia não chegar aos pulmões. Cada tentativa de acalmar a mente só piorava o desespero. Sentindo-se perdida, levantou-se rapidamente e foi até o banheiro. Abriu a torneira e deixou a água fria escorrer pelas mãos antes de passar no rosto, mas isso não ajudou.

"Respira, Lizzie. Só respira..." — ela sussurrou para si mesma, mas as palavras soavam vazias.

Decidiu entrar debaixo do chuveiro, deixando a água gelada escorrer por seu corpo na tentativa de apagar aquele estado de ansiedade que parecia tomar conta dela. Mas, mesmo assim, a sensação não passava. A cabeça estava um turbilhão.

Lizzie voltou para o quarto, pegou o notebook e abriu algum streaming para tentar se distrair. Escolheu uma série aleatória, mas não conseguia se concentrar em nada. As imagens na tela eram apenas um borrão. Frustrada, fechou o laptop com força e, num impulso, o jogou contra a parede.

O som do impacto ecoou no quarto, mas isso não foi suficiente para aliviar a pressão que sentia no peito. Ela pegou o celular e o arremessou na cama, andando de um lado para o outro no quarto, como uma fera enjaulada.

Toda aquela pressão estava sufocando-a: o torneio, as expectativas sobre ela, a faculdade que se aproximava, as cobranças que fazia a si mesma. Tudo parecia estar desmoronando, e ela se sentia sozinha naquele caos.

Seus olhos começaram a se encher de lágrimas, mas ela tentou resistir. Contudo, as memórias vieram como uma avalanche, e ela não conseguiu mais segurar.

As palavras da sua sensei, Julie, ecoaram na mente dela como um sussurro reconfortante:

"Querida, você se pressionar só vai te deixar cansada."

Lizzie sentiu o coração apertar. Julie sempre tinha uma abordagem mais suave, como se entendesse o peso que Lizzie carregava. Mas as palavras de Mike Barnes eram diferentes, mais diretas, porém igualmente verdadeiras.

Lembrou-se do dia em que, após errar um golpe durante o treino, ela perdeu a paciência e começou a descontar sua frustração no saco de pancadas. Barnes havia percebido o estado dela e interveio.

"Olha, garota, ser perfeita não vai te levar a lugar algum, só a estresse e problemas psicológicos."

Naquele dia, ele havia mostrado a forma correta de executar o golpe. Lizzie se obrigou a se concentrar, e, quando relaxou, acertou dois chutes perfeitos, um com a perna esquerda e outro com a direita.

Enquanto caminhava pelo quarto agora, se lembrou de outra coisa que Barnes havia dito naquele mesmo treino:

"Viu? Quando você é você mesma, ou como seus amigos te chamam, La Raposa, você aprimora seus golpes. Ser autêntica é o que te torna forte."

Essas lembranças não apagaram o que sentia, mas acenderam uma pequena chama dentro dela. Talvez ela estivesse se cobrando demais, tentando agradar a todos, tentando ser perfeita.

Com a respiração ainda irregular e as lágrimas correndo pelo rosto, Lizzie tomou uma decisão. Algo precisava mudar. Não podia continuar se deixando consumir por aquilo.

No dia seguinte, faria algo diferente. Algo que talvez pudesse mudar a forma como lidava com o que estava enfrentando. Não sabia exatamente o quê, mas estava determinada. Não era La Raposa por acaso, e era hora de redescobrir o que isso significava.

𝖬𝖸 FAVORITE 𝖫𝖠𝖱𝖴𝖲𝖲𝖮 - 𝗔𝗫𝗘𝗟  𝗞𝗢𝗩𝗔𝗖𝗘𝗩𝗜𝗖Onde histórias criam vida. Descubra agora