Em um desespero para salvar a mãe do câncer terminal, Rose encontra uma solução sombria em fóruns da internet: um pacto que oferece um ritual de sangue para curar a doença, mas a um preço horrível pra isso,ou não.
Conteúdo maduro.
Ainda meio atordoada, me apoiei no braço de Jonathan, tentando me levantar. Crawling estava encolhido no canto da sala, o choro baixo preenchendo o ambiente. Seu olhar oscilava entre mim e Jonathan, carregado de uma mistura de dor e raiva.
— Você tá maluco, Jon? Por que jogou o vaso nele?! — perguntei, irritada, me afastando do apoio dele para verificar Crawling.
Jonathan piscou algumas vezes, como se tentasse organizar os pensamentos. Ainda trôpego, gesticulou na direção de Crawling.
— Eu pensei… pensei que ele estava te machucando, Rose! — Ele tentou endireitar a postura, mas acabou cambaleando de novo.
Rolei os olhos, completamente descrente. Caminhei até Crawling, que agora parecia cheia de mágoa. Abaixei-me ao lado dele, estendendo a mão para tocar seu rosto, mas ele se afastou, como uma criança amuada.
— Crawling, ele só estava tentando… — pausei, escolhendo as palavras. — Proteger. Mas você sabe que eu não preciso disso, certo?
Ele apenas virou o rosto, sem responder. Soltei um suspiro pesado, sentindo o começo de uma dor de cabeça se formar.
Atrás de mim, Jonathan se aproximou de forma hesitante. Parecendo mais consciente, mas agora seus olhos estavam mais focados. Ele apontou para Crawling.
— Rose, quem… ou o que… é isso? — Sua voz soou mais baixa, quase um sussurro, carregada de curiosidade e um leve temor.
Crawling se ergueu lentamente, fixo em Jonathan como se avaliasse cada movimento. Antes que eu pudesse dizer algo, ele falou, a voz rouca e cheia de rancor.
O ar no ambiente pareceu se tornar mais denso. Jonathan franziu o cenho, claramente confuso e incomodado.
— O quê? O que ele disse? — Ele soltou uma risada nervosa, balançando a cabeça. — Olha, Rose, eu não sei o que está acontecendo aqui, mas... isso... — Ele apontou para Crawling de forma acusatória. — Essa coisa.. Isso não é normal.
Crawling segurou meu braço com força, como se tivesse se sentido ofendido com o que Jonathan havia dito.
— Ah, já chega, Jon! — falei, impaciente, minha voz ecoando pela casa. Olhei primeiro para Crawling, depois para Jonathan. — Você já causou o suficiente esta noite. Parece bem o bastante para dirigir, então é melhor ir embora.
Ele permaneceu em silêncio, mas o clima continuava pesado. Crawling ainda me fitava com uma expressão ferida, enquanto Jonathan parecia confuso, quase perdido.
— Crawling... — suavizei o tom, encarando-o com calma. — Vai pro quarto. Me dá um tempo, tá? Eu prometo que cuido de você.
Ele balançou a cabeça em negativa, recusando-se a soltar meu braço. Soltei um suspiro pesado, sentindo o cansaço me dominar.
— Mas, Rose... — Jonathan tentou, mas minha expressão de desdém e raiva o interrompeu antes que pudesse continuar.
— Jon, porta. Agora! Sai! — ordenei firme, minha voz carregada de exaustão e irritação.
Ele hesitou por um instante, os olhos buscando algo em mim, mas logo abaixou a cabeça e assentiu.
— Certo. Me desculpe.
Não respondi. Apenas observei, em silêncio, enquanto ele cruzava a porta e desaparecia na noite.
...
— Desculpa, Crawling, por favor. — Pedi, enquanto limpava o ferimento em seu rosto.
Ele continuava calado desde que Jonathan foi embora, o que só deixava o ambiente mais pesado. Seus olhos me encaravam sem expressão, frios e mortos, enquanto eu prendia sua franja para trás. Foi a primeira vez que vi seu olhos tão claramente. Havia algo perturbador neles: grandes, com pupilas dilatadas e cercados por olheiras profundas que mais pareciam maquiagem preta borrada.
Passei o algodão úmido sobre sua testa, que já não sangrava mais, removendo o restante do sangue seco.
— Olha, eu sei que a culpa foi minha, mas me punir com esse silêncio é tortura, sabia? — Tentei quebrar o gelo, minha voz soando mais cansada do que pretendia.
Ele permaneceu mudo, o rosto impassível. Suspirei, derrotada, aceitando que talvez precisasse de mais tempo para me perdoar. Decidi focar no que ainda podia fazer por ele. Depois de limpar a ferida, apliquei um pouco de pomada e enrolei uma bandagem em volta de sua cabeça. Não ficou perfeito, mas ao menos ajudaria no processo de cura.
Enquanto terminava, segurei suas mãos entre as minhas, buscando coragem para falar o que precisava. Inspirei fundo.
— Eu entendo se você não quiser me desculpar agora... Mas, por favor, acredite em mim: eu nunca planejei que isso acontecesse. Fui ingênua em achar que trazer aquele homem para cá era uma boa ideia. Ver você assim, magoado, sem falar comigo, me destrói por dentro. Não saber o que você está pensando só aumenta minha culpa. Eu... eu nunca vou cometer esse erro de novo. Porque agora você não é apenas um inquilino na minha casa. Você se tornou muito mais do que isso para mim. E, honestamente, eu não sei mais como seria minha vida sem você. Então, por favor, me perdoa.
Por um instante, achei que ele continuaria em silêncio, mas notei uma suavidade emergindo em sua expressão. Sem dizer nada, Crawling se inclinou para frente e descansou a cabeça contra o meu peito, passando os braços ao redor da minha cintura. Senti um nó na garganta se desfazer enquanto o abraçava de volta, apertando-o contra mim. Era um abraço confortante pra mim, quase desesperado, eu o esmagava contra meus braços. Logo ele se aconchegou com a cabeça em meu colo.
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Minhas mãos deslizaram pelas suas costas, e só então percebi algo. Ele ainda estava enrolado no meu cobertor, improvisado como uma espécie de vestido. Estranhando, deixei minhas mãos descerem mais, procurando algum tecido de roupa por baixo, mas não encontrei nada.
— Crawling... — Afastei-me um pouco, segurando seus ombros e o encarando, incrédula. — Você tá pelado ainda?!
Sua resposta foi uma risada baixa, zombeteira, que ecoou pelo quarto, como se ele finalmente tivesse decidido quebrar o silêncio. __________________________________________________
Continua.
Foto do Mr. Crawling tirada do Twitter. O nome da conta é @sanqie2
Esse capítulo não ficou tão elaborado, pois eu estava com poucas ideias sobre o que desenvolver aqui.