𝗖𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝗱𝗲𝘇: 𝘋𝘦 𝘮𝘢𝘭 𝘢 𝘱𝘪𝘰𝘳

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Rose Maeve

Essa noite dormi tão profundamente que nem mesmo aqueles diabinhos pareceram capazes de me incomodar. Era raro ter uma noite tão tranquila, mas infelizmente o alarme tocou cedo, me arrastando de volta para a realidade do trabalho.


Antes de sair, inclinei-me para beijar a testa do Mr. Crawling, que ainda dormia profundamente. Tentei não fazer barulho para não acordá-lo - ele parecia exausto. Curiosamente, ele sempre é o primeiro a levantar, mas hoje foi diferente.

Apesar da intensidade da noite anterior, me senti surpreendentemente tranquila e energizada no trabalho. Enquanto digitava algo no computador, um sorriso escapou dos meus lábios ao lembrar do que havia acontecido. Meu rosto esquentou instantaneamente, um rubor evidente tomando conta de mim.

- Você tá rindo sozinha ou isso é algum bug do sistema? - A voz grave de Jonathan ecoou atrás de mim, me pegando desprevenida. Eu me virei rapidamente na cadeira, sentindo meu rosto esquentar.

- E você tá me espionando agora? - Respondi, levantando uma sobrancelha enquanto tentava esconder o constrangimento.

- Não, só querendo saber o motivo desse sorriso. - Ele inclinou a cabeça, analisando cada detalhe do meu rosto. - Quer dizer, sou seu colega de trabalho há tempo suficiente pra eu saber que esse brilho aí não é só café.

- Talvez seja só o dia começando bem. - Tentei me esquivar, voltando os olhos para a tela do computador.

- Hmm. - Ele murmurou, claramente cético, mas não recuou. Pelo contrário, ele se inclinou ainda mais, invadindo meu espaço. - Ou talvez tenha a ver com quem te fez dormir sorrindo ontem à noite. Acertei?

Minha respiração falhou por um instante, e ele percebeu. Jon era insuportavelmente bom em me desconcertar.

- Você está muito interessado na minha vida, não acha? - Retruquei, sem olhar para ele, digitando qualquer coisa só para parecer ocupada.

- Difícil não me interessar. Sabe... eu tenho um fraco por mulheres misteriosas. - Ele respondeu, e a proximidade na voz dele fez meu coração acelerar.

- E eu tenho um fraco por homens que me deixam trabalhar em paz. - Respondi, virando-me para encará-lo com as sobrancelhas erguidas, tentando soar indiferente.

Ele riu, baixo, mas daquela forma que fazia a pele arrepiar.

- Tudo bem, eu vou deixar você em paz. Na verdade, só vim saber se você está melhor depois daquele dia. - Ele mencionou, claramente se referindo ao meu desmaio no escritório. Seus olhos me analisaram com cuidado antes de acrescentar: - Mas parece que está ótima, não é?

Ele deu alguns passos para trás, como se fosse embora, mas hesitou por um instante.

- O que acha de sairmos para jantar hoje à noite depois do trabalho, senhorita Maeve? - Ele parou na entrada do salão, encostado no batente.

Eu o encarei e abri um leve sorriso.

- Vou pensar nisso.

Sem dizer mais nada, ele se virou e saiu, um sorriso perverso brincando em seus lábios. Respirei fundo, tentando me recompor.

O dia passou rápido, quase como um piscar de olhos. Só percebi que meu expediente havia terminado quando minha barriga roncou de fome. Sem pensar muito, acabei aceitando o convite de Jonathan para jantar. Não vi maldade no gesto, apenas uma saída casual entre colegas de trabalho.

O jantar, em si, não teve nada de muito marcante. Jonathan contou algumas fofocas que me arrancaram risadas. Pedi um vinho e macarrão com molho, e ele, talvez por pura coincidência ou para me acompanhar, fez o mesmo pedido. Mas, ao contrário de mim, Jonathan parecia ter exagerado no álcool. A voz dele já estava arrastada, e os gestos, mais lentos.

Estava ficando tarde, e o cansaço começava a me vencer. Resolvi pedir a conta. Enquanto esperávamos, Jonathan apoiou o queixo na mão, me olhando de um jeito que eu preferia ignorar.

- Sabe, você tem esse jeito que me intriga... - ele murmurou, a voz baixa, quase confessional.

Revirei os olhos, desconversando. Era só o álcool falando por ele, eu espero.

- Jonathan, é melhor irmos antes que você comece a recitar poesia - brinquei, tentando aliviar o clima estranho.

A conta foi paga e o ajudei a se levantar. Ele insistiu que estava bem, mas tropeçou logo no primeiro passo para fora do restaurante. Sem opção, passei meu braço pelo dele para ajudá-lo.

Jonathan definitivamente não tinha condições de dirigir. Procurei a chave no bolso dele - com todo o cuidado para não parecer invasiva - e o coloquei no banco do passageiro. Me sentei ao volante e liguei o carro.

- Onde você mora, Jon?

Ele balbuciou algo ininteligível, misturado com uma risada abafada. Sem outra opção, decidi levá-lo para minha casa. Era irônico pensar que, dias atrás, fui eu quem estava na casa dele.

As ruas escuras estavam quase desertas, e o silêncio dentro do carro não era de todo ruim. Jonathan estava largado no banco ao lado, a cabeça pendendo de leve, olhos quase fechados.

- Só não vomite no carro, por favor - murmurei, mais para mim mesma. Claro, ele não respondeu.

Ao chegar em casa, estacionei e respirei fundo, antecipando o trabalho que seria arrastar aquele homem até o sofá. Com esforço, consegui tirá-lo do carro e levá-lo para dentro.

O apartamento estava uma bagunça, como sempre, mas não havia tempo para arrumar nada. O sofá parecia a melhor opção.

Quando abri a porta, Mr. Crawling, surgiu rastejando rapidamente até mim. Ele parou no meio do caminho, inclinando a cabeça com um olhar de descontentamento. Estava usando a coberta da minha cama como se fosse um vestido improvisado.

- Deixe ele dormir em paz, anjo. Prometa que não vai incomodá-lo, certo? - falei suavemente, passando a mão em seu cabelo e inclinando-me para beijar sua cabeça.

Ele ainda parecia relutante, franzindo o que eu interpretei como "sobrancelhas". Antes que pudesse reagir, ele abraçou minhas pernas com força, me derrubando de bunda no chão.

- O que é isso, Crawling?! - reclamei, confusa, enquanto ele subia em mim como uma criança carente.

O susto foi imediato quando um vaso voou pela sala, acertando o rosto dele. Crawling recuou, levando a mão ao rosto e começando a chorar.

Levantei a cabeça rápido, só para ver Jonathan vindo em minha direção, ainda meio trôpego, mas claramente tentando me ajudar

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Levantei a cabeça rápido, só para ver Jonathan vindo em minha direção, ainda meio trôpego, mas claramente tentando me ajudar. Ele estendeu a mão, me puxando do chão com certa dificuldade.

- Rose, você está bem? - perguntou, a voz preocupada e ainda embriagada.
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Continua.

Um aviso rápido: Infelizmente, a história está chegando ao fim. Restam apenas mais alguns capítulos para finalizar.

Não foi revisado.

Coração Marcado | 𝗛𝗼𝗺𝗶𝗰𝗶𝗽𝗵𝗲𝗿Onde histórias criam vida. Descubra agora